O blackberry de Obama
Para assumir a Casa Branca, Obama terá de abrir mão de algumas coisas mundanas e passar a viver protegido por seguranças. Mas o pior não é isso: a regra é nada de blackberry. Nosso futuro presidente é viciado no dele. Uma matéria no New York Times conta, por exemplo, que ele será o primeiro presidente a usar laptop no Oval Office. Bem, Clinton não estava interessado em laptop, como se sabe, e Bush nem sabe o que é isso.
O ser humano se adapta a tudo - até mesmo a passar alguns anos sem blackberry. Eu mesma nunca tive um, e não pretendo ter para não transformar a minha vida - e das pessoas que convivem comigo - num inferno tecnológico. Os viciados no blackberry tornam-se socialmente insuportáveis - digitam texto no restaurante, no cinema, no meio de uma conversa. Checam e-mail a cada segundo, como se fossem as pessoas mais importantes e procuradas do mundo (bem, se nem o presidente tem blackberry, não há ser humano que precise checar mensagens a cada 5 minutos). E é ridículo (e até brega) pensar que você tem de interromper o seu jantar pra responder qualquer coisa.
Veja bem: se você não se colocar disponível 24 horas por dia, as pessoas vão esperar de você respostas instantâneas. Um amigo meu foi dado como desaparecido aqui em Nova York, porque não se comunicava com os amigos e com a esposa (que estava em Londres) por 15 horas. Os amigos ligaram para todos os hospitais, a polícia baixou na casa dele, o pior já era esperado. No final, ele apareceu. Foi dar uma volta, e o raio do blackberry estava sem bateria. Mas como ele se fez assim, acessível que nem banco 24 horas, ele cavou a própria cova.
Ou seja, na hora em que você começar a responder com mais rapidez uma mensagem vinda do Afeganistão em vez de responder a uma pergunta de alguém sentado à sua frente, pegue o blackberry e marque uma consulta com o seu analista. Ou então aprenda as regras básicas de etiqueta para evitar catástrofes sociais.