por Redação

Campanha visa construir escola na Libéria, África, e levar energia, saneamento e água para mais de 2 mil pessoas

Se uma das ideias predominantes na atualidade é a do “pensamento global, ação local”, o jornalista brasileiro Vinícius Zanotti, de 27 anos, pensa um pouco diferente. Ele quer, através do projeto Escola de Bambu, construir uma escola na comunidade de Fendell, na Libéria, onde cerca de 300 crianças são educadas em péssimas condições. Com tanta miséria no Brasil, por que uma ação dessa na África? “Porque solidariedade não enxerga fronteira”, pondera. 

Na construção do edifício serão usadas técnicas de arquitetura baseadas no uso do bambu e da terra, materiais de fácil acesso e baixo custo, já utilizados no cotidiano dos liberianos. O projeto Escola de Bambu busca, também, promover o acesso ao saneamento básico e à energia elétrica por meio de métodos de fácil aprendizado, cuja tecnologia será repassada a comunidade local e aos jovens universitários.

Num dos países mais miseravéis do mundo, devastado por 14 anos de guerra civil, em que não existem semáforos em funcionamento, asfalto nas ruas, transporte público e tantos outros benefícios existentes no lado ocidental do mundo, não parece tarefa fácil. “A maior dificuldade mesmo é conseguir a verba necessária para concretizar o projeto. Já falamos com o governo liberiano, com o governo brasileiro, com empresas, pessoas, emissoras de rádio e televisão, artistas renomados, políticos, escolas, universidades, sindicatos e lojas. Temos mais de 5.700 likes no Facebook, mas ainda estamos longe de atingirmos nosso objetivo”.

Objetivo que começou a ser traçado em 2010, após Vinícius contrair malária numa viagem pelo país e ter que alongar sua estadia. Enquanto se recuperava da enfemermidade, conheceu uma das pessoas mais incríveis que já passaram pela sua vida: Sabato Neufville, de 34 anos na época, que havia adotado sozinho nove crianças orfãs da guerra, e é o principal organizador do United Youth Movement Against Violence, cuja finalidade é educar adolescentes liberianos e evitar que virem estatística nos elevados índices de violência infantil que ainda atormentam o país. Quando percebeu que as crianças de Fendell não estavam indo para a escola devido a distância, Sabato resolveu construir um prédio com bambus enfileirados para atender 300 crianças e pagar 16 professores.

“O que mais me impressionou foi ver como uma pessoa que recebe 800 dólares por mês para trabalhar como prestador de serviços na missão da ONU consegue, além de alimentar e estudar os nove filhos adotados, financiar atividades de teatro, dança e música em três diferentes comunidades”, conta Vinícius. Sabato, então, lhe apresentou a escola onde os professores recebem apenas 20 doláres de salário, sendo que o mínimo no país é de 40 dólares mensais, mas sabem que se deixarem a comunidade aquelas crianças dificilmente terão outra chance de estudar e correrão grande risco de serem cooptadas pelas guerrilhas a voltar aos campos de batalha num eventual conflito. 

"O que mais me impressionou foi ver como uma pessoa que recebe 800 dólares por mês consegue, além de alimentar e estudar os nove filhos adotados, financiar atividades de teatro, dança e música em três diferentes comunidades"

Vinícius, diante da situação, decidiu gravar um documentário, Escola de Bambu, e depois de concluído o vídeo reuniu contatos para organizar o projeto de construção de uma escola com condições mínimas para um ensino adequado. Hoje são mais de 30 profissionais brasileiros atuando como voluntários multidisciplinares com a intenção de levar um pouco de esperança e desenvolvimento para o povo de Fendell.

“Acredito que a educação seja o principal meio transformador ainda mais em um continente esquecido. Lá conheci um jovem de 21 anos que me perguntou: 'Quantas horas de energia existe por dia no Brasil?'. O nível de conhecimento deles para com o mundo é muito baixo. E apenas com a educação os liberianos vão conseguir se desenvolver e crescer por eles mesmos", conclui.

Instituições, empresas e pessoas podem ajudar fazendo doações ou comprando o documentário em DVD e outros produtos.

 

Saiba mais no site do projeto: http://escoladebambu.com 

 

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