Dinheiro; o ultimo degrau da escada rolante
ESTAREMOS JUNTOS
No fundo, só podemos contar conosco, dentro de nós mesmos. Por mais próximos sejam os outros, estamos sós. Sozinhos para decidir quais caminhos seguir. Pensamos individualmente, vemos tudo através de nossa experiência pessoal e, em última instância, somos nós que temos que suportar nossas conseqüências.
Somos donos de todas nossas incoerências. Um turbilhão, uma energia vibrante que não cessa e, no entanto, vivemos à míngua. Somos bárbaros e primitivos em nossas gestões sociais. Vivemos concentrados no dinheiro qual fosse o último degrau de uma escada rolante. Nele a nossa única noção de sobrevivência. Cercamos de tabus tudo aquilo que não entendíamos.
Hoje estamos sós até no tesão e no prazer. Estamos perdendo a plenitude que há na acolhida, na atitude indivisível que o espírito e o corpo somam. Na união entre dois seres, há uma linguagem de gravidade e arte, como na poesia e na música. O corpo todo unido ao que se espiritualiza, numa dança ao ritmo da vibração universal. E mesmo ali saltamos de nossa sombra, nos dividimos para assisti-lo do lado de fora, buscando prazer maior que aquele próprio. Então já não é mais orgasmo e se perde num gemido tudo o que se construiu em milênios de cultura.
Somos prepotentes e em breve sofreremos as conseqüências. Todo dano que causamos ao planeta ruirá sobre nossas cabeças. Esse sistema nos tolera. Só que tomará atitudes radicais para resolver o caos e o desequilíbrio que promovemos. Então nada será exagerado, inclusive nossa extinção como espécimes.
Acho que nos enganamos inteiramente. Criamos uma vida que nada tem a ver com o que é nossa vida mesmo. Sofremos barbaramente por conta disso. Pagamos para viver com nosso trabalho. A natureza já não é mais nossa mãe. Estamos cada vez mais submetidos à organização social. Somos produtores e consumidores, mais nada.
Haverá noites insones e dias febris, apesar dos dias semifelizes que vivemos. Os acontecimentos se sucederão, e se para quase tudo estamos sozinhos, com certeza quando surgirem as conseqüências, estaremos juntos. Sofremos melhor assim.
**
Luiz Mendes
25/10/2011.