Sharon Jones, diva
Antes de iniciar sua turnê pelo Brasil, cantora americana fala sobre sua luta contra o câncer e a relação com Amy Winehouse
“Get up and get out” é o nome de uma das faixas de Give the people what they want, o novo álbum de Sharon Jones e sua banda, The Dap-Kings. A música ganhou novo significado desde que a cantora americana – famosa por ser um “furacão” no palco – foi diagnosticada com câncer há dois anos. “Depois que começamos a gravar o álbum, perdi minha mãe para o câncer. Em seguida, o irmão do saxofonista da banda morreu da mesma doença e eu fui diagnosticada com tumor no ducto biliar. Não sabia se estaria viva para lançar o disco, então falar sobre 'levantar-se e sair' ganhou um novo sentido”, falou a vocalista à Tpm.
Aos 58 anos, a diva da soul music e sua banda vêm ao Brasil no mês que vem para uma turnê em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraty. A cantora, que trabalhou como carcereira antes da carreira artística, foi indicada ao Grammy deste ano na categoria de melhor álbum de R&B. De Nova York, onde mora, ela falou sobre a doença e também sobre a relação com Amy Winehouse, que, ao convidar os Dap-Kings para participar de seu álbum mais famoso, Back to Black, de 2006, fez a banda e sua vocalista atingirem um novo público.
Você está curada do câncer? A cada seis meses tenho que fazer exames. Em dezembro passado, acharam um novo tumor no meu fígado e, em janeiro, fiz uma cirurgia para retirá-lo. Em fevereiro fiz outro exame e não tive retorno do médico. Estou quase certa de que retiraram todo o tumor, que ele não se espalhou, mas é difícil dizer. Na minha cabeça e no meu coração, sinto que estou livre do câncer, mas não posso dizer com certeza.
Você teve o seu talento reconhecido apenas aos 40 anos. Já se sentiu vítima de discriminação? Quando você olha para a cena pop americana, para essas jovens cantoras, vê que elas são todas iguais: brancas, magras, com determinado tipo físico. Aos 19, 20 anos, é tudo o que você deseja ser. É aquilo que você encontra na TV, nas revistas. Se você tem a cor mais escura e outro biótipo é mais difícil. Mas sinto que hoje estou além disso, estou confortável com o que sou.
Você concorda com a afirmação de que se tornou conhecida por causa da Amy Winehouse? Eu não diria isso. Foi a Amy Winehouse quem nos procurou para fazer o álbum Back to Black. Ela era uma grande fã da banda. Nós já éramos conhecidos, mas com ela nos tornamos mais mainstream. Atingimos outro público, mais pessoas começaram a ouvir soul music e dizer: “Uau!”. Mas nós já fazíamos soul music muito antes de Amy pensar em se tornar cantora.
Como foi ser indicada ao Grammy este ano pela primeira vez? É uma emoção e um privilégio, mas o que eles chamam de R&B aqui nos EUA, para mim, é música pop. Me colocaram numa categoria junto com cantores pop [entre os concorrentes estavam Aloe Blacc e Tony Braxton & Babyface - este último acabou levando o prêmio], mas foi um privilégio pelo menos ter sido indicada.
Qual é a sua expectativa em relação à turnê no Brasil? Não vejo a hora de ir para aí. Queria ter ficado mais tempo e ter visto mais coisas da última vez que visitei o país, em 2011. Me lembro muito daquele show naquele parque grande em São Paulo [Ibirapuera, no BMW Jazz Festival]. Foi incrível ver a multidão curtindo o que a gente faz. Espero que gostem do novo show.