Revolução nos táxis

por Ronaldo Lemos
Trip #215

Lemos: ”Começam a decolar no Brasil aplicativos que permitem chamar táxi por smartphone”

Começam a decolar no Brasil aplicativos que permitem chamar táxi por smartphone. Com isso, desaparecem as centrais teletônicas e as máfias das cooperativas e a relação pasas a ser direta entre motoristas e passageiros

Se você usa táxi (ou se dirige um) prepare-se: esse é um campo de trabalho que vai mudar radicalmente. Tudo por causa da tecnologia. Começa a decolar no Brasil a primeira geração de aplicativos que permitem chamar um táxi pelo smartphone. Isso muda completamente a regra do jogo, tanto para passageiros quanto para motoristas. Para quem não experimentou, são muitas as opções. Por exemplo, no Rio há o TaxiBeat e, em São Paulo, há o 99Táxis, cada um com um tipo diferente de serviço.

A primeira coisa que desaparece são as centrais telefônicas de táxi. As atendentes mal-humoradas ficaram obsoletas. O intermediário sai de cena e a relação passa a ser diretamente entre motoristas e usuários. Ao abrir o aplicativo dá para visualizar todos os táxis que estão por perto, com distância exata, modelo do carro, se tem ar-condicionado e até mesmo a foto do motorista. Além disso, o usuário dá uma nota no final da viagem. Com isso, cada táxi tem a qualidade do serviço monitorada pelos próprios passageiros.

É interessante ver os motoristas se esforçando para agradar o cliente, na expectativade ganhar uma boa nota. Para  o passageiro as vantagens não acabam aí. Ele acompanha pelo celular a localização exata do táxi indo em direção a ele. Quando embarca, o aplicativo continua registrando o itinerário, o que é bom também em termos de segurança. E, no desembarque, indica que a viagem terminou e atribui sua nota ao serviço.

Do ponto de vista econômico, a novidade aumenta muito a eficiência do serviço de táxi na cidade. Por exemplo, ajuda a alocar passageiros para carros que estão vazios. E incentiva uma distribuição mais racional dos veículos, que passam a fugir de áreas com concentração elevada de outros carros, espalhando-se pela cidade.

"Boneco" no controle
Conversando com os motoristas, por enquanto é uma alegria só. Dizem que estão se livrando das “máfias” das cooperativas. E que o impacto é tão grande que muitos motoristas estão vendendo sua vinculação a pontos de táxi para viver desse tipo de chamada.

Para se inscrever, o motorista precisa levar cópia da sua licença para a empresa responsável pelo aplicativo e baixar a versão específica para motorista. Isso ajuda a evitar que malucos comecem a querer virar táxistas sem a licença exigida.

Um problema é que, se o serviço bombar para valer, tanta eficiência pode fazer com que fique difícil tentar pegar um táxi na rua sem a ajuda de um smartphone. Outra questão é a responsabilidade da própria empresa que faz o aplicativo com relação ao serviço prestado. No Brasil, por conta do Código de Defesa do Consumidor, no caso de problemas com o táxi, há a visão de que ela também seja responsável.

Esse é um exemplo que mostra como a inovação tecnológica pode mudar completamente um campo de trabalho. Dá até um gostinho especial ao lembrar que, no Rio, muitos taxistas chamam os passageiros entre eles de “bonecos”. Só que agora os “bonecos” estão no controle.

*Ronaldo Lemos, 36, é diretor do Centro de Tecnologia da FGV-RJ e fundador do site www.overmundo.com.br. Seu e-mail é rlemos@trip.com.br

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