por Diogo Rodriguez

A modelo paulistana não gosta de homem certinho: ”Tem que ter cara de cafajeste”

Cybele Zanin se esforçou muito para fazer este ensaio. Tirou a roupa e enfrentou a água gelada de uma cachoeira durante o intenso inverno paulista. Estar no litoral norte do estado não ajudou muito, conta: "A água estava muito gelada". Mas não disse isso para reclamar. A ex-modelo paulistana se soltou para o fotógrafo durante o dia gelado: "Fiquei um pouco tímida no começo, mas me entreguei. O que o fotógrafo pediu, eu fiz. Tive prazer em fotografar".

E é essa característica, a entrega, que ela faz questão de ressaltar durante toda a entrevista. Foi modelo, hoje trabalha numa marca de roupas femininas, namorou muitas vezes, sempre "se jogando", como gosta de dizer. De família interiorana e conservadora, Cybele não teve moleza para namorar na adolescência. Seu pai só deixava se fosse na sala de casa, sem poder sair ou ir para a balada.

Bem mais livre e solta em São Paulo, para onde veio aos 17 anos, Cybele Zanin deixou a casa dos pais para virar modelo na capital paulista. Aos 30, ainda exuberante, podia continuar se quisesse, mas preferiu se dedicar a outra carreira. Resolveu dar, mais uma vez, a chance de ser registrada pelas lentes.

O que você gosta de fazer?
Gosto de estar sempre rodeada de amigas. Como sempre morei sozinha, não suporto ficar sozinha. Tenho um cachorro maltês que é meu companheiro. O Eros, o deus do amor [risos]. Gosto de sair para dançar, curtir. Adoro música. Não vou para a balada paquerar, vou para curtir. Não suporto quando você quer curtir e ficam te paquerando. Óbvio que se aparece alguém interessante, a gente conversa.

Você é muito assediada na balada?
Depende do dia. Não sou séria, metida, nem nada, mas eu passo isso. Muita gente que não me conhece acha que sou metida, riquinha. É a minha timidez. Não gosto de entrar sozinha na balada, alguém tem que me esperar na porta, senão vou embora. Eu não gosto de ser o centro das atenções, de chegar e todo mundo ficar te olhando, comentando.

Que tipo de homem você prefere?
Um homem não me agrada pela beleza. Se for bonito por dentro e por fora, ganhei na loteria. Não é fundamental. Tem que ser especial, companheiro. Às vezes chega um cara que eu digo: "Nossa, que vodu!". Mas aí começa a conversar, é bacana, inteligente, brincalhão, pronto. Ele se tornou a pessoa mais bonita da noite. É o papo. Óbvio que o que você vê primeiro é a beleza física, mas eu não gosto de homem todo certinho, bonequinho. Tem que ser homem com cara de cafajeste [risos].

Namorou muito?
Sempre namorei.

Está namorando agora?
[Faz pausa] Não sei. Tô enrolada [risos].

Quando foi seu primeiro namoro?
Com quinze anos. Namorei três anos, mas era no interior, então namorei na sala, meu pai não deixava sair de jeito nenhum. Fui traída horrores. Fui criada muito certinha, como antigamente: mulher tem que casar virgem, essas coisas. Meus pais não deixavam sair para a balada. Hoje eu agradeço muito por ter tido essa criação, porque saí de casa muito cedo. Hoje menina de 15 anos te dá um banho. Nossa, eu brincava de Barbie!

E depois?
Vim para São Paulo e tive muita dificuldade de me adaptar, era muito grudada com minha mãe. Morei com meu tio e minha prima. Eu tinha medo dos homens de São Paulo. Aqui comecei a ir em festas, os homens chegavam em mim, morria de medo. Daí conheci uma pessoa, namoramos durante um ano. Depois, com uns 19 anos, namorei dois anos um cara mais velho do que eu. Foi o primeiro namoro mais sério que eu tive. Aí namorei mais dois anos. Sempre namorei. Agora estou há muito tempo sozinha, nove meses. Nunca fiquei tanto tempo solteira. Hoje está tudo diferente, ninguém leva a sério. Para aceitar um namoro, tenho que confiar, acreditar que temos os mesmos objetivos. Não quero mais brincar.

Sua educação foi estrita, religiosa. Foi difícil se soltar?
Foi. Sempre tive muita restrição, meus pais me colocaram medo, meu sonho era casar virgem. Perder a virgindade com o homem da minha vida. Hoje, não é fundamental. Não existe regra para relacionamento. Existe prazer, satisfação, ser feliz. Independente de se rolou na primeira noite ou depois.

Como você começou a trabalhar como modelo?
Morria de vergonha do meu corpo, escondia. Nunca pensei em ser modelo. As pessoas é quem me inscreviam nos concursos. Começou na escola, Miss Estudantil. Daí em diante, não parei mais.

Como você é nos relacionamentos?
Se tô namorando, me jogo. Não consigo não ser eu. Quero encontrar alguém parecido, porque tenho um jeito carinhoso que as pessoas confundem com sufocar. Quem não tem ciúmes? Um pouco de ciúmes é gostoso. Adoro carinho, ser mimada. A melhor coisa é acordar com um bilhetinho na cama. Vale muito mais do que ganhar uma bolsa, um relógio.

Seus namorados tinham ciúme por causa da sua profissão?
Sim, muito. Até por isso larguei, dava muita confusão, briga. Tive namorados que não ligavam, mas tive outros que sim. Era uma guerra.

Muitos casais de namorados tiram fotos dos seus momentos, digamos, íntimos. Você teria coragem, acharia bacana?
Teria coragem. Faria uma foto carinhosa, sensual para um namorado.

Já fez?
Não. Deixa eu lembrar. Não lembro de ter feito. Namorei um modelo, mas com ele fiz catálogo junto. Nunca fiz. Mas não tenho nada contra. Tudo é válido na intimidade.

E a família?

Minha família é evangélica. Quando fui fazer meu primeiro ensaio sensual, contei só para minha mãe. Ela ficou preocupada: "Como vai ser, filha?". "Não, mãe, só vai aparecer seio."

Como se sentiu?
Foi muito intenso. Fiquei já sem roupa, natural. Mas fiquei um pouco tímida no começo. Me entreguei. O que o fotógrafo pediu, eu fiz. Tive prazer em fotografar.

 

Produção Camila Nuñez Make Adilson Vital Créditos de moda Verve, Triya, Filha de Ísis, Calvin Klein Jeans, Cherry Pie

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