De lá pra cá

Fomos atrás de alguns homenageados de edições anteriores do Trip Transformadores para descobrir como andam seus projetos

por Carol Ito em

O Trip Transformadores tem como missão jogar luz sobre pessoas que conseguem, com suas ideias e ações, promover o avanço do coletivo. Além da entrega do prêmio, que ocorre anualmente no palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, buscamos dar visibilidade aos homenageados e seus projetos, gerando conteúdo nas revistas, site e redes sociais de Trip e Tpm, e promovendo eventos, debates e shows.

Ao longo dos 13 anos desse movimento, formamos uma rede de pessoas de diferentes áreas que compartilham o desejo de transformar a realidade e  encontram no Trip Transformadores um atalho para estabelecer conexões, trocar experiências e formar parcerias.

Conversamos com alguns homenageados para entender como o prêmio impactou suas vidas e projetos.

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Tia Dag, da Casa do Zezinho

"Quem está no campo de batalha sabe que neste país jovem é problema em vez de ser solução", disse Tia Dag, fundadora da ONG Casa do Zezinho, durante a premiação, em 2007 - Crédito: Divulgação

Na primeira edição do Trip Transformadores homenageamos a educadora Tia Dag, que fundou a Casa do Zezinho, ONG que oferece atividades educativas para milhares de crianças e jovens de baixa renda de São Paulo. "Quem está no campo de batalha sabe que neste país jovem é problema em vez de ser solução. O Brasil não está hoje numa situação de guerra por causa desses transformadores, pessoas que acreditam no impossível”, disse Tia Dag, durante a premiação, em 2007.

“Quando eu criei o projeto, há 25 anos, o lugar era conhecido como ‘o triângulo da morte’”
Tia Dag, fundadora da Casa do Zezinho

A Casa do Zezinho fica localizada entre os bairros Capão Redondo, Parque Santo Antônio e Jardim Ângela, na Zona Sul, região marcada pela violência. “Quando eu criei o projeto, há 25 anos, o lugar era conhecido como ‘o triângulo da morte’. A gente começou a ir pra favela, ter uma relação com o entorno e a situação melhorou muito”, conta ela. A evasão escolar também era um problema que o projeto ajudou a solucionar: “Nos primeiros 10 anos, quando um aluno terminava o colegial, era algo incrível. Hoje, a gente vê todo mundo indo pra faculdade, procurando emprego, montando start ups. Fico muito feliz de ver a força e o crescimento da Casa do Zezinho em relação à educação”, diz.

Tia Dag conta que a visibilidade oferecida pelo prêmio atraiu parceiros para o projeto e promoveu conexões com outras iniciativas de impacto social: “Fui acompanhando o prêmio por alguns anos e comecei a ter contato com pessoas como o Sergio Vaz [organizador cultural homenageado em 2010]. É legal poder conversar e trocar experiências, porque, no fim, tá todo mundo trabalhando pela mesma causa”, conta a educadora, que também passou a oferecer consultoria para outras ONGs.

 

Sandro Testinha, da ONG Social Skate

"Ele transformou o skate numa ferramenta de inclusão social", disse o premiado skatista Bob Burnquist, que entregou o prêmio para Testinha (na foto), em 2013 - Crédito: Divulgação

Sandro Soares, conhecido como Testinha, foi um dos homenageados de 2013 por seu trabalho à frente da ONG Social Skate, que, além de ensinar manobras para crianças e jovens de Poá, no extremo leste da Grande São Paulo, dá lições de cidadania. "Ele transformou o skate numa ferramenta de inclusão social", disse o premiado skatista Bob Burnquist, que foi convocado para entregar o prêmio.

“Tanto a Overall como a Trip abriram minha mente para valores que envolvem o amor ao próximo, o cuidado com outro”
Testinha, fundador da Social Skate

Durante a cerimônia, Testinha lembrou da primeira vez em que viu um skate e se encantou pelo esporte. Foi em uma lendária Overall, revista de skate editada pela Trip nos anos 80. “Tanto a Overall como a Trip abriram minha mente para valores que envolvem o amor ao próximo, o cuidado com outro. Isso acabou influenciando meu trabalho com o skate”, conta, seis anos depois da premiação.

Para ele, o prêmio foi como “um divisor de águas”, porque atraiu parcerias e possibilitou a ampliação do projeto. “Antes, a gente tinha atividades aos sábados com 10, 15 skates para 30 crianças andarem. O lanche era bolacha e suco de pozinho, que é o que dava pra comprar”, relembra. “Depois do Trip Transformadores: a Social skate já tem 150 crianças cadastradas, atua de segunda a sábado e o lanche passa até por nutricionista. Além disso, fazemos acompanhamento escolar e familiar, temos aulas de balé, teatro, futebol de salão, iniciação esportiva e circo”, diz, emocionado.

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Edgard Gouveia Júnior, do Instituto Elos

"As crianças têm poder, sim, principalmente de mobilizar os adultos", defende Edgard Gouveia Júnior, fundador do Instituto Elos - Crédito: Divulgação

Edgard Gouveia Júnior não se cansa de colocar as pessoas para brincar em prol da transformação social. Em meados dos anos 90, ele criou o Instituto Elos que, por meio de jogos virtuais, gincanas e ações coletivas, ajudou a promover pequenas revoluções em comunidades espalhadas pelo Brasil. Em 2008, sua metodologia ajudou a revitalizar, com a participação de mais de três mil jovens de diferentes regiões do Brasil, 12 comunidades afetadas pela enchente de do rio Itajaí, em Santa Catarina.

“O prêmio fortaleceu a ideia de que eu deveria continuar trabalhando com jovens, com ação social”
Edgard Gouveia, fundador do Instituto Elos

Ele foi um dos homenageados de 2013 e, seis anos depois, conta que o prêmio alimentou sua motivação pessoal para seguir com o projeto: “Eu estava num momento de reavaliação e o prêmio fortaleceu a ideia de que eu deveria continuar trabalhando com jovens, com ação social. Isso me deu um gás”, relembra Edgard.

De lá pra cá, o Instituto Elos passou a atuar não só com jovens universitários, mas também com adolescentes menores de idade e até mesmo crianças. “Comecei a me dar conta que as crianças também poderiam construir o bairro, a escola, a comunidade dos sonhos, brincando. Elas têm poder, sim, principalmente de mobilizar os adultos”, explica. A metodologia do Instituto Elos se espalhou pelo mundo e já impactou mais de 800 comunidades em 50 países.

 

Claudio Sassaki, da Geekie

"Fazer parte de uma rede como essa tem aberto portas que a gente nunca teria acesso se não fosse por esse prêmio", conta Claudio Sassaki, CEO da Geekie - Crédito: Divulgação

Em 2010, em plena ascensão profissional como executivo de bancos de investimentos, Claudio Sassaki decidiu mudar seu foco para um projeto ligado à educação. Assim nasceu a Geekie, empresa que desenvolve programas avançados de computação para ajudar escolas e professores a customizar o ensino de acordo com as necessidades de cada aluno. Em 2013, a empresa emplacou seu primeiro grande sucesso na área de educação: disponibilizou na internet uma plataforma preparatória para o Enem que foi usada por 2 milhões de alunos no país, gratuitamente.

“A gente continua nessa luta para que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade”
Claudio Sassaki, CEO da Geekie

“Ajudar as pessoas a descobrirem o potencial que elas tinham foi transformador pra mim”, contou Claudio durante a entrega do prêmio, em 2014. Cinco anos depois, a Geekie continua na missão de democratizar o acesso à educação de qualidade: “No Brasil, quem pode paga, quem não pode fica com o que sobra. A gente continua nessa luta para que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, personalizada, que desenvolvas as competências do século 21.”

Com a visibilidade gerada pelo prêmio, mais alunos e escolas conheceram o projeto, ampliando seu alcance. “De 2014 pra cá, a gente impactou cerca de 6 milhões de pessoas”, revela. Ele também enfatiza que o prêmio facilitou conexões entre pessoas e empresas que se interessam em melhorar a educação no país. “Fazer parte de uma rede como essa tem aberto portas que a gente nunca teria acesso se não fosse por esse prêmio”, conta.

Créditos

Imagem principal: Pedro Fonseca / Acervo TRIP

Arquivado em: Trip Transformadores / Comportamento / Educação / Trabalho