Tempo para respirar

Quando foi a última vez que você esteve presente? Não nos aniversários da família ou nas reuniões do trabalho. Quando foi a última vez que você esteve presente para si mesma?

A pergunta pode gerar alguns questionamentos sobre como estamos gerenciando nosso tempo, nossos compromissos rotineiros e autocuidado. Na abertura da Casa Tpm deste ano, o monge tibetano Daniel Calmanowitz subiu ao palco para nos lembrar da importância do silêncio e da meditação.

“Quando a gente faz silêncio, a gente percebe o quanto a nossa cabeça está agitada”, disse. A plateia, já lotada, foi conduzida a uma meditação guiada que encheu de serenidade o salão da Casa. Segundo o monge, existem dois fatores que acontecem durante a meditação. O torpor e a agitação mental. São sintomas de uma vida agitada, que muitas vezes acabam fazendo a pessoa desistir de tentar meditar.

“O torpor mental é quando você fica com a mente turva, perdendo o objeto de meditação. É comum a pessoa entrar num tipo de sonolência, sem muita consciência. Já agitação mental é quando os pensamentos tomam conta e não há concentração. Nos dois casos, a respiração é importante para tomarmos consciência e voltarmos a meditar”, explica. 

Se meditação é para todo mundo? O monge diz que sim, sem hesitar. "No momento da pausa podemos trazer a mente para o presente. Assim, vamos aos poucos diminuindo a agitação mental para entrarmos em contato com um pensamento mais presente e amoroso. Não conheço ninguém que não tenha conseguido e que não tenha tido benefício com essa técnica tão simples e direta." 

Para que quer começar a se conectar com a meditação, Daniel separou nove dicas simples e funcionais. Ou seja, sem desculpas para não praticar, certo?

- Motivação

Estabeleça ou relembre a motivação do motivo de meditar. Você pode querer praticar meditação para controlar a ansiedade ou o estresse, para lidar melhor com as demandas do dia, ter mais paciência e concentração e até mesmo para ficar mais feliz.

- Técnica

Escolha um tipo de meditação que proporcione satisfação e que traga conforto. Pode ser simples e fácil, não precisa exigir muito esforço de sua parte ou ser desafiadora. Eleja algo que você consegue pôr em prática.

- Hábito

Uma vez escolhida a técnica, mantenha a prática por pelo menos três meses. Os benefícios vão surgindo com a repetição, como em qualquer outro exercício. Meditar é exercitar a mente e o coração, mas os resultados também vêm com a prática. 

- Agenda

Marque na agenda a hora de meditar, da mesma maneira que você marca um compromisso pessoal ou de trabalho. Escolha um horário, de preferência o mesmo todo dia, e não arrume desculpas para não fazer. Você pode escolher meditar até mesmo sentado na cama, ao acordar.

- Local

Um dos propósitos da meditação é nos tirar da correria rotineira. Para isso, é importante escolher um lugar livre de qualquer interrupção ou interferência sonora. Se você mora com outras pessoas, avise-as que vai meditar e peça silêncio por pelo menos dez minutos.

- Celular

Fique longe do celular! Se for usar um aplicativo de meditação, coloque-o no modo avião e desligue qualquer conexão. São 24 horas menos cinco minutos do dia sem celular. O mundo ainda vai estar aí, mas você vai estar melhor no mundo.

- Esforço entusiástico

Nossa mente gosta de novidades. Quando começamos a meditar, existe o frescor da descoberta e da conquista. É um desafio de que, no geral, as pessoas gostam. Na medida que a meditação entra na rotina, o frescor da novidade vai passando e é preciso esforço para continuar. Esforço entusiástico nada mais é do que é se dedicar àquilo que traz benefícios.

- A prática

Independentemente do tipo de meditação que você escolher fazer, não force nada. Seja gentil e comece com uma prática de três a cinco minutos, no máximo. Acabe cada sessão com um gostinho de quero mais. No começo, é importante não forçar demais para não desistir rápido.

- Dia a dia

Leve a meditação para o seu dia a dia. Respire fundo quando estiver em uma reunião, ao entrar no supermercado, antes de realizar alguma nova atividade ou quando perceber que está agitada. Traga a consciência do estar presente e procure sair do automático. Faz toda diferença!