Costurando o Futuro, construindo um futuro para a sustentabilidade

por Redação

 

Em 2009, a Fundação Volkswagen recebeu um desafio, que acabou se tornando uma grande oportunidade: verificar um novo destino para os uniformes utilizados por seus empregados na fabricação de automóveis. Antes enviados para descarte adequado a aterros, os uniformes se tornariam parte fundamental de um programa que alia os três pilares da sustentabilidade: o ambiental, social e econômico. Nasceu assim o projeto Costurando o Futuro, desenvolvido em parceria com as prefeituras de São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Pinhais (PR).

O programa oferece formação em corte, costura e empreendedorismo a moradores de comunidades de baixa renda no entorno das fábricas da Volkswagen do Brasil.

Com vistas ao desenvolvimento social, com geração de oportunidades de trabalho e redes de negócios, a Fundação Volkswagen doa uniformes usados por funcionários, amostras de tecido automotivo utilizado em bancos, por exemplo, e até cintos de segurança para que sejam transformados em novos produtos, como nécessaires, bolsas, aventais, lixeiras para carros, entre outros. Com a matéria-prima, as participantes aprendem um novo ofício e a gerar renda, reduzindo, ao mesmo tempo, o impacto ambiental do descarte dos materiais.

O programa teve início em maio de 2009, com um primeiro grupo de 40 pessoas em situação de fragilidade social na comunidade DER, em São Bernardo do Campo, que participaram de um trabalho de aperfeiçoamento técnico no ofício da costura, além de acompanhamento psicológico e aulas de empreendedorismo. Em 2010, mais 120 pessoas foram capacitadas pelo primeiro grupo na oficina-escola. Muitas já estão no mercado de trabalho.

Atualmente seis integrantes da primeira turma de participantes do programa formaram a Tecoste e trabalham na oficina de costura montada na SEDESC, Secretaria de Desenvolvimento Social de São Bernardo do Campo, onde já criaram três linhas de produtos, com mais de 70 itens, como mochilas, lixeiras para carro, estojos, entre outros. Até hoje, 49 toneladas de tecido foram reutilizadas no projeto.

"Após mobilização dessas mulheres e formação técnica na primeira fase do projeto, atualmente elas atuam como micro empreendedoras individuais e já começam a estruturar redes de grupos produtivos para escoar a produção”, diz Keli Smaniotti, diretora da Fundação Volkswagen.

Em São José dos Pinhais 45 mulheres das comunidades de São Judas Tadeu, Ipê e Guatupê receberam formação técnica em corte e costura, entre 2012 e 2013. Atualmente, um grupo de 30 mulheres participa do projeto para criação de grupos produtivos, com foco em reutilização de materiais e empoderamento nas áreas de gestão e comportamento empreendedor, viabilizando acesso ao conhecimento, investimentos, visibilidade e mercados.

O processo de confecção das peças começa quando os uniformes usados pelos funcionários da Volkswagen são trocados na fábrica por novos. Os uniformes são encaminhados para uma triagem, e após serem lavados, vão para as sedes do Costurando o Futuro em São Bernardo do Campo e São José dos Pinhais. Lá, o tecido é separado entre golas, mangas, costas, entre outras partes, e tem início o trabalho de corte e costura das peças.

O trabalho envolve ainda uma gestão administrativa de compras, gestão de estoque, confecção e vendas, tudo feito pela própria equipe. As empreendedoras se envolvem em todas as etapas da produção, como controle de estoque, de pessoal, concepção e venda de produtos e distribuição do lucro.

Participante do primeiro grupo de formação, Lusinete de Souza Almeida, 56 anos, tornou-se microempreendedora individual. Ela, que sempre trabalhou, estava sem conseguir emprego havia dois anos, por conta da idade. Ao entrar no Costurando o Futuro, aprendeu a costurar, vender, e hoje é a responsável pela área administrativa do grupo de confecção Tecoste, formado em São Bernardo do Campo. "Não tive muita intimidade com a máquina de costura, mas me encontrei no controle dos pedidos, das finanças. Consigo agora ter a minha independência, com um dinheiro que ajuda com as despesas em casa", comemora.

A Tecoste, que significa tecido, costura e arte, tem como cliente a própria Volkswagen, que já chegou a utilizar o nécessaire desenvolvido pelo grupo como brinde no Salão do Automóvel, entre outros eventos. Atualmente, as integrantes estão desenvolvendo produtos estilizados para atender a demanda do mercado atento e exigente a novas tendências. O grupo se prepara para aumentar a escala de produção com a formalização do empreendimento social, que será gerido pelas próprias costureiras, além do modelista e cortador Dirceu Tena.

Em São José dos Pinhais, as costureiras participam de feiras e eventos para escoar a produção, além de trabalhos que realizam em casa para complementar a renda individual.

Costurando o Futuro é um dos três projetos que compõem o pilar de Desenvolvimento Social da Fundação Volkswagen. São eles: VW na Comunidade, um concurso entre funcionários da Volkswagen para a indicação de projetos para obtenção de apoio da empresa; e o apoio ao Instituto Baccarelli, responsável pela Orquestra Sinfônica Heliópolis, formada por jovens da comunidade. Em 2009, com menos de um ano de existência, o Costurando o Futuro foi premiado com o POP – Prêmio Nacional de Opinião Pública – pela sua capacidade de transformação social.


Sobre a Fundação Volkswagen

Ao longo dos mais de 34 anos de existência, a Fundação Volkswagen é responsável pelo investimento social da empresa no País, por meio de projetos com foco em educação e desenvolvimento social. Tem como objetivo promover a qualidade de vida das pessoas nas comunidades de baixa renda e melhoria na qualidade da educação pública. A estratégia de atuação baseia-se no desenvolvimento de um trabalho articulado em rede, por meio de parcerias entre os setores públicos, privados e a sociedade civil organizada (Organizações não-governamentais – ONGs), para, conjuntamente, implementar projetos que influenciem políticas públicas e que sejam sustentáveis a longo prazo.

A Fundação Volkswagen, por meio de seus projetos educacionais, já beneficiou na última década, até o fechamento de 2013, 1.325.224 alunos em todo Brasil e ofereceu formação continuada a 15.993 educadores da rede pública de ensino de 386 cidades. No período, 1.976 escolas e instituições foram beneficiadas. Os projetos de educação também apresentam resultados expressivos na frequência de participação de alunos em aulas e na melhoria do desempenho escolar.

 

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