Mais amor entre nós

por Camila Eiroa

Projeto nascido na Bahia quer que mulheres troquem serviços gratuitos entre si

Para a jornalista Sueide Kintê, de 30 anos, mulheres estão acostumadas a ajudar umas as outras desde sempre. O que acontece é que, com a correria do dia a dia, essa prática vai desaparecendo aos poucos. Foi em um sábado tranquilo em Salvador, onde mora, quando Sueide, ainda deitada na cama, pensou: "Preciso ajudar uma mulher que nunca vi na vida, é uma maneira de ampliar a nossa própria voz".

Assim nasceu o projeto Mais amor entre nós, primeiro como página no Facebook e hoje, depois de seis meses, como site e plataforma atuante não só na Bahia como em São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Brasília, Argentina, Espanha e Londres. A ideia é simples, oferecer serviços gratuitos para outras mulheres. E tem de tudo, desde lavar roupa, cuidar de bebê, prestar assistência jurídica e escrever projetos sociais, até comer uma panela de brigadeiro sem culpa (isso mesmo!).

Leia também: Etiene Martins é responsável pelo primeiro jornal independente de Belo Horizonte dedicado à cultura negra

"É só para as mulheres porque somos um sujeito mercantilizado. Se existe um grupo de pessoas dentro da sociedade brasileira que é mais vulnerável, é o de mulheres, principalmente as negras", acredita a criadora do projeto. Ela conta que já ensinou a fazer molho de macarrão, se aventurou como babá e recebeu muita coisa em troca, como por exemplo toda a identidade visual do site e redes do Mais amor.

Hoje, centenas de mulheres formam essa comunidade e, além das trocas, elas também propõem encontros para discutir questões recorrentes ao universo feminino em relação ao trabalho. "Muitas vezes temos trabalhos fora e dentro de casa. Qual é o dia da semana que podemos nos dedicar a fazer algo só pra gente?", pontua Sueide. Para ela, é necessário reconhecer os privilégios que existem também entre as mulheres. "Dentro de um modelo capitalista, para uma pessoa estar bem, a outra necessariamente precisa estar menos desfavorecida. É muito difícil fugir desse tipo de desigualdade em um sistema como esse."

Sororidade, para a jornalista, é isso. Ela conta orgulhosa sobre a quantidade de mulheres que mandam relatos pela página do projeto agradecendo por terem conseguido ajuda jurídica, consultas psicológicas para cuidar de depressão pós-parto e até feito aquele book fotográfico pra dar um up na autoestima. "É gratificante ver que é possível mudar a vida de outras mulheres, elas me fazem acreditar que o dinheiro não é mais importante que as relações."

Vai lá: maisamorentrenosbrasil.com.br

Créditos

Imagem principal: Fabiana Braz

fechar