Liderança feminina por Vanessa Rozan
Inspirada pela websérie Women Who Lead, Vanessa Rozan reflete sobre a presença da mulher no mercado de trabalho e conta suas experiências
Segundo o estudo Women in Business 2019, realizado pela Grant Thorton, 93% das empresas do Brasil responderam ter pelo menos uma mulher como líder. O número está acima da média global, de 87%. Porém, a proporção de mulheres em cargos de lideranças no país caiu para 25%. Além disso, um novo jeito de liderança parece estar nascendo, muito mais baseado em valores considerados femininos do que o atual modelo de liderar.
É sobre isso que a websérie Women Who Lead fala. Criada por Amaro, a produção faz parte de uma parceria com o instituto Plano de Menina e teve seu primeiro episódio lançado na Casa Tpm deste ano, em um debate sobre liderança feminina com a publicitária Gal Barradas, que protagoniza o vídeo, a maquiadora Vanessa Rozan e a consultora financeira e ex-consulesa da França Alexandra Loras. A cada mês, duas profissionais vão compartilhar suas trajetórias e olhares sobre a liderança feminina. Junto com o instituto, a Amaro vai ajudar a preparar 550 jovens mulheres para o mercado de trabalho.
Para a Tpm, Vanessa Rozan fala sobre suas conquistas e desafios no mercado de trabalho, além de propor soluções para um novo jeito de liderar. Leia abaixo.
Por que você acha que precisamos de mais mulheres em cargos de liderança? Acho que isso nem deveria ser uma pergunta. Não “precisaria” acontecer, é apenas o esperado de uma sociedade constituída por 51,7% de mulheres. Estamos em todas as partes, deveríamos ocupar, também, na mesma proporção, os cargos de liderança.
O que é um jeito feminino de liderar? É difícil generalizar, pois cada mulher tem seu jeito de fazer as coisas. Para mim, é entender que sou cíclica, que nem sempre o tempo do capital será o que eu considero possível ou humano, que quanto mais construímos pontes e criamos em parcerias inteligentes, mais rico fica o resultado. Todo mundo ganha e aprende num processo colaborativo e mais horizontal.
Qual foi o seu maior desafio no mercado de trabalho? Foi entender que eu teria que construir meu próprio negócio para poder trabalhar no ritmo e no tempo que acredito ser saudável. Tive o privilégio de poder fazer essa virada.
E a maior conquista? A maior conquista certamente foi o Liceu. Tenho maior orgulho do que construímos e de como administramos o negócio. Há três anos, fizemos uma análise profunda do negócio e decidimos ficar pequenos, cada vez mais artesanais. Nossas colaboradoras são, em sua maioria, mulheres com filhos, que administram seus pequenos negócios. Temos um programa de bolsas de estudo para alunos que não têm condições de bancar o curso de formação e, com o objetivo de produzir zero lixo, fazemos coleta seletiva de tudo que usamos: do resto de tinta de cabelo até produtos de maquiagem. Tudo é pensado e feito com muito amor e verdade.
Como criar um ambiente profissional mais acolhedor para as mulheres? O ambiente não precisa ser “acolhedor”, basta entender que rendemos melhor quando nossa sanidade e saúde são preservadas. Virar a noite trabalhando pode ser muito glamoroso para alguns, mas quando se trata de uma complexidade maior — família, filhos, vida acadêmica — é simplesmente impossível. Não há glamour nenhum em estar eternamente cansada. As mulheres estão adoecendo com essa carga, já que muitas ainda são responsáveis pela administração das tarefas domésticas ou são solo na criação dos filhos, por exemplo. É preciso que a empresa entenda que a vida tem variáveis e confie que seus funcionários estão fazendo o melhor que podem com o que têm.
Créditos
Texto: Camila Eiroa