Revolução habitacional
Empresa social criada em 2013, o Programa Vivenda oferece uma solução para melhorar as condições de moradia da população de baixa renda
O Programa Vivenda vende serviços de reforma, um cômodo de cada vez, em obras de baixa complexidade e alto impacto social. O foco principal é abrir janelas, impermeabilizar e revestir pisos e paredes, e reformar banheiros. Conversamos com Fernando Assad, um dos sócios da empresa, para entender mais sobre o negócio social.
Como é empreender na área de construção para o morador da favela? Uma história em especial me marcou: no dia seguinte após a primeira reforma que fizemos, um banheiro, fomos à casa da moradora saber como tinha sido. Quando chegamos à casa, ela estava varrendo a viela em frente, o que nunca a havíamos visto fazer. Perguntamos e ela prontamente respondeu: “Agora que meu banheiro está limpinho, você acha que vou deixar alguém pisar aqui nesse chão sujo para depois ir sujar lá em casa?”. Ali vimos que, quando fazemos uma reforma, não mudamos só a casa, mas a relação da cliente com a casa, da cliente consigo mesma, com a vizinhança, com o espaço público. A reforma habitacional tem um potencial imenso de ser uma plataforma para o desenvolvimento da comunidade como um todo.
Como surgiu a ideia de criar um negócio social? Os sócios já tinham experiências anteriores com processos de urbanização de favelas. A grande questão que incomodava era o foco específico dessas iniciativas na construção de novas moradias. Precisávamos criar uma iniciativa tão abrangente quanto o Minha Casa, Minha Vida, mas que trabalhasse com três abordagens pouco exploradas por esse programa público: a questão da melhoria habitacional, e não da construção de novas casas, o foco na faixa de renda mais baixa da população [as famílias com renda entre 0 e 1,5 salário mínimo, em parceria com o Instituto Azzi, ganham subsídios de cerca de 70%], e a lógica da permanência no território, e não da gentrificação.
O que vocês planejam para o futuro da empresa? Nosso objetivo para 2016 é ganhar mais eficiência e finalizar os ajustes operacionais, para a partir de 2017 dar início à fase de expansão. Queremos ter um escritório em cada favela do país, contribuindo para que todo brasileiro possa ter uma moradia mais digna para viver.