Memória afetiva

Mais do que amigos, animais podem ser companheiros de rotina, de trabalho e de transformação. Para falar sobre isso, a médica veterinária Valéria Oliva e a atriz Martha Nowill participaram da última Casa Tpm em um papo oferecido por Nestlé Purina, que transformou o evento em um espaço acolhedor para os pets e incentivou a adoção.

Valéria é criadora do projeto Cão Cidadão Unesp, que busca, entre outras coisas, ajudar na socialização de crianças autistas usando cachorros. Ela falou sobre a evolução dos pacientes e sobre como o comportamento dos animais se adapta de acordo com as necessidades das pessoas que estão sendo trabalhadas em cada terapia.

Para a Tpm, Valéria conta as diversas transformações que vivenciou desde seus primeiros contatos com os animais. 

"Não me recordo de um único dia em minha vida de que os animais não fizeram parte. Os cães, em especial, estão em minha memória afetiva mais remota e lembro com clareza da convivência constante com Vegas, Dudus, Cacaus e Lunas de muitas raças, cores e tamanhos. Todos, sem exceção, transmitiam a doçura e pureza que somente um balançar de cauda é capaz de transmitir.

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Por eles, me tornei médica veterinária sem ter cogitado exercer outra profissão. De apenas membros da família, essas criaturas passaram a ser também meus objetos de estudo, meu objetivo de realização profissional e minha felicidade. Ao longo de mais de 30 anos de profissão, aprofundei meu amor por eles mas, acima de tudo, aprendi o que é amor incondicional, fidelidade, carinho incansável e admiração divina.

Entre latidos, miados e lambidas, aprendi a ser uma pessoa melhor, mais empática, mais tolerante e a esperar o melhor do ser humano. Entendi, aos poucos, qual é o papel desempenhado por esses seres na harmonia familiar, na companhia às pessoas solitárias e no sentido de responsabilidade que cada tutor desenvolve ao cuidar, com felicidade, de seu animal.

Os bichinhos de estimação são os protagonistas de famílias inteiras. São eles que definem a vida e orientam a trajetória de todo o grupo familiar. Não raro, observei famílias planejando férias em que seus animais pudessem ser incluídos, limitando trabalhos pelo tempo em que seus mascotes ficariam em casa sozinhos ou até mesmo escolhendo lares e carros que pudessem satisfazer às exigências de conforto e bem-estar dos pequenos.

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Essa quase exclusividade com o qual os animais dominam os membros das famílias é surpreendente, mas compreensível. Afinal, apesar de serem exigentes, temos muito amor e carinho por eles. Quem tem a companhia de um animal em casa sabe que não há remédio mais eficaz do que ser recebido por pulos de alegrias, latidos ou miados desvairados e caudas girando como um ventilador.

Não tenho dúvidas de que um mundo sem animais de estimação seria um mundo sem graça."