por Totó

A prova mais técnica, exigente e charmosa do stand-up paddle

Realizado anualmente desde 2011 na península de Búzios, litoral norte do Rio de Janeiro, o Rei de Búzios é a prova mais técnica e exigente do stand-up paddle race nacional. Também é a mais prestigiada e charmosa.

E agora,  pela 4a edição ininterrupta,  atinge o prestígio de prova mais tradicional do SUP race brasileiro.

Fruto de uma bem sucedida parceria entre a marca Art in Surf e o Búzios Vela Clube, agora com apoio oficial da prefeitura municipal -que planeja a inserção do evento no calendário da cidade-, a prova é uma reedição da tradicional regata de winsurfe, que ocorre desde 2002 apontando os velejadores mais rápidos em qualquer tipo de prancha a vela a percorrer os dois lados da península no trecho de aproximadamente 18km compreendido entre as praias de Geribá e Manguinhos. 

O primeiro Rei e Rainha de Búzios, no windsurf, foi formado por Wilhelm Schurmann e Valeria Matuck. Wilhem manteve o trono por 03 edições e entregou a coroa para  Ricardo ‘Bimba’ Winicki,  tri-campeão Panamericano e vencedor da última edição em 2013.  Detalhe, Bimba tem tres olimpíadas nas costas passando raspando da medalha e tem em Manguinhos sua raia de treinamento diário, é uma das esperanças brasileiras para os jogos em 2016.

No SUP Race, o primeiro casal real –literalmente- foi formado por Alessandro e Viviane Matero, marido e mulher que deram um show de habilidade, força e destreza, naquela que foi considerada a prova com as melhores condições de mar até hoje.

A regata de SUP de 14km larga na praia da Ferradura e chega em Manguinhos, no Buzios Vela Clube.

A saída da praia da Ferradura é a parte mais complicada da prova, os remadores saem de uma baia com águas calmas num trecho de aproximadamente 1,5 km, e caem direto numa condição super turbulenta com um balanço que parece não ter fim formado por fortes ondulações e ventos laterais de 20 a 25km que colocam em teste a habilidade e o sangue frio do mais experiente remador.

Esse trecho começa tradiconalmente duro e piora a medida em que a ondulação lateral se encontra com o paredão de pedras que vai surgindo no lado esquerdo originando uma segunda força (chamada de backwash): basicamente uma contra ondulação que bate nas pedras e volta se encontrando com a ondulação do mar, gerando um triangulo raivoso formado pelo encontro da força de ondas que se chocam de frente. Essa condição (agravada pelos ventos laterais) se mantém por cerca de 03 a 04km até o momento em que se atinge o quadrante mais favorável de vento e ondulação no sentido da Lage do Criminoso, a ponta mais exposta da península, famosa por naufrágios e por apresentar, constantemente, condições pouco amistosa aos navegantes.

Após a passagem pela Laje do Criminoso, nesse trecho literalmente se faz o contorno da península e as condições mudam novamente.

A partir daí encontra-se  mar liso e água transparente, porém o desafio passa a ser o vento, que se torna totalmente contrário por um trecho de cerca de 06 km até o final da prova, na baia de Manguinhos.

Ou seja,  pancadaria  começo, meio e fim.

O Rei de Búzios é uma prova única.  Reúne gente que normalmente passa longe das competições padrão. Traz a tona nomes menos conhecidos e que se tornaram especialistas nessas condições. Os troféus são produzidos artesanalmente ao longo do ano pelo artista plástico local Sergio Soares, o ‘Dido’ que utiliza a madeira de canoas condenadas como matéria prima de troféus e de uma série de objetos de arte de encher os olhos. Os remadores são guiados pelo Varuna, barco madrinha da prova, um veleiro catamarã de 50 pés que guia os remadores e demais barcos de apoio formando uma classuda e imponente proscissão marítima.

O fato da prova acontecer no formato de travessia, passando por cenários dignos de filme, contar com excelente apoio naútico e apresentar condições desafiadoras e -porque não?- divertidas, faz com que o Rei de Búzios seja a prova nacional que melhor expressa o feeling do stand-up paddle race, um esporte tido por muitos como estranho pelo fato de se fazer muita força em cima de uma embarcação, na prática, muito mais lenta do que as demais quando comparado a canoa havaiana, ao surfsky ou seus primos a vela.

Vinnicius Martins, jovem talento de 18 anos e local da península, é o bi-campeão da prova e atual detentor da coroa do Rei de Búzios. Tido também como exímio velejador, sem muita dificuldade deu seu parecer sobre o assunto na véspera da prova: ‘’se eu tivesse afim de velocidade, pura e simples, poderia velejar por aqui de wind ou kite, como sempre fiz. O mais legal aqui é remar em pé sobre a prancha, é isso que me motiva’’.  Vinnicius tem o dom e o sentimento afinados, treina forte nessas condições quase todos os dias e estava em sintonia para vencer uma dura batalha contra o remador santista Marinho Cavaco, que botou pressão e saiu bem na frente, mas não conseguiu impedir o ataque impiedoso de Vinicius, que partiu pra recuperação com frieza e determinação fazendo parecer fácil remar naquelas condições.

Um bom reinado que se preze também tem a sua Rainha, e quem deu um show a parte foi Lena Guimarães, local de Cabo Frio, que mostrou intimidade com as condições e deixou muito marmanjo bom de remada pra trás, Lena pela segunda vez consecutiva mantém a coroa em casa.

E para aqueles que aindam teimam em identificar o SUP como esporte da turma das antigas, Vinnicius tem 18 anos e o santista Marinho Cavaco, 26.  Porém, já não são mais garotos.

Na premiação o campeão deu de presente a passagem que ganhou para Califórnia para Marinho Cavaco, levando o público as lágrimas.  O Rei de Buzios está garantido para 2015.

Vai lá: veja os demais resultados aqui http://bit.ly/ArtInSurf

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