Esquenta Casa Tpm: Mirian Goldenberg

Para a antropóloga, a mulher ainda está muito presa em provar seu valor

por Natacha Cortêz em

 

A antropóloga Miriam Goldenberg, 54, tem um currículo capaz de invejar qualquer mortal. Mirian se dedica a estudar e escrever sobre comportamento humano há mais de vinte anos. Entre seus temas: corpo, sexo, envelhecimento, mulher, casamento, felicidade e infidelidade. Autora de livros como Toda mulher é meio Leila Diniz, Nu & Vestido, De perto ninguém é normal, Infiel: notas de uma antropóloga e O corpo como capital, seu trabalho é discurso presente quando a vontade é questionar o universo feminino.

Convidada da Casa Tpm - ela já esteve nas Páginas Vermelhas da revista [leia entrevista aqui] -, aqui ela responde quatro perguntas que dão o tom do que será sua participação no evento.


Quais são as dores e delícias de ser mulher nos dias de hoje?
Miriam - A maior dor ainda é não ter a liberdade para sermos realmente verdadeiras, espontâneas, honestas com nossos próprios desejos. Ainda estamos muito preocupadas com a opinião dos outros, com a autoimagem, em provar nosso valor, em responder às demandas sociais. A maior delícia é conquistar a liberdade para ser tudo o que desejamos ser.

"Ainda estamos muito preocupadas com a opinião dos outros, com a autoimagem, em provar nosso valor, em responder às demandas sociais. A maior delícia é conquistar a liberdade para ser tudo o que desejamos ser"

Você se sente livre?
Não me sinto livre. Ainda me preocupo muito com o que os outros pensam, busco muito o reconhecimento pelo meu trabalho, dependo demais da aprovação dos outros. Ainda me preocupo com regras sociais invisíveis que dizem que mulher não pode isso ou aquilo. Gostaria de ser muito mais livre, mais "meio Leila Diniz". Falta isso: ser mais "meio Leila Diniz", ou melhor, "mais Mirian Goldenberg". 

Enquanto uma nova mulher aparece, um novo homem é construído. Novos comportamentos estão neles também. Como você lida com esse novo homem? 
Eu gosto de homens que são mais sensíveis, que sabem ouvir, que não têm medo de intimidade. Gosto de homens que choram, que são frágeis e fortes. Não sei se são homens novos ou se sempre existiram, mas eles, hoje, podem ser muito mais livres para serem o que são. Gosto de homens que querem aprender com a relação, que não querem dominar ou serem dominados. Acho difícil encontrar homens (e mulheres) que conseguem escapar do jogo da dominação, mas não é impossível.

"Gosto de homens que querem aprender com a relação, que não querem dominar ou serem dominados"

Em relação à Casa Tpm, qual é sua expectativa?
Eu estou adorando participar da Casa Tpm para discutir velhas e novas questões sobre as mulheres brasileiras. Gosto de eventos que provoquem novos pensamentos e visões sobre velhas questões. O que as mulheres que pesquiso dizem é que elas querem mais liberdade. A Casa Tpm veio para contribuir para a realização deste desejo feminino. Acredito em micro revoluções cotidianas, em mudanças importantes no nosso dia a dia. É esta a minha expectativa: ajudar nestas pequenas e grandes transformações na vida cotidiana das mulheres brasileiras.

 

Ficou com vontade de ouvir mais a Mirian? 
Inscreva-se na Casa Tpm, o evento acontece dias 4 e 5 de agosto, em São Paulo. 

 

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