Liberdade Radical

por Luiz Alberto Mendes

 

Liberdade Radical

 

Estive pensando na radicalidade de nossa liberdade e conclui que nada nos salva disso. Por mais nos embrenhemos nas múltiplas possibilidades de fuga, continuamos a ser nós e o outro continua sendo o outro. Não há como nos perder de nós no outro ou em nada. Embora o consumismo que aumenta nossas necessidades de forma absurda. Mas sempre há, mesmo que lá no fundo indevassável, a consciência de ser, de estar, por mais tentemos nos enganar. Ao mesmo tempo em que não podemos deixar de aprender. Parece claro que viver é aprender. Mesmo quando pensamos que nada estamos aprendendo, estamos aprendendo a nada aprender. O que é um aprendizado gigantesco. Imaginem: parar de aprender. É parar de viver porque percebemos cada minúscula parcela da realidade que nos cerca. Cada vez que atentarmos para a mesma coisa ou pessoa, sempre algo novo a ser visto ou entendido. O mundo é surpresa. Às vezes é tanto que pensar pode nos levar a imaginar que a vida seja um absurdo e que estamos perdendo tempo em pensá-la. Buscamos clarezas e encontramos complexidades indevassáveis. Tudo esta bem além de nossa capacidade de concluir. Nada parece ter fim. Tudo continua de um fim para novos começo que, por sua vez, não terão fim e sim novos começos também. O tempo que estamos vivendo, é nossa vida a se desenrolar; é nossa história a se desenvolver. Desperdício de tempo é desperdício de vida. Embora tudo o que fizermos agora não vai ter importância alguma em um futuro distante. Mas também o futuro distante não tem importância nenhuma para nós. Não somos livres porque acreditamos que somos os autores de nossas escolhas. A liberdade é a capacidade de escolha e não escolher. Uma vez escolhido acaba a liberdade porque tudo o que escolhemos nos prende ao escolhido. Talvez liberdade seja cogitar, cotejar valores, importâncias e só exista no campo teórico. A prática prende; nos algema ao que fazemos. Na verdade, são invisíveis as grades de viver e nós somos nômades, viajantes da vida, sementes de vida que germinam:

Sabir Masil, carrasco paquistanês oficial, responsável por mais de 200 execuções, afirma não sentir nada ao executar pessoas na forca, a não ser a satisfação do dever cumprido. É tradição de sua família ser carrasco do Estado, desde a dominação britânica. O pai o ensinou a fazer o nó e colocá-lo logo abaixo da orelha esquerda do condenado à morte. O seu avô ensinou seu pai e o bisavô ensinou ao avô. Ele ensinará a seu filho com a maior tranquilidade do mundo. É normal para ele, uma profissão como qualquer outra.

Estaremos diante de uma liberdade radical nesse caso?

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Luiz Mendes

14/10/2015.  

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