Não-entrevista: o ato de mudar de poltrona no avião

Pelo direito de não sentar ao lado de quem a gente não gosta!

por Nina Lemos em

Vamos descrever duas situações:

1-Você entra em um avião e dá de cara com seu inimigo do trabalho. Vocês ja brigaram várias vezes e se detestam. Além de encontrar seu desafeto máximo no avião, você descobre que está sentada ao lado dele (ou dela)! Socorro! O que você faz? Tem um lugar vazio, opa, você muda de lugar, claro.

2-Você entra em um avião e dá de cara com o deputado Jair Bolsonaro, aquele mesmo que já disse entre outras coisas que…. “Se eu pegasse um filho fumando maconha eu torturaria ele”, “jamais a estupraria porque ela é muito feia" (para a então ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário). Imagina encontrar esse cara no avião? Pois bem. Além de encontrar o Bolsonaro em um avião, você descobre que está sentada ao lado dele! Socorro! O que você faz? Tem um lugar vazio, opa, você muda de lugar, claro.

Pois o deputado Jean Wyllis passou pelas duas situações na terça-feira (7). Ele entrou em um avião e descobriu que estava sentado ao lado de Jair Bolsonaro, que além de ser o Bolsonaro, é colega e inimigo de Jean na Câmara. E mudou de lugar. Normal.  Pois Bolsonaro fez um vídeo acusando Jean de heterofobia. Ate aí, normal. O que esperar do Bolsonaro? Mas pronto. Fez-se a polêmica. E todo mundo parou para discutir se foi preconceito do Jean Wyllis (ou “heterofobia”, como disse Bolosonaro), não sentar ao lado de alguém de quem você não gosta no avião.

Em uma rápida enquete na redação da Tpm, concluímos que nenhuma de nós sentaria ao lado do Bolsonaro porque, né, vai que ele puxa assunto, vai que ele descobre que essa revista faz campanha a favor do aborto e é a favor dos direitos gays? Não é a primeira vez que falamos que não queremos entrevistar o Bolsonaro, seja em um avião, seja no plenário ou em uma casinha de sapé (Socorro, imagina ficar sozinho com o Bolsoaro em UMA casinha de sapé?).

Então, vamos aproveitar para não entrevistar essa polêmica. Jean não precisa explicar o que fez, nem as aeremoças, nada. Dizem que foi pegadinha do Bolsonaro, mas também não importa. Pelo direito de não sentar do lado de quem a gente não gosta!

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