A leitura nos transporta para espaços além dos imaginados e possíveis. Como seria se assim fosse; o que nunca poderia ter acontecido; ou o que era para ocorrer e não ocorreu; e diversas outras hipóteses ou alternativas para os fatos existenciais e mesmo os independentes da existência. Pelo que sei, nenhum escritor nasceu escritor. Os escritores foram se formando escrevendo constantemente e refletindo sobre o que escreviam. Eu, de minha parte, metido a escritor que sou, escrevo sempre na primeira pessoa. Escrevo a partir de mim mesmo porque até agora essa se provou a melhor forma de expressar o que penso e o que sinto. Também, de onde mais poderia partir senão de mim? Sou o tema que conheço com mais profundidade. Bernard Shaw dizia que todo escritor só escreve a partir de si. Não conheço ninguém vivo ou inventado a quem conheça mais do que a mim mesmo, por mais desinteressante pareça. É claro, em relação ao que há saber sobre mim, sei muito pouco. Ou mesmo quase nada. Mas mesmo sabendo tão pouco, quase nada, ainda assim, ninguém sabe mais de mim do que eu mesmo. Embora o espaço possa ser imaginado ou tornado possível através da literatura, precisa da base de quem escreve para se tornar literatura.
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