A era do feminino

por Daniela Klaiman

A futurista Daniela Klaiman explica por que valores femininos estão substituindo os masculinos

Estamos passando por uma mudança enorme de mentalidade, em que deixamos de olhar o mundo de uma forma racional para encará-lo de uma maneira emocional.

Mas de onde vem essa racionalidade? Na Pré-História, o homem tinha que lutar para sobreviver e a força física era muito importante. Se tinha fome, matava o animal e comia; se tinha frio, tirava a pele do bicho e se cobria. E assim sobrevivia. Desde então, ficou institucionalizado que o gênero masculino é superior, já que ele costuma ter mais força. Acreditamos nisso até aqui. Essa racionalidade e força física construíram o mundo como conhecemos hoje, entre batalhas e guerras.

Mas elas também provocaram muitas dores. Nunca houve um número tão alto de suicídios, nunca vimos tantas pessoas com ansiedade, síndrome do pânico e depressão como agora.

Para curarmos essas feridas da sociedade, estamos entrando na era do emocional, na qual os valores femininos estão substituindo os masculinos. É por isso que estamos falando tanto de empatia e de gentileza, de ioga, mindfulness e meditação, de comida saudável... Tudo isso vem do nosso lado feminino, que não tem nada a ver com ser mulher, mas com valores emocionais, muito diferentes daqueles que vemos nos homens, racionais.  

E assim o mundo embarca na Era do Feminino, em que começamos a entrar em um momento de expansão de consciência, a qual nunca tivemos antes.

Quais gerações anteriores podiam se perguntar se gostavam do trabalho que faziam? Não se parava para pensar sobre “o que vai me fazer feliz?”. São coisas que estamos nos permitindo pela primeira vez.

É interessante ver também como as drogas estão sendo ressignificadas. Se antes elas tinham a ver com diversão ou fuga da realidade, agora são usadas como instrumento de autoconhecimento. Você pode passar um fim de semana tomando ayahuasca e descobrir algo novo da vida, quem é, se expandir. As drogas sintéticas estão sendo empregadas de uma maneira diferente: o LSD é a favorita dos empreendedores, dos donos de empresas e dos criativos do Vale do Silício. Em microdoses, a droga não te deixa viajar, mas aciona áreas do cérebro que impulsionam a criatividade e produtividade.  

 

Na natureza selvagem

Além disso, começamos uma reaproximação com a natureza. É possível trabalhar conectado, com seu computador, de qualquer lugar; não é preciso mais morar em uma grande cidade. Comunidades estão se formando fora delas, como em Piracanga, na Península de Maraú (Bahia). Também estamos trazendo a natureza para perto. Já reparou no turbilhão de lojas de botânica e de plantas que estão surgindo? Tudo isso tem a ver com o feminino.

Hoje falamos para os nossos filhos homens que eles podem usar rosa, que podem chorar e que também merecem a licença-paternidade. E os líderes são substituídos por mentores, em uma relação mútua e mais saudável.

Estamos deixando o masculino com todas as suas características – racionalidade, pragmatismo, força física – como gênero preponderante e entrando em uma fase que será regida por energias femininas. Isso será muito mais positivo e vai gerar uma conexão maior com a natureza, com os nossos sentimentos, com a nossa saúde, com o nosso corpo, com a nossa mente e alma. E estamos começando a ver tudo isso acontecendo na sociedade.

O que você está sentindo agora?

Créditos

Imagem principal: Pablo Saborido

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