O cientista brasileiro que afundou para a glória

Luiz Rocha, o biólogo paraibano nomeado Herói da Ciência nos EUA, enfrenta mergulhos de 150m de profundidade com até seis horas de duração para revelar animais desconhecidos pela humanidade

por Redação em

Há mais de vinte anos, o biólogo Luiz Rocha, natural da Paraíba, deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos em busca de melhores condições de pesquisa. Lá ele alcançou o auge da carreira ao ser nomeado Herói da Ciência pela Academia de Ciências da Califórnia, uma instituição de São Francisco dona um acervo de 26 milhões de espécies, incluindo descobertas feitas pelo próprio Rocha. Mas a paixão de Rocha vai muito além da vida na universidade: ele se aventura em expedições subaquáticas, explorando as profundezas dos mares, mergulhando entre arriscados 120 e 150 metros abaixo do nível do mar. Em uma entrevista descontraída com o Trip FM, Rocha compartilhou histórias sobre seu início de carreira, suas experiências mais marcantes de mergulho no Brasil e discutiu a ameaça representada pelo peixe-leão em nossas costas. Além disso, ele expressou otimismo em relação à possibilidade de recuperação dos recifes de coral.

A conversa fica disponível aqui no site da Trip e no Spotify.

Trip. De onde você veio, como era a sua família?

Luiz Rocha. De uma família pobre, mas o mar é de graça. Nossa diversão era ir para a praia e, desde pequeno, eu ficava vendo os bichinhos nas poças de maré. Isso virou snorkel e depois o mergulho.

Você é um biólogo, mas muito conhecedor de uma outra ciência, a do mergulho. Como você usa essa ferramenta? Meu mergulho é o técnico, a até 150 metros de profundidade. A gente usa um equipamento que recicla o ar. Nessa profundidade, o nitrogênio e o oxigênio, respirados sob pressão, eles te deixam bêbado e até podem te apagar. Então a gente mistura eles com o hélio. É uma coisa bem mais complicada, quase como pilotar um avião pequeno. A temperatura é muito fria, às vezes 12 graus. A gente desce o mais rápido possível, mas só trabalha lá por dez minutos. O que demora muito é subir, com paradas de descompressão. São cinco horas até a superfície, mas em profundidades diferentes.

E você acredita que a Terra já passou do ponto de não retorno? É fácil de pensar que a natureza não tem recuperação, mas mergulhei em lugares antes destruídos por testes com bombas atômicas e encontrei o recife de coral mais saudável que já vi. Tudo que foi preciso fazer foi deixar o ser-humano longe por 50 anos. Às vezes a solução vai ser essa, ou deixar de pescar alguma espécie, ou pescar apenas peixes maiores. Ainda estamos destruindo o planeta, mas a ciência sabe o que fazer, o que falta é vontade.

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