A Batalhas da Internet

por Luiz Alberto Mendes

Abaixo-assinados

 

Sem perceber, fui me encaminhando nas lutas políticas travadas no Facebook. Quando dei por mim, estava tão envolvido que já não dava mais para parar. Estava dentro. Comecei na batalha da Lei das Fichas Limpas. Fui um dos dois milhões de peticionários que assinaram o abaixo-assinado e compartilhei informações sempre que pude. Depois assinei petição, junto com um milhão e sessentas mil pessoas, contra a eleição de Renan Calheiros para presidente dos Senado.

Até agora já somos mais de quinhentos mil assinantes do manifesto que exige a destituição do pastor Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Queremos saber que acordos poderosos são esses que mantêm o referido demagogo nessa presidência, acima da vontade do povo. Não é a voz do povo que decide em uma democracia? Afinal, isso aqui é democracia ou brincadeira?

A mim antes parecia uma participação política menor, medrosa, um ativismo acomodado (se isso é possível) que enfraquecia outras formas de protestos às quais estou mais acostumado. E era pontual, somente para os casos que parecem mais graves.

Há escândalos gritantes que não receberam o mesmo tratamento. O absurdo caso do senador Blairo Maggi, por exemplo, apelidado de "motosserra de ouro" pelo desmatamento que promoveu, ser colocado à frente da Comissão do Senado sobre o Meio-ambiente. O deputado Gabriel Chalita que recente foi acusado de desvios de recursos quando esteve à frente da Secretaria da Educação de São Paulo, colocado como presidente da Comissão de Educação na Câmara. João Magalhães vai comandar a Comissão de Finanças e Tributação e é alvo de três inquéritos por peculato, tráfico de influência e crime contra o sistema financeiro no Supremo Tribunal, esta com suas contas bloqueadas e foi citado no famoso escândalo da máfia das ambulância. Os Deputados José Genoíno e João Paulo Cunha, já condenados (não discuto se justo ou injusto: estão condenados, é fato), vão integrar a Comissão de Constituição e Justiça. E tem outros que jamais poderiam estar onde estão se houvesse um mínimo de moral no parlamento. A degradação é evidente; eles vivem lógicas opostas a quem os colocou lá e desprezam a opinião publica.

Apesar de parecer que só se esta atingindo casos pontuais, hoje já penso diferente. Embora o senador Renan Calheiros ainda se encontre na presidência do Senado apesar de mais de milhão e meio de assinaturas contra, e o tal Marco Feliciano (com passeatas e protestos contra em 10 cidades do país) continue chefiando a CDH na Câmara, surgiu discussão. Pessoas indignadas comentando apaixonadamente no Face e em todas as redes sociais da Internet, sobre os fatos. E isso é quase tudo o que precisamos: discutir as coisas e não aceitá-las como algo que não pode ser mudado. Tudo pode e deve ser mudado. Mudança é a própria essência da vida. Vivemos sobre uma ponte. Não se fixa moradia em uma ponte.

Não fez o efeito esperado até agora, mas fez a diferença. Trouxe o debate novamente para o cenário nacional. O efeito se sentirá na medida em que mais pessoas forem se integrando às redes sociais. Hoje apenas 30% do país esta conectada à internet. Não tem dado muito certo ainda, mas o nosso recado é: Nem todos estão de chapéu atolado até o pescoço. Cuidado! Meus parabéns a todos internautas participantes: ninguém calou e todos mostramos a cara.

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Luiz Mendes

17/03/2013.

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