Maria Flor: dona de si mesma

Aos 33 anos, a atriz está em mais uma novela Global, no filme que concorrerá à (polêmica) vaga no Oscar e nua nas ruas da Lapa

por Marcos Candido em

Em uma madrugada no início do ano, Maria Flor embarcou em um Uber em direção à Lapa, região central do Rio de Janeiro. Estava na companhia da equipe do amigo e fotógrafo Jorge Bispo e vestia apenas um roupão preto, salto alto e batom escuro. Ao chegar em uma rua deserta do bairro boêmio, Maria desembarcou do carro, deu uma olhada ao redor, abriu o roupão e ficou nua diante das lentes.

O ensaio sensual estampou a capa da terceira edição da 3, revista assinada por Jorge Bispo. "Fiz por vaidade. Busquei as melhores poses e rostos para montar um clima sensual muito meu", diz Maria, aos 33 anos.

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As outras fotografias foram registradas em um clube da região na companhia do colega Johnny Massaro. "Havia uma potência feminina em registrar meu corpo como ele é hoje - sem dinheiro, só porque eu quero e como eu quero", contou à Tpm durante uma entrevista feita em um café no Jardim Botânico, na zona sul carioca. E a objetificação da mulher, como fica? “Acho que existe, sim, uma objetificação na revista do Bispo. A diferença é que tem uma divulgação menor e mais íntima, não tem outdoor por aí. Mas eu vejo muito mais a força feminina do ensaio. Seu poder. Fora isso, eu quis ficar pelada na rua, o corpo é meu, posso me montar como eu quiser". Para Jorge Bispo, Maria é destemida. "Ela se arrisca como poucas artistas", diz o fotógrafo.

Crédito: Jorge Bispo

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Ao longo da carreira, Maria já foi Aline, protagonista do seriado global de mesmo nome, encarnou a "mãe branca dos índios", Marina Villas Bôas, em Xingu, e foi diretora de Só Garotas, série exibida Multishow com inspiração na norte-americana Girls. Já perambulou por novelas em todas faixas de horários da Rede Globo. No cinema, atuou ao lado de Anthony Hopkins, Jude Law e Juliano Cazarré em 360, longa dirigido por Fernando Meirelles, um dos cineastas brasileiros mais renomados de todos tempos. Para o próximo ano, está prestes a finalizar Atrizes, documentário em que retrata Mariana Lima, Andrea Beltrão e Malu Galli na criação de uma peça teatral. Também é sócia de sua mãe, a roteirista e diretora Marcia Leite, na produtora Fina Flor Filmes.

“Passei dos trinta anos e pude me sentir dona de mim mesma”

 

Anos determinantes

Atualmente, Maria mora sozinha em um apartamento no Rio de Janeiro, após dois relacionamentos que consumiram parte dos seus 20 e poucos anos. Depois dos 30, a atriz busca se preocupar apenas com as decisões mais determinantes para o futuro - sem pilhar com as cobranças e holofotes do agora, que estão sempre à espreita atrás de quem dá as caras na maior emissora de TV do país.

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Atualmente, ela interpreta Flavinha, em A Lei do Amor, novela das 9 exibida pela Rede Globo. Para viver a personagem, trocou os longos cabelos ondulados por um corte curto. A decisão rendeu longas análises na internet. Em 2016, Maria voltou a ter que lidar com o apontar de dedos virtuais. Ela está no longa-metragem O Pequeno Segredo, que desbancou Aquarius e foi escolhido para concorrer a uma vaga no Oscar. "Os dois filmes são ótimos, só que ficaram num mar de opiniões acaloradas gerada pela maluquice da internet", desabafa. “Acho que o natural seria Aquarius concorrer, até por ter ele foi pra Cannes, que é o grande festival, mas não foi o que rolou, e no fim, Pequeno Segredo ficou como uma zebra no meio do buchicho. Mas os dois filmes são ótimos!”. 

Hoje, Maria se descreve uma "voyeur": prefere observar com mais leveza e admiração a vida e a si mesma. "São tempos difíceis para dialogar. Nas redes há uma cultura de apontar o dedo na cara. Já não me empenho em me explicar. Só faço meu trabalho", defende. Nascida e crescida no Rio, acredita que o ar litorâneo foi que a criou desse jeito, como uma típica carioca: alguém que sabe relaxar, mesmo em meio aos caos. 

Crédito: Jorge Bispo

Independente financeiramente desde a adolescência, Maria aprendeu a buscar seu horizonte repleto de objetivos. Um dos alvos desta paisagem, ainda hipotético, é se tornar mãe. "Sei que a maternidade não é essa experiência romântica, mas acredito que exista um poder nesse ato que potencializa o corpo feminino", explica. E potencializar é com ela mesma, seja fora das telas, na direção ou fotografando nua pelas ruas. Isso porque Maria está só começando. "Com 30 anos, pude me sentir dona de mim mesma". Aguarde.

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Créditos

Imagem principal: Jorge Bispo

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