Eles não latem e elas não mordem
Elas são empresárias, esposas e, às vezes, até babás. Será que por trás de todo músico famoso e bem-sucedido existe um cérebro feminino zelando por eles? A Tpm foi atrás das companheiras de Lobão, Luiz Melodia, João Gordo e Iggor Cavalera para descob
No primeiro contato de Regina Lopes com Lobão, após um show no Hollywood Rock de 1990, ela criticou a performance dele no palco: “Pô cara, tava uma merda”. Depois de um reencontro mais amigável no ano seguinte, durante o Rock in Rio, ele a reconheceu e “foi de imediato”, como ela conta. “A gente estava na área VIP do evento e ele veio falar comigo.” O relacionamento deu tão certo que de fã tornou-se empresária e esposa. Hoje ela assume: “Eu administro 99,9% de tudo que acontece”. Mesmo com as rédeas dos negócios nas mãos, e assumindo que tem suas teimosias, Regina reconhece que Lobão também é determinado em suas decisões. “Ele tem um senso muito forte do que acha certo.” Mas ela acredita que entrou na vida dele para melhorá-lo. “Eu acho que ele está mais equilibrado. Como ser humano está evoluindo muito.” E confessa que se considera uma grande mulher por trás do marido, mesmo porque não gosta muito de aparecer. “Sou mulher de artista. Acho isso tão cafona, sabe?” As influências e os pitacos de Regina, Lobão não nega. “Eu, quando faço alguma música, ou letra, sempre peço o palpite dela. A gente interage muito.”
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Atrás dos pickups
Além de cinco filhos – três dele, um dela e mais um do casal –, Laima Leyton e Iggor Cavalera cuidam também do Mixhell, projeto que desevolveram juntos, a partir das mesmas paixões: a arte e a música. O encontro da dupla aconteceu por intermédio de um cupido, uma amiga em comum que os apresentou em uma noite na D-Edge. “A gente começou a conversar e entramos numa bolha. E tá rolando até hoje”, explica Laima. A parceria também no trabalho começou aí, nas baladas. “Ele começou a ser chamado para discotecar, e eu ficava atrás palpitando.” Surgia, então, uma desculpa para passarem mais tempo juntos. Quanto à polêmica saída de Iggor do Sepultura, Laima não se exclui totalmente da culpa. “Sempre falam que eu fui a Yoko Ono do Sepultura, fazem muitas comparações assim. Talvez eu tenha encorajado, isso sim.” Ela explica também que teve seu dedinho por trás da reconciliação do marido com o irmão, Max, após quase dez anos de rixa. “Foi uma coisa que rolou naturalmente. Quando a gente teve nosso primeiro filho, o Antonio, eu achei que ele tinha que ir lá e conhecer o tio. E eu fiquei muito feliz que eles resolveram trabalhar juntos novamente.” E o que mudou na carreira dele depois que Laima apareceu? “As mudanças são essas que todo mundo sabe e me culpam [a saída do Iggor do Sepultura], mas ele também conheceu muita coisa nova.” Já Iggor investe no clichê para falar da mulher. “A Laima mudou a minha vida. E acho que sem ela nada disso estaria acontecendo” – além de dedicar a ela o que mais gosta de fazer: o Mixhell e o Cavalera Conspiracy, ao lado do irmão.
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Tarada por gordinhos
“Ela é a mulher da minha vida, se não fosse ela eu já estaria no inferno faz tempo”, derrete-se João Gordo sobre a esposa, Viviana Torrico. Para ela, a história de amor começou muito antes, já que se declara uma “tarada por gordinhos”. Em 1998, ela foi encarregada de entrevistá-lo para uma revista de metal após um show do Ratos de Porão, afinal, seu então editor sabia que ela “pagava pau” para o roqueiro. Depois de duas passagens do João pela UTI, o romance engatou. “A Viviana pensou: 'Ah, eu vou falar que gosto dele senão ele vai morrer sem saber'”, ele conta. Hoje, é ela quem manda, como João faz questão de afirmar. Viviana trabalha também como produtora da banda, mas diz que separa bem os papéis. “Quando eu viajo com ele, é como mulher, então fico ali do lado, quietinha. Mas, quando vou como produtora, daí eu falo.” Mas ela não nega que o João tem ficado mais “civilizado” em suas mãos. “Antes ele era um troglodita, mas agora já penteia o cabelo.” E vale ressaltar que boa parte da mudança tem os dois filhos do casal como responsáveis. “Tem gente que pensa que aqui é Sodoma e Gomorra, mas minha casa é a maior harmonia. Sou um ótimo pai, um ótimo marido”, diz João, todo envaidecido. Viviana revela: com um carinho na orelha, ele faz tudo. E o marido concorda, “ela tem razão na maioria das pentelhações”.
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Amor de verão
Jane Reis cuida para que Luiz Melodia seja sempre pontual nos compromissos e esteja bem-arrumado. E, o que era para ser um amor de verão (de Festival de Verão em Salvador, na verdade), que começou em 1977, dura até hoje. “Um grupo de amigos o convidou para ir a uma festa que ia ser lá em casa. Aí nós nos conhecemos e ficamos juntos desde então”, ela conta. Mais que isso, Jane cuida de toda a produção, escolhe figurino e até repertório de shows. “É uma diversão da gente.” Luiz confirma: “Ela me influencia até musicalmente, me inspira a compor. E sempre tem um dedo dela, um dedo muito bem-vindo, aliás”. A gravadora do cantor contratou Jane para que ela o acompanhasse nas viagens, pois, aparentemente, ela era a única capaz de fazer as coisas funcionarem. “A gente tem muita afinidade de como as coisas devem ser”, explica Jane. Fugindo do famoso ditado popular, ela garante que caminham lado a lado e acha que os dois pensam e decidem juntos. Ainda diz que depois da união têm muito mais estrutura, organização e tranquilidade. Luiz Melodia arremata de forma bem concisa: “ E viva a Jane!”.
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Fotos Iggor e Laima/Marcos Vilas Boas, Regina e Lobão/Zé Ovo, Luiz Melodia e Jane, João Gordo e Viviana/Arquivo pessoal