O Alcorão e o espancamento feminino
O Alcorão e as Mulheres
Tenho TV a cabo por três motivos. Meus filhos (tenho um ponto para o quarto deles), bons filmes e, principalmente, documentários. Há pouco assisti um trabalho sobre o Alcorão que me impressionou muito e depois me aborreceu profundamente. Precisava “falar” sobre isso e por isso estou aqui.
Conta a história toda. Maomé o concebe em uma caverna por inspiração do Arcanjo Gabriel. Por conta disso, os mulçumanos, assim como os cristãos e os judeus vêem a Bíblia, crêem que ali esta a palavra de Deus. Maomé é entendido como o ultimo dos profetas, seguido a linhagem dos profetas bíblicos.
Pelo que já sabia, o Alcorão não é, como a Bíblia, um livro que conta a história da relação de um povo com seu Deus. Não possui cronologia. É um livro que possui cerca de 6 mil versos de orientações. E como tal é entendido pelos islamitas.
A parte que fica mais chocante para nós, filhos da cultura cristã (judeus não são tão diferentes assim nisso), é a diferença entre homens e mulheres. Mulher não vota e não dirige. Na mesquita elas são separadas por biombos e em alguns países mais radicais, elas nem podem entrar.
Há versos do Alcorão que aconselham, assim seco sem interpretação, que a mulher cubra o corpo deixando de fora apenas as partes naturais de aparecer. Para a maioria dos mulçumanos as partes consideradas “naturais” são o rosto e as mãos. O resto, tudo da mulher desvia os olhos do homem, que deveria ser para cumprir seu dever para com Alá, para luxúria. E, portanto, deve ser vedado a olhos masculinos. Proíbe-se a exposição e, como sempre, nada se cobra do olho que tudo vê com concupiscência.
A partir dos 3 anos a menina começa a usar o rijad. Os radicais já exigem as burkas, aquelas “coisas” pretas que deixam até os olhos atrás de uma redinha. Parecem com o estereótipo da bruxa medieval. Só falta o chapéu pontudo.
Inesperadamente o documentário abandona a mesmice e entrevista mulheres de carne e osso que usavam o rijad. Acabei me encantando com elas. A mãe de uma delas emancipou-se daquela vestimenta e de repente a filha, aos 23 anos, decidiu que devia adotá-la. No país delas, o Egito, é mais liberal. Ela afirmava que se sentia melhor assim. Gostava de se sentir mais respeitada como ser humano e não apenas objeto de desejo. Citou razões e as discutiu com elegância.
Falou do olhar lúbrico do homem que via nela somente um objeto sexual. Nós os homens sabemos bem como é isso. Imagino quanto deva ser humilhante aquelas lambidas de olhos onde quase as despimos, cheios de malícia e lascívia. Elas abaixam os olhos quando passam por nós. E se erguerem, a gente já acha que é “entrada”. Fomos educados para isso, a sociedade é machista, quase não há culpa, embora haja responsabilidades.
Somos seres de cuidados. Creio que a mulher mais ainda e por vários motivos que nem precisam ser citados por evidentes que são. Crescer, evoluir e respeitar não faz mal a ninguém, com certeza. Não se pode perde de vista também, que fomos educados por uma mulher. Não somos os únicos culpados. Temos que “deseducar” para educar.
Mas as moças estavam conseguindo me convencer e respeitar as suas escolhas. Fiquei impressionado. Então “azedou o pé do frango”. Foi quando responderam sobre o que achavam do fato de que no Alcorão estava escrito que o homem deve castigar fisicamente sua companheira. Fiquei imaginando de que modo as moças reagiriam contra isso, valentes que pareciam. E de repente elas me “quebraram as pernas”. Afirmaram que o castigo era só para algumas e não para todas...
Então algumas podiam ser espancadas... Provavelmente não elas, né? Quem, então? A mãe, a filha, a irmã ou qualquer mulher do povo? Fiquei muito aborrecido, parei por ai e vim “falar” aqui.
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Luiz Mendes
19/09/2011.