Pelo fim do pensamento “não estudei para isso”!

Com a crise econômica, muita gente de classe média teve que se virar. Mas por que todos acham ok fazer sorvete vegano e não coxinha?

por Nina Lemos em

“O que você faz?” Em geral essa é a primeira pergunta que as pessoas fazem quando te conhecem. E se você pertencer à classe média, que pôde “estudar”, esperam que você dê uma resposta “glamorosa” como: jornalista (da onde tiraram que isso tem glamour?), programador de interface ou qualquer outra coisa difícil de entender. Você pode ser chef (superchique). Mas você não pode ser cozinheira (afinal, você estudou).

Pode parar! Vimos por meio desta avisar que você não é melhor só porque passou alguns parcos anos na universidade e que todo trabalho é digno – em tempos de crise e desemprego é sempre bom lembrar disso. Nessa hora, vale aquela boa olhada para a gringa (não com complexo de vira-lata, mas para tentar pensar um pouco fora da caixa). Aqui em Berlim encontramos Marie Leão, brasileira que mora na Alemanha há 20 anos. Marie é jornalista, fala cinco línguas, é tradutora e trabalha em um cinema. “Quando comecei neste trabalho e ia ao Brasil, as pessoas perguntavam: ‘mas que legal, você está dirigindo?’ E eu respondia: ‘Não, gente, eu vendo pipoca e ingresso mesmo’”, ela conta rindo. Passado o choque, lá se vão quase dez anos no trabalho no qual ela é muito feliz. “Gosto de verdade e, mais, tenho muitos amigos padeiros e carpinteiros, são pessoas inteligentes, não consigo entender essa coisa classista.”

Dogwalker

Enquanto isso no Brasil, a mudança de mentalidade segue lenta, bem mais devagar que a crise. Mas, claro, com a necessidade de se virar e fazer bicos surgiram novas profissões como dogwalker e pet sitter. O que é ótimo, mas, gente, o nome precisa mesmo ser em inglês? O empreendedorismo também está em alta, o que significa um aumento no número de foodtrucks gourmets e novidades como sorvete vegano vendido em embalagem reciclável. Nada contra, muito pelo contrário, mas apenas uma lembrança: quem faz coxinha de cento também é empreendedor! Vamos parar de ser esnobes, pessoal! Ainda dá tempo!

Créditos

Imagem principal: Manuela Eichner

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