Precisando de uma mão?

Nesta edição da Trip, nos dedicamos a fechar a lente nas nossas mãos. E, através delas, a tentar entender um pouco este mundo

por Paulo Lima em

Qualquer olhada rápida nos manuais de ciências humanas nos levará diretamente ao papel protagonista das mãos entre as múltiplas tentativas de definir o que nos diferencia dos outros animais e, mais ainda, a quando teria se dado essa diferenciação. Tudo parece estar mais ligado a um processo do que a um momento definitivo de mudança. E há, evidentemente, dezenas ou centenas de escolas, ângulos e abordagens para essa questão.

De toda a maneira, quem pender para os aspectos mais científicos/fisiológicos encontrará no polegar em pinça uma das características mais marcantes que permitiram aos homens, em contraste com seus primos e antepassados símios, a utilização muito mais eficaz das mãos como ferramentas capazes de transformar a natureza e interferir conscientemente no mundo, algo que muito tempo depois passou a ser designado como trabalho.

Na mesma linha, é fundamental considerar o momento em que o homem consegue adotar a postura ereta como um trecho marcante na evolução. Diferentemente dos outros mamíferos, quando conseguimos nos locomover apenas com os membros inferiores, liberamos nossas mãos para muitas atividades, inclusive a de fabricar outras ferramentas para facilitar a vida e explorar outras possibilidades que nossas capacidades físicas e cerebrais nos permitiam. É lícito dizer que começava ali não só nossa produção de cultura, mas também a tal revolução tecnológica que muitos associam equivocadamente às apresentações de Steve Jobs, com suas camisetas pretas de gola rulê...

Mas deixando de lado a antropologia de botequim, basta estar vivo para perceber o quanto essas nossas terminações, constituídas por estruturas de ossos, nervos, veias, tendões e músculos, das mais sofisticadas entre todas que carregamos em nossas carcaças, são determinantes para que sejamos aquilo que somos.

Nesta edição da Trip, nos dedicamos a fechar a lente nas nossas mãos. E, através delas, a tentar entender um pouco este mundo, que, perdoem o trocadilho, está urgentemente precisando de uma mão...

Créditos

Imagem principal: José Luiz Pistelli

Arquivado em: Trip / Corpo / Comportamento / Ciência / Editorial