Thiago Pethit

Cercado por mulheres, cantor e compositor lança 2º álbum, 'Estrela Decadente"; veja making of com exclusividade

por Natacha Cortêz em

Foi de um passado incompreendido e desajustado, colhido da experiência de seu primeiro disco Berlim, Texas, que Thiago Pethit, 28, tirou vontade e inspiração para Estrela Decadente, seu novo trabalho. “Este disco é inspirado no passado para falar do presente. Revela muito sobre mim e sobre a minha ferida, sobre ter a minha ingenuidade maculada. Mas também fala da ferida que eu vejo no mundo.  É o meu discurso estético, outra vez inadequado, que talvez não encontre prateleira ‘certa’ nas lojas ou na mídia especializada, nas gravadoras ou nos investidores, mas que me deixa satisfeito”, conta ele.

Estrela Decadente soa musicalmente distante do disco anterior, traz referências de um universo menos reflexivo e terno pra entregar canções mais solares, de melodias mais intensas e ritmo fresco. Como Thiago diz: “Ao contrário do Berlim, Texas, que sugeria mais contemplação e tinha mais preocupação em contar histórias, este coloca o ouvinte dentro das histórias. É um disco explicito”.

É também um álbum construído por parcerias amigas e antigas, que por isso traz a repetição de receitas já usadas por ele. Para o clipe de estreia, da música "Pas de Deux", a direção continua nas mãos de Vera Egito e Renata Chebel, de "Nightwalker", enquanto a figura da musa, que antes foi de Alice Braga, volta com a atriz Laura Neiva, vestida como cantora de cabaré e dublando a voz de Thiago. Mesmo assim, Alice atua no clipe e aparece na plateia do Teatro Grande Otelo ao lado de Thiago nos últimos segundos

Outro frescor que Estrela Decadente traz é a participação das cantoras Mallu Magalhães e Cida Moreira. “O que eu posso dizer, é que elas são maravilhosas! E foram responsáveis por alguns dos momentos mais emocionantes que eu tive com este trabalho. Poder trocar artisticamente com elas, foi algo especial”, declara.

Para a Tpm, o cantor contou dos novos caminhos e parcerias, e das sensações e mudanças que o novo trabalho trouxe.

O novo disco tem o nome de Estrela Decadente. Por que esse nome?
Thiago. Estrela Decadente tem vários sentidos pra mim. Primeiro, foi uma maneira bem auto irônica de comentar o fato de as carreiras atuais no mercado da música, estarem cada vez mais passageiras. Ao mesmo tempo este nome revela um dos temas centrais para a construção do álbum: a celebração do ‘torto’, do errado, do que está desajustado para os padrões comuns. Pode ser referência para uma estrela no céu, que perde calor e cai depois do auge, ou da estrela de cinema mudo que ficou derrotada com a chegada do som. Ambas sugerem um ‘brilho’ incomum, ou ‘brilho’ que ficou no passado. São imagens e palavras bastante fortes, gosto disso.

O que o novo álbum traz que os anteriores não trouxeram? Quais são suas grandes vontades com ele? Embora cada disco tenha um universo próprio, eles são sempre a continuação um do outro. Um passo adiante que revela a evolução do meu trabalho e de quem eu sou, as minhas mudanças e a mudança do mundo a minha volta. Este disco é como um ponto de exclamação! Ao contrário do Berlim, Texas, que sugeria mais contemplação e tinha mais preocupação em contar histórias, o Estrela Decadente coloca o ouvinte dentro das histórias. É um disco explicito. E é estranhamente mais solar do que o anterior. Tenho muitas vontades com ele, mas a mais urgente é ser compreendido. Não no sentido de ser ‘amado’, mas de ser visto e entendido como eu quero ser. É como dizer, ‘me amem ou me odeiem, mas façam isso pelas razões certas’ – e eu estou dando as razões. [risos]

Quais foram suas principais referências para a concepção de Estrela Decadente? Houve momentos, pessoas ou histórias que te inspiraram no processo de criação? Este disco veio como uma resposta a um período difícil que eu vivi no final de 2011. Eu estava cansado e pensando em parar de produzir. Ou dar outro rumo para minha carreira sem envolver mercado, mídia, divulgação,... Foi uma espécie de depressão. Sentia-me exposto e desajustado. E principalmente, mal interpretado, e não há coisa pior do que isso. Mas aos poucos, eu fui percebendo que ser um artista esquisito, desajustado mercadologicamente, com uma carreira que pode fugir aos padrões até das carreiras fora do padrão, tem um lado maravilhoso. Sou muito livre por ser o único responsável pelas minhas decisões e consequências. Aprendi a apreciar essa e toda estranheza nas minhas escolhas. E a entender que tudo pra mim é assim, porque eu nunca fui uma pessoa dentro dos padrões! Essas questões foram a base norteadora para este álbum. E as inspirações surgiram da minha identificação com personagens pouco convencionais, como Andy Warhol e a sua turma da Factory: as modelos superstars, as travestis, Joe Dallessandro, os músicos desse ambiente cabaré rock 'n roll dos anos 60 e 70. Eles foram ícones da ‘diferença’ durante o declínio na América. A mesma diferença dos cabarés na Alemanha nazista, com as mesmas travestis, os vagabundos, artistas. Dois momentos da história que são muito parecidos com o que vivemos agora. A decadência é um estado cíclico. Estamos em um mundo assustado, em crise e com medo. E o medo é a fonte para as crenças mais tenebrosas e que nos fazem denunciar quem é diferente. Este disco é inspirado no passado para falar do presente. Revela muito sobre mim e sobre a minha ferida, sobre ter a minha ingenuidade maculada. Mas também fala da ferida que eu vejo no mundo. É o meu discurso estético, outra vez inadequado, que talvez não encontre prateleira ‘certa’ nas lojas ou na mídia especializada, nas gravadoras ou nos investidores, mas que me deixa satisfeito.

 

“Sou muito livre por ser o único responsável pelas minhas decisões e consequências. Aprendi a apreciar essa e toda estranheza nas minhas escolhas. E a entender que tudo pra mim é assim, porque eu nunca fui uma pessoa dentro dos padrões"

 

Como foi gravar com Mallu Magalhães e Cida Moreira? O que cada uma delas trouxe pro disco novo?
O disco já surgiu na minha cabeça com a presença delas. São duas artistas que eu admiro há algum tempo e que me inspiram muito, cada uma a sua maneira. Mas mais do que participações especiais, elas são ‘personagens’ do disco! Elas estão presentes nas músicas e nas imagens do encarte, agregando o valor do que elas são e representam. Personagens reais, que quando juntos, tornam-se ícones para o imaginário do disco, ao lado do Kassin, Renata Bastos e outros, formando o meu bando de desajustados. Cada um tem seu papel nesta trama, mas prefiro não revelá-los, pois acho que tudo deve falar por si só e preencher a imaginação sobre o trabalho. O que eu posso dizer, é que elas são maravilhosas! Maravilhosas! E foram responsáveis por alguns dos momentos mais emocionantes que eu tive com este trabalho. Poder trocar artisticamente com elas, foi algo especial.

A capa de Estrela foi assinada por Pedro Inoue. Por que o escolheu?
O Pedro foi indicação de dois amigos próximos que nos conhecem bem. Ele foi crucial para a construção deste disco, pois eu me preocupo muito em construir um universo a cada trabalho. E pra isso é necessário que músicas e imagens dialoguem e dependam profundamente umas das outras. Assim o público pode ter muitos ingredientes e se aproximar para compreender a proposta. A concepção estética de Estrela Decadente era em torno de elementos extravagantes e cheios de significados e eu precisava de alguém em quem confiasse muito. Alguém que me entendesse e estivesse familiarizado com estes ícones. E a nossa sintonia foi instantânea. Pedro e eu fizemos uma única reunião, no mesmo dia em que nos conhecemos e era como se a construção visual do disco já estivesse pronta. O Pedro tem experiências incríveis, já trabalhou com Bowie e Damien Hirst, tem um arsenal maravilhoso de informações e referências que vão além da coisa plástica. Só quero trabalhar com ele agora. Contei também com a contribuição do fotografo Gianfranco Briceño. Pedro dirigiu as sessões de fotos, individuais e coletivas da capa e encarte e o Gian fotografou toda a loucura.

Você está sempre trabalhando com mulheres. Já foi dirigido por Vera Egito, fez parcerias com Tiê, Alice Braga e agora a Mallu e a Cida. Quanto o universo feminino influencia seu trabalho? E por que escolher estar sempre cercado por mulheres? Criar, gerar, parir, cativar, ludibriar, sensibilizar... São inúmeros os aspectos associados ao universo feminino com os quais me identifico muito enquanto artista. Além destas, ainda tive duas mulheres na minha banda, às vezes na técnica de som e em outras áreas. Acho que revela uma visão fora dos padrões de um mundo patriarcal, machista, branco e cristão em que aprendemos a viver e que deu tão errado. As mulheres representam outra possibilidade. Outra força e outra diferença. O que eu gosto mesmo e me inspira, são as forças e as diferenças. Tanto em homens quanto em mulheres com quem escolho trabalhar, gosto dos que tem esse brilho diferente no olhar. Os homens sensíveis e as mulheres fortes.

Estrela Decadente chega às lojas dia 20 de agosto. O show de estreia será no Recife, dia 22 de setembro, no Festival No Ar Coquetel Molotov. São Paulo e Belo Horizonte devem receber a apresentação em outubro. Abaixo, o clipe de "Pas de Deux" e na galeria, com exclusividade, o making of fotográfico do clipe.

 


Vai lá: www.facebook.com/thiagopethitoficial
http://estreladecadente.tumblr.com (para baixar o mp3 de "Pas de Deux")

Crédito: Thiago Pethit/Divulgação
Crédito: Thiago Pethit/Divulgação
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