O folk-erudito de Tim Bernardes
O vocalista de O Terno lança melancólico disco solo em que reflete sobre seu próprio amadurecimento
Tim Bernardes, vocalista de O Terno, sobe dia 6 de outubro no palco do Auditório Ibirapuera para lançar “Recomeçar”, seu primeiro álbum solo. Desde do ano passado, Tim vem criando coragem para mostrar um novo estilo, perceptível em letras e arranjos. O líder do power-trio, que se define como rocknroll-pop-experimental-paulista, e faz sucesso com público jovem e hipster, está transitando para um estilo “folk-erudito”, como definem os fãs.
No novo projeto, Tim apostou no tom melancólico. Um exemplo é “Não”, relato sobre um relacionamento que nunca aconteceu. O cantor e compositor oferece um olhar vago para as temáticas que tendem à vida pessoal. O álbum fala do fim de um relacionamento, situação que Tim viveu de fato durante o processo.
“A música é um jeito de lidar com a fossa”, diz Tim. Para Arthur Decloedt, amigo e compositor, Tim possui doses de romantismo que não cabem apenas n’O Terno. “Ele é um roqueiro, mas ao mesmo tempo não é, é um romântico à moda antiga”, conta.
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“Tim compõe em larga escala, mas nem todas essas músicas eram d’O Terno. E ele sempre teve vontade de gravar essas canções antes que ficassem desatualizadas. É um ano importante de consolidação, de se afirmar como compositor”, analisa Gabriel Basile, baterista da O Terno.
O lançamento do disco solo coincide com uma certa arrumação de malas: ele está saindo da casa dos pais. Martim Bernardes Pereira, o Tim, é filho do músico Maurício Pereira que, junto com André Abujamra, criou Os Mulheres Negras, grupo alternativo de destaque nos anos 80/90. Nascido em 18 de junho de 1991, exatas 24 horas após o último show d’Os Mulheres, Tim vivenciou uma fase de muita inconstância financeira da família, que viria a estabilizar-se somente com os trabalhos de Maurício dentro da publicidade.
“Eu me preocupo com ele”, revela Maurício. “A vida é um negócio duro. É como se ele fosse um jogador de futebol, um cara do toque refinado, num mundo que é mais cavalão, grosseiro. Eu não sou muito de dar dica, mas a que eu dou é ‘guarda uma grana’, ‘arruma uma casa’. Sou neto de contador, bem ‘portuga’, precisamos ter feijão no fim do mês.”
Créditos
Imagem principal: Fabio Politi/Divulgação