O que a gente não faz por amor...
A Batalha das Compras do Natal
Ontem fui viver ao vivo a incrível experiência de fazer compras de Natal na cidade. E, como não podia deixar de ser, ir à rua 25 de março. Aquele é o coração aberto de São Paulo. 25 de março se tornou conceito que simplesmente significa um dos maiores centros de compras do mundo.
A cidade esta inchada de gente. Milhões de pessoas circulam, parece um Shopping Center ao ar livre. Uma coisa ficou melhor: essas pessoas não estão com pressa. Andam lentamente, apreciando vitrine por vitrine. Mas também tem espaços na cidade que se não for de loja em loja vasculhando vitrines, você perdeu as maiores manifestações artísticas que se tem notícia. O Bom Retiro é assim o ano todo, mas no Natal os artistas que preparam as vitrines das lojas se esmeram. Um parece querer superar o outro. Todas as vitrines do Bom Retiro são lindíssimas e maravilhosas.
Logo em frente, temos no bairro da Luz a famosa rua das noivas. Que bonito aquilo... Dá a maior vontade de casar! Eu me vi naqueles smokings cinza chumbo e, eu que sou feio, fiquei bonito. As noivas então, nem se fala; os manequins parecem flutuar em enormes nuvens de tecidos brilhantes. Enfeites criativos, singulares, cores combinantes, cambiantes e dégradés do maior bom gosto.
A Galeria Pagé ontem parecia arfar de tanta gente subindo e descendo. Os enormes ventiladores do teto espargiam chuva fina de gelo seco e muitos paravam a sorver daquela refrescância. O alívio dos rostos era comovente. Muita gente produzindo muito calor. As pessoas haviam tirado o dia para a batalha das compras na cidade. Seus rostos estavam suados, brilhantes e esgotados. Nas mãos, trocentas sacolas cortando os dedos com milhões de opções de conteúdo. Desde o DVD pirata a sofisticados jogos eletrônicos contrabandeados.
Essa gente sofreu... É uma guerra enorme. Para estacionar o carro (a pé não dá para levar a sacolada) ou para pegar um taxi. Nem no aeroporto se vê aquelas filas enormes para pegar taxi. Fila para tudo: para entrar nas lojas, conseguir comprar, pagar, retirar a compra embrulhada e conseguir sair das lojas. Depois a maior batalha para encontrar lugar na fila para poder se alimentar (a maioria come de pé ou até andando.). Para usar o sanitário então, é uma loucura. Mormente os banheiros femininos. Elas, indubitavelmente, usam mais, não sei bem por que. Formam filas enormes e ficam pulando duma perna na outra na espera ansiosa.
Tirar dinheiro no caixa eletrônico se tornou aventura tão demorada que não se vê mais falar de seqüestro-relâmpado. O seqüestrador teria que enquadrar a fila toda para poder fazer chegar sua vez. E olha que é uma gente irada de tanto esperar, com a maior vontade de descarregar em alguém. Não paga o risco.
Acho que só vamos conseguir vencer esse trauma sufocante que vivemos ontem na batalha das compras de Natal de 2010, na noite do ultimo dia 24 do ano. Será uma felicidade dobrada poder presentear aqueles a quem queremos bem. Só nós sabemos o quanto nos custou.
**
Luiz Mendes
22/12/2010.