Pode ou não pode?

Paulistanos podem perder uma boa área do parque do Ibirapuera

por Renata Sagradi em

 
Por causa da reabertura de uma alça de acesso entre avenidas, paulistanos podem perder uma boa área do parque do Ibirapuera

Os paulistanos podem estar perto de perder cerca de 1.500 metros quadrados do parque do Ibirapuera. O motivo? A reabertura de uma alça de acesso que liga a avenida Pedro Álvares Cabral à avenida Quarto Centenário, localizada na entrada do estacionamento principal. O trecho em questão, que até 2004 não fazia parte da área verde do Ibirapuera, foi fechado e agregado ao parque na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, que, após a construção do Auditório do Ibirapuera, teve que repor o que foi desmatado.

Um termo de acerto de conduta feito entre a prefeitura, a CET e o Ministério Público no final de 2007 originou o início das obras para a reutilização da via por veículos, quando começaram os protestos da Associação de Moradores do Jardim Lusitânia (Sojal)– bairro ao redor do parque –, unidos a freqüentadores assíduos do Ibirapuera.

Na opinião de Otávio Villares, secretário do conselho gestor do parque do Ibirapuera, e de Cândido Malta, professor da FAU (Faculdade de Arquiteura e Urbanismo, da USP) e responsável pelos estudos do sistema viário da cidade, a medida passa por cima da decisão do conselho, que é totalmente contra, além de infringir uma lei complementar do Plano Gestor, que protege parques e áreas verdes de São Paulo. “Existe um mapa do plano que mostra que a alça deve se manter fechada, enquanto o texto diz que ela pode ser aberta. A briga que está acontecendo é uma questão de interpretação de leis”, explica Cândido.

O embate corre na justiça para que a abertura seja impedida, mesmo ela já estando em andamento. O Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave), cumprindo uma ação civil do Ministério Público, deu o aval para a obra, mas não sem antes garantir que as nove árvores da área fossem transplantadas, além do plantio compensatório de mais 21 plantas.

Para Villares, frequentador quase diário do Ibirapuera, a obra é uma pena. “O parque é tombado, é proibido mexer nele. Sem contar que um techo do circuito de corrida seria perdido, além de uma entrada fácil para ciclistas e mães com carrinhos de bebês.”

Nesta quinta-feira, dia 8, as obras da reabertura foram suspensas até o julgamento (ainda sem data) de uma ação movida pela Sojal. No entanto, grades e árvores já haviam sido retiradas.

Procurada, a CET – que poderá ser beneficiada com a abertura da via que desafogaria um pouco o trânsito – não quis se manifestar. Independentemente da interpretação de leis, não parece sensato que uma área verde integrada ao parque por conta da abertura de um espaço bom e barato de cultura, o Auditório Ibirapuera, seja fechada agora para dar mais espaço aos carros. Afinal, quanto mais espaço, mais carros – e 800 novos veículos são licenciados por dia na Grande São Paulo. Chega, né?

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