Eles estão entre nós

por Redação

Conheça os homenageados do Trip Transformadores 2015

Há nove anos, o Trip Transformadores celebra o trabalho de pessoas que, por todo Brasil, mostram que o jeito mais eficiente de tornar o mundo um lugar melhor para se viver é traduzindo suas paixões em atitudes práticas e a serviço do bem comum. São médicos, agricultores, líderes espirituais, cozinheiros, artistas, esportistas, banqueiros, ex-moradores de rua, empreendedores. Um coletivo de gente diversa que já entendeu que descobrir o seu talento e colocá-lo a serviço de algo maior vale à pena. Mais do que uma premiação, o Trip Transformadores é um movimento que vem ganhando força. Nossos quase 100 homenageados são exemplos de gente apaixonada pelo que faz e que, por alinhar propósito e trabalho, vem garantindo mais igualdade e equilíbrio para a sociedade – além de satisfação em suas trajetórias pessoais. De projetos filantrópicos a negócios sociais, o intuito de reunir tantos bons exemplos é inspirar cada um de nós a empreender a própria felicidade. A apostar naquilo em que acreditamos, a eleger uma ou mais causas para serem nossas escolhas profissionais e de vida. Porque, chavões à parte, toda transformação genuína começa de dentro para fora.

OSGEMEOS

Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo trabalham juntos desde crianças. Conhecida internacionalmente como OSGEMEOS, a dupla explora a rua como lugar de estudo, intervenção e arte. Os artistas têm obras individuais e coletivas em mais de dez países e seguem usando o improviso para resgatar a atenção por espaços abandonados, mal cuidados ou esquecidos. A primeira obra permanente da dupla está desde janeiro nos jardins do Museu Casa do Pontal, no Rio: uma espécie de bunker que serve de manifesto contra a especulação imobiliária desenfreada e sem planejamento. As construções ao redor do terreno vêm causando problemas em sua estrutura e pondo em risco o acervo do museu, tido como o maior em arte popular brasileira. Para os irmãos Pandolfo, a ocupação criativa é um caminho para ressignificar a cidade.

OZIRES SILVA

“Os próximos 30 anos da minha vida serão dedicados a melhorar a educação do Brasil”. É o que diz Ozires Silva do alto de seus 84 anos de idade e de uma trajetória que se cruza com a história do desenvolvimento do país. Engenheiro Aeronáutico, foi o fundador e o primeiro presidente da Embraer. Presidiu a Petrobras, a Varig e dirigiu o Ministério da Infraestrutura no início dos anos 90. Aos 72 anos, criou a Pele Nova Biotecnologia, primeiro fruto da Academia Brasileira de Estudos Avançados, empresa focada em produção de tecnologias para saúde humana. Desde 2008, é reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos (SP), e oferece o prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável para os melhores projetos nas áreas de empreendedorismo e sustentabilidade.

KATIELE FISCHER

Se uma substância ilegal é vital para manter a saúde de um filho, é preciso romper tabus. Katiele Fischer rompeu, em nível nacional, o tabu da comercialização do canabidiol (CBD), substância derivada de maconha, para uso medicinal. A necessidade da filha, portadora da síndrome CDKL5, problema genético que causa epilepsia grave e sem cura, a levou a ser a primeira brasileira a conseguir na justiça o uso do remédio – uma luta dela e de outras mães, retratada no documentário Ilegal, de 2014. O caso reacendeu a discussão para a liberação do uso da maconha medicinal e fez com que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberasse o CBD sob recomendação médica.

CAIO GUIMARÃES

Desde pequeno Caio Guimarães sonhava em fazer algo grandioso e benéfico para a humanidade. Aos 23 anos, ele fez. Criou uma “lanterna medicinal” portátil capaz de erradicar infecções provocadas por bactérias resistentes a antibióticos, usando apenas frequências de luz. A descoberta torna os tratamentos mais simples, acessíveis, menos invasivos e mais rápidos. Por quebrar paradigmas da medicina, os passos do estudante de engenharia, que começaram na Escola Politécnica de Pernambuco, passaram pelo Wellman Center for Photomedicine, em Boston, e chegaram à maior conferência de fotomedicina do mundo, onde Caio representou Harvard e MIT.

ERNST GÖTSCH

É preciso preservar, mas é possível regenerar. O agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch é prova de que a agricultura regenerativa pode ser um caminho de desenvolvimento para o país. Estabelecido em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia desde os anos 80, vem desenvolvendo técnicas de recuperação de solos. O equivalente a 480 campos de futebol foi recomposto, dos quais 350 se transformaram na primeira Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) da Bahia. Além da colheita agrícola, observou-se que a fazenda desenvolveu seu próprio microclima, 14 nascentes de água foram recuperadas e a fauna repopulou o lugar. A partir do experimento – chamado de agricultura sintrópica –, Götsch elaborou um conjunto de princípios e técnicas para integrar produção de alimentos e regeneração natural de florestas que tem sido adaptado a diferentes regiões e climas nos últimos 30 anos.

STELA GOLDENSTEIN

Desde 1975, muito antes de termos como “ecologia” e “sustentabilidade” caírem no gosto popular, a geógrafa Stela Goldenstein já militava na área de urbanização com foco no meio ambiente e liderava programas de gestão ambiental em São Paulo. Foi secretária estadual do Meio Ambiente na gestão Mário Covas, secretária municipal na gestão Marta Suplicy e assessora do prefeito e depois do governador José Serra. Hoje, à frente da diretoria executiva da Fundação Águas Claras do Rio Pinheiros, Stela sonha de forma prática com a despoluição da Bacia do Pinheiros e com sua reconciliação com a cidade.

LAMA MICHEL

Aos 5 anos de idade, ele foi reconhecido como a reencarnação de um iogue e mestre tibetano. Aos 12, começou na vida monástica: por 11 anos, viveu em um monastério na Índia, para receber a formação dedicada aos Lamas – e para estudar Budismo, Tantra, medicina e astrologia. Hoje, aos 34 anos, Lama Michel orienta centros budistas na Itália e o Centro de Dharma da Paz, em São Paulo. Presidente da Fundação Lama Gangchen para a Cultura de Paz, divide seu tempo entre a casa na Itália e as viagens pelo mundo para dar sequência ao trabalho de seus mestres, compartilhando conhecimento com o intuito de ajudar as pessoas a ter uma visão mais clara da vida e, assim, eliminar o sofrimento. Autor dos livros: Uma ideia de paz e Coragem para seguir em frente, ele diz que o sentido da vida está no processo de escutar, refletir, compreender e compartilhar. E assim chegar à felicidade.

GUGA KUERTEN

Ex-número 1 do mundo e maior tenista da história do país, Gustavo Kuerten, sempre reservou parte do tempo para ações sociais. O envolvimento com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) aconteceu desde os primeiros anos como profissional. Com o sucesso nas quadras, Guga e a família fundaram no ano 2000, em Florianópolis (SC), o Instituto Guga Kuerten, com programas de esporte, educação, políticas de defesa dos direitos dos cidadãos e projetos voltados à pessoa com deficiência. Mais do que isso, sua atitude simples, humana e digna, como atleta e figura pública, enche os brasileiros de orgulho.

REGINA TCHELLY

O Favela Orgânica é o sonho de vida da chef autodidata, empresária e ex-doméstica Regina Tchelly. Em 2011, juntou mães das comunidades dos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona sul do Rio de Janeiro, e com um investimento de pouco mais de R$ 100 realizou a primeira oficina. Desde então, a paraibana levou o projeto para mais sete estados brasileiros e criou mais de 400 receitas, com a missão de mudar nossa relação com os alimentos. O impacto é sistêmico: a proposta mostra que hábitos e práticas alimentares saudáveis e sustentáveis transformam a vida de cada um e que conhecer o ciclo dos alimentos é essencial para evitar desperdícios e reduzir a fome em comunidades vulneráveis.

THOMAZ SROUGI

Thomaz Srougi é fundador de um dos mais bem-sucedidos negócios sociais do Brasil: a Dr. Consulta, rede de clínicas particulares voltadas a pessoas das classes C e D sem plano de saúde, e que oferece atendimento em mais de 27 especialidades por, em média, R$ 80. Um hemograma sai por R$ 10; o raio-X do joelho, por R$ 25. A iniciativa não tem nada a ver com filantropia. É um negócio criado para fazer dinheiro, com metas rígidas de desempenho e controle de custos, que já fatura mais de R$ 6 milhões por ano. A ideia surgiu quando Srougi estava na Universidade Harvard, nos EUA, onde estudou gestão. A rede conta hoje com cinco unidades, todas na grande São Paulo, e uma equipe de 150 médicos.

 

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