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Beleza Feminina na Casa Tpm 2012

por Redação

Gaby Amarantos e Joana Vilhena de Novaes discutiram sobre ditadura da beleza

A pesquisadora e psicanalista Joana Vilhena de Novaes e a cantora Gaby Amarantos movimentaram a Casa Tpm com o Tête-à-Tête sobre Beleza Feminina.

Veja o que elas falaram:

Joana Novaes: "As doenças da beleza dizem respeito a toda e qualquer insatisfação com a própria imagem corporal. Essas coisas podem gerar um desconforto tão grande que elas passam a interferir no trabalho, na vida social, na vida amorosa e mais. Somos todas vítimas disso."

Gaby Amarantos: "Eu sofri bullying na infância por ser gordinha, por ser negra e por muito mais. Estudei numa escola de classe média, o que era difícil pra minha mãe manter. E onde eu estudava eu era a única menina negra. Todas as outras eram lourinhas, magrinhas e brancas. Hoje em dia eu agradeço pela educação que tive, porque isso me deixou preparada para resistir a tudo."

"Eu descobri que posso ser feliz sozinha. Amo amar, amo fazer amor, mas eu estou feliz comigo. E essa felicidade tem que ser verdadeira. Vamos parar de colocar toda a nossa expectativa na outra pessoa."

"Já fui uma vez por mês fazer uma lipoescultura. E isso deixou sequelas terríveis em mim. Por isso que eu digo que o importante é você ser feliz e saudável acima de tudo.E não é porque eu sou gordinha que eu sou flácida. Há também mulheres magras que sofrem por serem magras demais. Isso me ajudou a descobrir que a felicidade está dentro de mim. Eu sou livre e permito a fazer o que eu quiser. Eu faço a minha própria moda, eu faço minha própria arte."

"A gente vive uma nova era e uma nova fase. Hoje a mulher está no mercado de trabalho. Então acima de tudo, a passagem dessa fase deprimida que eu tive veio de me aceitar, não depositar minha vida em outra pessoa e do amor que eu sinto pelo meu filho."

"Tem sete bilhões de habitantes e apenas dez top models. Isso tem que querer dizer alguma coisa", Joana Novaes

Joana: "A infância está longe de ser um paraíso. Os traumas de toda relação em desalinho se forma lá atrás, quando o bullying gera a falta de aceitação."

"Mesmo tanto tempo depois da revolução feminista e da pílula ter teoricamente 'liberado' a mulher, a maternidade ainda é uma grande questão. No caso da Gaby, a maternidade deu a ela autonomia. Foi isso que permitiu que ela criasse seu próprio personagem. Isso tornou toda a carreira da Gaby em uma coisa muito autoral."

"Eu imaginava que em Belém o culto à beleza fosse menor do que no Sudeste. Eu tinha muito mais dificuldade de encontrar os indícios disso lá do que no Rio."

"Essa relação do corpo com a comida é um discurso da classe média alta e que não é o corpo mais desejado nas classes populares"

"Agora que a Classe C chegou na novela, esse corpo menos magro também vai chegar. A beleza é muito mais ampla do que esse padrão que a gente tem. A televisão está na casa de todo mundo"

Gaby: "A mulher da periferia tem muito pra ensinar pra gente. Ela não tá preocupada com o esmalte descascado ou se o jeans 38 não está servindo. Elas tem atitude e são muito felizes"

"Aparelhagem é inclusão social"

Joana: "A praia carioca não é democrática. É um espaço importantíssimo, mas você tem um mapa bem definido. Não é em qualquer praia carioca que tem mulher com todo tipo de corpo"

"A mulher da periferia curte o corpo. Curte e aproveita", Gaby Amarantos

"A mulher não consegue dissociar a ideia dela com seu corpo. O homem é avaliado por outros aspectos. Ele é socializado para ser um homem público.Isso vem desde pequeno. Claro que isso está mudando, mas ainda é muito lento. Hoje em dia você tem valores extremamente conservadores que convivem com outros valores contemporâneos. Quando você associa historicamente a relação da mulher com seu corpo você vê como é diferente da relação do homem com seu corpo."

Gaby: "Faço dieta sim, sempre fiz dieta. Mas minha dieta é comer bem. Eu malho, faço exercício de condicionamento, mas não quero ser magra. Estou feliz com o meu corpo do jeito que ele é"

"Eu equilibro minha comida. Se como bolo hoje eu não como amanhã. Mas eu não tenho mais essa preocupação com ganhar três quilos. Consegui me libertar disso."

"Desde criança eu queria uma roupa que acendesse. Sempre quis ser uma árvore de Natal"

"Hoje, ser gorda é considerado ser menos mulher"

"Quando eu era menina queria casar com o Boy George. Achava lindo ele parecer com uma menina".

Joana: "Você ser autêntica é uma coisa. E isso demanda um enorme trabalho. Mas é preciso tomar cuidado para não ser exótico. É um sinal de saúde psiquica você conseguir se encaixar em um determinado parâmetro e código. Você estar adequado não precisa se confundir com perder sua personalidade."

Gaby: "Essa discussão é provocativa, mas é uma discussão necessária. Não tem número certo de roupa. O seu número é que tem que ser o número certo"

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