A paternidade em quadrinhos
Uma seleção de HQs que mostram que ser pai também é padecer no paraíso e não só uma razão pra ganhar presente no domingo
Cuidar da família para um pai de verdade não é viver para o trabalho e pagar as contas do mês, tampouco é ser aquele que consegue conciliar a vida profissional com outras mil atividades fora de casa. Exercer a paternidade é fazer tudo junto, dividir responsabilidades de maneira igualitária e participar integralmente da vida de toda a família.
Selecionamos algumas graphic novels, lançamentos e clássicos, que retratam pais reais sob diferentes pontos de vista, com diversas personalidades, mas sempre vivendo plenamente as alegrias e angústias desse importante papel.
Não era você que eu esperava (Editora Nemo, 2017), de Fabien Toulmé
A história começa com Toulmé refletindo sobre a ideia simplista que tinha da paternidade, até entender que a missão vai além do clássico preparar um filho para a vida adulta. Com a chegada da filha, nascida com síndrome de Down, ele lida com sentimentos ambíguos, tentando entender e aceitar o diagnóstico. “Não era você que eu esperava, mas estou feliz por você ter vindo” é uma das frases da graphic novel. Um detalhe curioso é que a história começa em João Pessoa, na Paraíba, onde o quadrinista francês viveu por alguns anos trabalhando como engenheiro, antes de abandonar o emprego para se dedicar aos quadrinhos.
Quem tá chorando? (Veneta, 2015), de Allan Sieber
O caos de ser pai de primeira viagem é o centro do livro do cartunista gaúcho, conhecido pelo humor ácido de suas tirinhas e cartuns. Nesta graphic novel, Sieber desenha e escreve em parceria com a esposa Claudia Jouvin, roteirista de TV em clássicos como A Grande Família e A Diarista – os trechos dele são todos em preto e branco, enquanto os dela são mais livres e coloridos. Ambos relembram as experiências com o filho Max desde os primeiros meses, ainda dentro da barriga, os perrengues do dia a dia e a ansiedade em relação ao futuro, descontraindo e fazendo piada de situações que afligem a maioria dos pais.
O guia do pai sem noção (Zarabatana, 2017), de Guy Deslisle
O quadrinista franco-canadense é conhecido por seus trabalhos de jornalismo em quadrinhos, em que narra histórias sobre viagens para lugares como Jerusalém (em Crônicas de Jerusalém), Coréia do Norte (Pyongyang - Uma Viagem à Coréia do Norte), China (Shenzen) e Myanmar (Crônicas Birmanesas). Nesta obra, Deslisle se aventura pela viagem de ser pai. O livro é uma coletânea de situações bem-humoradas que o autor viveu com seus dois filhos pequenos, Louis e Alice. O livro teve três edições publicadas na França, a primeira vendeu mais de cem mil cópias.
Maus (Quadrinhos na Cia, 2005), Art Spiegelman
Na HQ premiada com um Prêmio Pulitzer, o quadrinista sueco conta a história de seu pai, um judeu polonês que sobreviveu ao Holocausto. O trabalho demorou mais de uma década para ser concluído e, além das experiências vividas e relatadas pelo pai sobre os horrores do genocídio judeu durante a Segunda Guerra Mundial, narra os conflitos e angústias que Spiegelman sentia ao se relacionar com ele.
Fun Home (Conrad, 2007), Alison Bechdel
Autobiográfica, a HQ de Bechdel resgata memórias da infância para falar de seu pai, Bruce Bechdel, que faleceu quando ela era jovem. A autora norte-americana o apresenta como uma figura que provoca desconfiança e admiração. Dono de uma casa funerária nos Estados Unidos, Bruce mantinha relações homossexuais fora do casamento.
Créditos
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