Casa Tpm 2012

Dois dias, mais de 1.300 pessoas: assim foi a primeira Casa Tpm, evento que discutiu os principais temas do universo feminino e reuniu reflexão, irreverência e muita conversa

por Redação em

Com a vontade de ampliar a discussão dos temas abordados na revista desde a sua criação e inspirada no Manifesto Tpm , a primeira edição da Casa Tpm encheu de leitores e formadores de opinião o Nacional Club, no bairro do Pacaembu, em São Paulo. Nos dias 4 e 5 de agosto, convidados como a antropóloga Mirian Goldenberg, o cartunista Laerte e a cantora Gaby Amarantos discutiram, com muita reflexão e leveza, os estereótipos femininos que estão aí desde o tempo das nossas avós.

As atividades ocuparam cada canto do casarão. No salão principal, aconteceram os debates à tarde e shows à noite. Durante toda a programação, as convidadas podiam pintar as unhas – e tomar um drinque da mesma cor do esmalte –, passar pelo circuito Natura, que incluía maquiagem, perfumaria e o espaço Chronos, espiar os ensaios masculinos memoráveis da Tpm no Santuário.

“A Tpm é a única revista feminina que não mente a idade. São 11 anos procurando fazer uma revista que acha que o universo feminino vai do bife ao infinito, da Simone de Beauvoir ao rímel. E que isso é rico, uma coisa pode conviver com a outra perfeitamente.” Foi assim que o diretor editorial da Trip Editora, Fernando Luna, deu as boas-vindas ao público que lotou o salão principal no dia 4 de agosto. “Ainda há uma crença forte da mulher como um ser inferior, como ‘mulherzinha’. Todo mês tentamos fazer uma revista que não ensina cem maneiras de conquistar o seu homem – ainda mais com esses homens que andam por aí”, brincou. E falou da importância de discutir o papel da mulher hoje. “Algumas chamadas de revistas femininas são difíceis de acreditar. ‘Como ficar jovem para sempre.’ ‘Como colocar silicone sem riscos.’ ‘Plástica light.’ A plástica light deve engordar menos que a prática regular. É uma loucura que se escreva tudo isso e a gente ache normal”, finalizou.

SÁBADO

Ficou por conta da chef Bel Coelho o almoço de abertura da Casa Tpm, para convidados. Junto com o prato oferecido – uma releitura da feijoada da sua cozinheira de infância –, Bel falou sobre comida com afeto. A programação seguiu com o primeiro debate, reunindo a antropóloga Mirian Goldenberg, o cartunista Laerte e a atriz Maria Ribeiro, que discutiram sobre o que é ser mulher hoje. O papo rendeu declarações: Maria Ribeiro disse achar a monogamia um atraso e Mirian afirmou que a diferença entre homens e mulheres “é apenas 20 centímetros”. Na sequência, a filósofa Viviane Mosé expôs suas ideias: “Discutir diferença de gênero não leva a nada, precisamos todos evoluir como seres humanos”.

Mais tarde, o escritor Xico Sá fez um bem-humorado manifesto por uma “política pubiana responsável”. As criadoras do blog Mothern, Juliana Sampaio e Laura Guimarães, discutiram os engessados papéis de mães e pais. No fim do dia, a neurocientista Suzana Herculano- Houzel explicou que os cérebros de homens e mulheres têm pouquíssimas diferenças, e a pesquisadora Denise Gallo apresentou seu estudo sobre a saga da reinvenção da mulher na mídia. A colunista Milly Lacombe, depois de ler um depoimento de como anunciou para sua mãe que era gay, disse por que acredita que o mundo deveria ser cada vez mais feminino. Por fim, afastados os móveis, Karina Buhr subiu ao palco e colocou a casa para dançar.

Domingo

No segundo dia, o salão principal recebeu o estilista Ronaldo Fraga, a modelo Caroline Ribeiro e a figurinista da TV Globo Marília Carneiro para discutir a busca incessante por corpos magros e por que a moda (ainda) se prende a tendências. Carol levantou a questão de que a moda só devolve à sociedade o que a sociedade busca – e que a magreza, portanto, seria uma exigência social, e não dos estilistas. Em seguida, a produtora Paula Lavigne contou, com exemplos que fizeram a plateia rir, por que preferia ter nascido homem. Já a cantora Gaby Amarantos, ao lado da psicanalista Joana de Vilhena Novaes, falou sobre a ditadura do corpo, do manequim 38 e do Photoshop. “Essa discussão é provocativa, mas é uma discussão necessária. Não tem número certo de roupa. O seu número é que tem que ser o número certo”, disse Gaby.

Para falar sobre política, as ativistas Sara Winter e Bruna Themis, do Femen Brazil, dividiram o palco com a jornalista e âncora da GloboNews Cristiana Lôbo num papo descontraído sobre a influência da mulher na política atual e as novas armas do ativismo feminino. No final da tarde, o fotógrafo Bob Wolfenson, que falou sobre a trajetória da fotografia de moda no Brasil e no mundo. Depois, a apresentadora Chris Nicklas discursou sobre as agruras de envelhecer numa época em que isso se tornou quase proibido. Para encerrar – e comemorar – os dois dias de Casa Tpm, Wanderléa embalou o público com seus sucessos e fechou o show com a participação da cantora Marina Lima.

 

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