Nas Páginas Negras, Guilherme Fontes direto do olho do furacão
“Recomeço” é o tema que inspirou a edição #239 da revista Trip, que chega às bancas nesta semana. Uma mulher que retoma sua liberdade depois de inúmeras passagens pelo sistema carcerário; um rolê de stand up pelas águas do Pinheiros para denunciar o absurdo do descaso com nossos rios em plena seca; um ator que decidiu se tornar cineasta e tenta após 20 anos lançar seu filme -- no caso, o ator Guilherme Fontes que filmou Chatô, o rei do Brasil, inspirado na biografia de Fernando Morais.
Abaixo, um pequeno trecho da entrevista com Fontes. "Eu me sinto como um náufrago que, depois de anos e grandes tempestades, chega à costa carregando seu tesouro”, desabafa o ator/produtor que, para quem duvida, garante que vai lançar seu filme em breve.
Que grande lição você tirou dessa história toda, da filmagem do Chatô?
Jamais faria um filme sem o dinheiro todo na conta. Foi meu único problema. O dinheiro tem que estar 100% na conta. A lei permite usar mesmo que você não tenha 100%, isso está errado. Sair pra captar é legal e você envolve outros personagens no processo. Por outro lado, você coloca pessoas que não têm nada a ver com o processo pra decidir sobre o negócio. Tudo bem que você precisa de anunciantes, mas não pode condicionar à existência desses patrocinadores a obra cultural do país. As pessoas já estão começando a usar dinheiro próprio e esquecendo do incentivo.
O que podemos esperar do filme?
Estou encantado com o lançamento do Chatô. Acho que fizemos um grande trabalho. Como disse o Cacá Diegues, quando viu o material bruto: “É o último filme tropicalista do cinema brasileiro”. É uma grande homenagem ao cinema novo, ao modernismo, a tudo que admiro. Ao Fernando Morais pelo grande livro que escreveu. Não sei por que os figurões do cinema vieram me satanizar. Eu sou produtor pra brigar por mais espaços, mais empregos para a nossa classe. Fui até o fundo do poço por esse filme. Mas tinha mola lá embaixo. Valeu a pena.