Guilherme Arantes

por Luiz Filipe Tavares

Redescoberto pela nova geração da MPB, o cantor e compositor lança novo disco e fala de patrulha underground, Racionais MCs e muito mais

Guilherme Arantes não esconde de ninguém o gosto que tem pela música que mexe com o povo. Seu nome é sinônimo de pop romântico no Brasil, graças a um sem número de multiplatinadas trilhas de novelas e por aparições memoráveis diante dos maiores auditórios do país nos anos 70 e 80. Os Racionais MCs amam o cara. João Gilberto é só elogios a dele. Os novos nomes da música moderna o colocam em um patamar de cult. Enquanto isso continua compondo, continua gravando e continua lançando, desta vez de forma independente, a música que faz há quatro décadas.

 

"Tentei fazer um disco que fosse sanguíneo, que saísse sangrando emocionalmente. Minha tentativa foi fazer um disco furioso."

 

Seu mais recente disco é o Condição Humana, lançado pelo seu selo Coaxo do Sapo e gravado em seu estúdio-retiro no norte da Bahia, “perto de Salvador, que é um belo hub de embarque para todo o país”, como o próprio comenta. Produzido por ele mesmo com participações de peso que vão de Luiz Carlini a Edgard Scandurra, passando pelo quase-pupilo Marcelo Jeneci e por um coro com alguns dos maiores nomes da música contemporânea no Brasil, o cantor, compositor e pianista volta à cena com um disco de rock, que bebeu nos anos 70 as influências que desfila entre levadas harrisonianas. No que ganhou do próprio o apelido de “coral dos moderninhos”, Guilherme contou com a participação de um imenso coro na gravação da música “Onde Estava Você”: ali estavam Tulipa Ruiz, Kassin, Curumin, Thiago Pethit, Adriano Cintra (Madrid, ex-CSS), Mariana Aydar, Duani, Bruna Caram e Tiê, todos colaborando com o ídolo em seu primeiro disco desde Piano Solos, de 2011.

Guilherme recebeu a Trip em um cuidadosamente iluminado salão de jantar no hotel Marabá, centro de São Paulo, onde falou sobre a nova fase na carreira, a admiração pela música popular de fato, o pacto pelo fracasso no underground paulista e sobre como fazer um disco de pop rock sair da prensa sangrando.

O nome do disco é Condição Humana, que é um título bem forte. Como rolou a escolha do nome? Tem a ver com o momento que você está vivendo hoje?
O nome nasceu da música-título, que é um ragga rock. A letra fala sobre um planeta em mutação e eu vejo isso como uma coisa linda. Mas é um mundo tão instável e no qual a nossa condição é tão precária, que eu vejo que vivemos vidas perigosíssimas. Seja pelo vulcanismo ou qualquer fenômeno natural, tudo pode acabar em uma lambida do Sol. Vivemos a verticalização demográfica do planeta em uma ascendente exponencial preocupante. Não há emprego, planejamento familiar, nem nada. Vivendo em uma orgia de consumo da qual a humanidade faz questão de não se dar conta. Assim vamos em direção a um colapso. O mundo é estranho hoje e funciona de uma forma neutralizadora. É um mundo de paradoxos, com grandes problemas, ao mesmo tempo que encontra soluções magistrais. O nome vem dessas análises, dessa noção do ser humano viver preso à Terra enquanto procura distâncias cada vez mais insondáveis no universo. Tentei fazer um disco que fosse sanguíneo, que saísse sangrando emocionalmente. Minha tentativa foi fazer um disco furioso.

Você escreveu durante a produção do disco que queria fazer um disco “de colhões”. Ficou satisfeito com o resultado?
Muito! Sinto que o Condição Humana tem uma delicadeza especial enquanto tem uma pegada muito forte do meu piano. O piano é a âncora do meu som. É nele que sou único e é nele que reside “o som do Guilherme Arantes”. Não é um piano delicado, de cauda, tocado de forma sutil. É um piano de armário, socado, tocado com mão de pedreiro [risos]. Considero meu piano bem mais furioso do que o piano do Marcelo Jeneci, por exemplo, ou do Silva, que são pianos mais sutis. Sou mais espalhafatoso [risos]. Minha referência de piano vem de Ray Charles, Jerry Lee Lewis, que lembra um pouco o do Billy Joel, enfim, um piano mais de rock.

 

"O que está faltando para essa geração conseguir o sucesso do povo é sair desse gueto do 'o que a comunidade vai achar'. É como se um vigiasse o outro dizendo: 'olha, ninguém pode estourar, hein?'. Se estourar é mico..."


Qual é o seu disco que mais tem a ver com o Condição Humana?
Meu primeiro disco [Guilherme Arantes, 1976], que saiu pela Som Livre e tinha “Cuide-se Bem”, “A cidade e a Neblina”, é muito bom. Ele traz uma bagagem toda de uma vida pregressa que você despeja no primeiro disco. Por isso existe a síndrome do segundo disco, que você não tem mais toda a vida pra ajudar [risos]. O Janeci é que está vivendo esse terror agora. Eu falo dele porque somos muito próximos e vivemos tirando sarro um do outro pelas similaridades nas nossas carreiras. Mas o Coração Paulista (1980), que é um disco bem mais roqueiro, parece mais com esse novo disco. Só que, no meu modo de ver, ele é um disco que não tem canções tão poderosas e inspiradas como o Condição Humana tem. Claro que tem algumas boas, como “Brasília” com o Boca Livre e a própria “Coração Paulista” com o Arnaldo Baptista (Mutantes) e com a Lucinha Turnbull (Tutti-Frutti) nos vocais. Mas olhando de uma maneira geral, acho que esse disco novo é único. É o que tem a maior energia concentrada de toda a minha carreira.

Foi bom você falar da Lúcia, porque eu queria te perguntar sobre ela. Ela completa 60 anos agora no fim de abril. Como foi trabalhar com uma pessoa que é tão talentosa e injustiçada no rock nacional como ela?
Eu conheci a Lucinha através do Liminha. Foi ele quem trouxe a Lúcia para a gravação de “Coração Paulista”. Ele era dos Mutantes e amigo de loga data dela. Isso foi em 1980, então já era pós-Rita Lee & Tutti-Frutti. O Liminha era o produtor do disco e tentou muito me fazer mais roqueiro [gargalhadas]. Ele fez dois discos meus e produziu muito bem o Coração Paulista. É um baixista monumental com um sentido de música aguçadíssimo. Ela é um barato; morava no Rio e dizia pro Liminha que me adorava. Por um tempo nós fomos bem amigos. É uma pessoa maravilhosa e uma guitarrista brilhante. Podíamos ter explorado mais a presença dela naquela música, mas é uma participação da qual eu me orgulho. Seus vocais eram perfeitos.

Qual era o seu objetivo final no que diz respeito à sonoridade?
Queria trazer de volta a minha sonoridade dos anos 70, algo que lembrasse o “Lindo Balão Azul” e coisas com essa pegada de piano. Fiquei muito satisfeito por podermos refazer várias vezes as músicas até chegarmos ao som definitivo que procurávamos. Fui buscar influências de R.E.M, de George Harrison e até de coisas bem mais pop rock basicão. Não abri mão de procurar a tal da batida perfeita [risos]. Ou melhor, a levada perfeita.

 

"Chegou uma hora que eu disse: 'Caramba! Eu ainda estou vivo como poeta'. Me sinto tão bom quanto sempre fui, senão melhor"


Mesmo assim você fez questão de não abrir mão de canções mais melódicas...
Com certeza. Tem músicas mais delicadas no disco. Tem até uma canção de gesta [música medieval dos trovadores da alvorada da literatura francesa no século XI] chamada “O Castelo do Reino”, uma música antiga que eu fiz com 14 anos, e que é uma coisa super renascentista. Pra mim, é um ponto alto do disco. É uma música que leva o ouvinte para um mundo da corte.

É nessa música que está uma das letras mais complexas do disco. Como foi esse processo de composição das letras em um disco tão autoral?
Acredito que me superei bastante como letrista nesse disco. Sinto que tive boas sacadas em várias letras, o que foi ótimo para mim. Chegou uma hora que eu disse: "Caramba! Eu ainda estou vivo como poeta". Me sinto tão bom quanto sempre fui, senão melhor. Fiquei muito feliz com o resultado final de uma forma geral. Estou passando por um momento virtuoso onde sinto que posso homenagear sonoramente coisas que eu acredito, como a Legião Urbana.

Você sente que houve influências dessa geração do rock no som do novo disco?
Sem dúvidas. Eu diria que são influências diretas. Por exemplo, na música “Moldura do Quadro Roubado”, eu fiz uma melodia que lembra muito “Índios”, da Legião. Essa música da banda é uma coisa ascensional que tem alguns dos sons mais lindos que eu já ouvi na vida. Então sinto que consegui juntar um pouco de tudo que eu sei fazer bem. O reggae que tem no disco não é purista e nem dub querendo ser style. É um reggae mais MPB que lembra mais um Djavan ou um som mais fusion de Los Angeles. Tem mais uma cara Maroon 5 ou até Stevie Wonder.

E qual o limite da mistura? Ainda existe isso na música brasileira?
O limite é o bom senso e isso é uma coisa que eu tenho de sobra [risos]. Houve bom senso de olhar, refletir, demorar-se a fazer uma canção. É um defeito da modernidade essa rapidez e esse imediatismo da rede social. Está faltando que as pessoas parem de postar um pouco para acumularem informação e energia. Isso mostra um pouco o colapso do modernismo.

Como assim?
A Semana de 22 fará em breve 100 anos. E esse modernismo foi uma espécie de combate ao excesso de academicismo e eruditismo na arte e na cultura. Oswald de Andrade e companhia se manifestavam por um mundo veloz, de imediato e rápido, onde a arte seria mais expontânea e menos elocubrada. Mais direta e veloz. E no fim do século XX, onde realmente o imediatismo se instalou na sociedade, acabamos com músicas ralas e de texturas bobas que não dizem nada para a minha geração. Eu gosto de compositores como Chico Buarque, que trazem um nível alto de lavoura poética em cima de seu trabalho. O cara vai ao limite da busca antes de dizer: “isso aqui está pronto e eu vou mostrar”. Então é isso que eu quero dizer: o que está faltando ao mundo é menos velocidade e mais erudição.

Mas você não sente que, lentamente, as pessoas estão se movendo em direção a essa “nova onda”? Hoje não faltam bandas com integrantes super novos que fazem pós-rock e sons mais “atmosféricos” cheios de referências eruditas mas que não tem nada a ver com progressivo, por assim dizer. Você não acha que essa mudança está chegando lentamente ao rock contemporâneo?
Vejo isso como uma consequência do que comentei anteriormente. As pessoas estão começando lentamente a responder a esse colapso do modernismo. Estão tentando burilar mais longe disso. A minha praia, dentro da minha especialidade que é a harmonia, exigiria mais acabamento das pessoas. Falta amor à música, gente indo para a noite aproveitar a efervescência cultural de uma cidade. O colapso do “pop star system” está ajudando nisso e fazendo as pessoas a trabalhar mais por prazer e por idealismo. São essas pessoas que cultivam o amadorismo, no bom sentido, que vão fazer a diferênça. Cantar por diletantismo. E não é nem que os jovens não têm amor à música. Os velhos também o perderam.

 

"Precisamos dos feios, dos nerds, dos melancólicos e dos desajustados para mover-nos adiante"


Algum exemplo em especial?
O mais claro, na minha opinião, é o do João Gilberto. Ele cantava no Ó Bom Gourmet com fumaça de cigarro, som ruim, ar condicionado ligado e barulhão de copos e de conversa, sendo que nada disso o impedia de subir no palco e cantar: “bim bom bim bom” [cruza as pernas e imita a voz do bossanovista]. O cara fazia uma revolução na música dentro de um bar barulhento cheio de fumaça de cigarro. Aí hoje o cara não suporta nenhum desses elementos, que dirá todos! [risos]. Como é que pode isso? Eu vejo isso como algo muitíssimo engraçado. Fora que é estranha essa perseguição que há com o cigarro hoje. Eu vejo como uma questão sintomática da tentiva de transformar tudo em clean. Se o mundo fosse assim, nunca teríamos Miles Davis, nem Rolling Stones, nem ninguém assim. Precisamos dos feios, dos nerds, dos melancólicos e dos desajustados para mover-nos adiante

O que parece é que estão tentando acabar com a ânsia de intoxicação das pessoas pra com isso uniformizar todo o panorama cultural. Claro que existem exceções, mas você acha que essa tentativa é geral e irrestrita?
O mundo só aclama quando vem existe um ruído e um estranhamento. É o único jeito. A música hoje tem que ser bem feita ao mesmo tempo que tem uma pegada transgressora. Por exemplo, a Maria Gadú. Ela é a cantora perfeita para essa geração. Ela é uma grande cantora mas que tem uma aspereza magistralmente dosada na voz. A mistura dessas características faz com que ela tenha hoje um produto musical perfeito. É um bom produto no nosso tempo. Ela nasceu com um troço louco. Eu me julgo um bom olheiro. Sei bem quando um artista é promissor.

 

"A obra de Mano Brown é maior que a de muitos poetas consagrados como Manuel Bandeira, por exemplo. Vão achar um absurdo um dizer isso. Mas imagina! Mano Brown é muito maior que Manuel Bandeira"


Falando em artistas promissores, você convocou um “coral dos moderninhos” para colaborar em Condição Humana. Como foi a seleção?
Eu adoro a música popular e esse métier da MPB, que inclui também você ser fã dos outros artistas. Mas por mais que você viva de música, você não pode perder o amadorismo. O entusiasmo é a palavra chave para essa geração que eu convidei pra gravar o coro de “Onde Estava Você”. Foi um exercício de alegria juntar todo esse pessoal no estúdio. Um exercício de felicidade sobre o que a gente faz. Estamos num ramo fodido e sem perspectiva de um grande retorno, mas nenhuma dessas pessoas quer o mainstream nem ser um popstar. Eu sempre fui um cara assim. Eu logrei muito êxito e consegui um sucesso popular, que é totalmente diferente de conseguir um sucesso de crítica. Com o povo, não tem marketing. O povão é arredio a isso e exige um fluir de verdade e sinceridade dentro de você. Quem me abriu os olhos pra isso foi o Mano Brown, dos Racionais MCs.

Você e o Brown já trocaram elogios publicamente. Como é sua relação com ele?
Nos papos que a gente teve eu cheguei a perguntar. “Mas como é possível vocês [dos Racionais] gostarem tanto de mim?”. Porque a minha admiração por ele é bem objetiva. Acho o Brown um gênio da poesia em língua portuguesa. Ele é um esgrimista magistral das palavras. Ele tem um fluir de pensamento que é uma coisa complexa, de construções de uma beleza incrível. A obra dele é maior que a de muitos poetas da Academia Brasileira de Letras. Maior do que a de poetas consagrados como Manuel Bandeira, por exemplo. Vão achar um absurdo um dizer isso. Mas imagina! Mano Brown é muito maior que Manuel Bandeira. Acho o Bandeira um poeta maravilhoso, mas é aristocrático e tradicional demais quando comparado ao Brown. Os Racionais são uma coisa grandiosa.

E qual foi a resposta do Brown para sua pergunta. O que ele gosta no som do Guilherme Arantes?
Ele gosta das harmonias e das levadas. Ele fala da minha música com um entusiasmo que eu não conseguia entender. Sinto que eles estão aliciando minha obra para um público onde eu não imaginava ter fãs. O que ele me disse foi o seguinte: “Você sempre agradou os pobres. Você queria ser cantor popular, ser um cantor de auditório. Você foi no Sílvio Santos, no Bolinha e no Chacrinha porque você queria agradar as meninas pobres. Todo mundo, minha mãe, minhas tias, minhas primas, meu povo do Capão. Você entra na lista de Roberto Carlos, de Amado Batista. E não é qualquer um que entra nesse mundo da gente”. E aí eu entendi isso. Que eles sentem essa coisa sangrando da minha música, que vem de dentro mesmo. A elite é fácil de ludibriar pelo marketing. O povo de verdade, não.

Como você relaciona essa visão do Mano Brown com essa galera que você convidou para o coro no seu disco?
Essa geração que eu chamei é uma geração que existe no mundo todo. São os alternativos, os descolados. Eles são todos designers, videomakers, bloggers, jornalistas e produtores. É uma amálgama de profissões. O que está faltando para essa geração conseguir o sucesso do povo, do popular, é sair desse gueto do “o que a comunidade vai achar”. E eu falei abertamente com eles sobre isso. É como se um vigiasse o outro dizendo: “olha, ninguém pode estourar, hein?”. Se estourar é mico...

 

"Na minha geração teve as bandas do pop rock Ipanema/Leblon. Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Lulu Santos, Marina Lima, enfim... Todos cariocas de classe média alta e todos tentando fugir ao máximo do mico da breguice, do mico de ser popular."


É uma espécie de patrulha do underground?
Existe mesmo isso. E já aconteceu antes. Na época da Vanguarda Paulista, havia desde o início um pacto com o fracasso. E isso prejudicou muito carreiras como a de Itamar Assumpção e do Arrigo Barnabé. Ambos compositores maravilhosos que poderiam facilmente ter se tornado populares. Mas é preciso ter um pouco de vontade de ser povo para conseguir isso. Na minha geração teve as bandas do pop rock Ipanema/Leblon. Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Lulu Santos, Marina Lima, enfim... Todos cariocas de classe média alta e todos tentando fugir ao máximo do mico da breguice, do mico de ser popular. Sou de uma geração anterior. Eu frequentava a Jovem Guarda e ia aos festivais. Eu vi Caetano Veloso cantar “Alegria, Alegria” ao vivo no auditório. Não fui espectador distante disso. Eu estava lá. Então fui muito contaminado por essa histeria em torno do sucesso das bandas que aconteceu no mundo todo. Eu tinha vontade de viver um pouco a minha Jovem Guarda. Sempre gostei do povo. Nunca quis ser blindado contra a popularidade. E isso ou a pessoa gosta, ou não gosta. Por isso que eu sempre digo que não me importo se me acham brega.

Essa é uma frase recorrente sua. E ela é boa porque não quer dizer que você se ache brega.
Justamente. As pessoas vêem como uma pecha ser considerado brega. Mas eu não. E a frase é justamente essa. Eu não me importo em ser considerado brega. É diferente de ser brega. Se eu digo que não me importo em ser brega, é porque eu penso que sou. Mas o cara que compôs pra Elis Regina, com Nelson Motta, para Maria Bethânia, que era elogiado pelo Tom Jobim, por João Gilberto, não pode se considerar brega porque é o que as pessoas acham. Não sou nativo do povão nem venho de uma classe desfavorecida. Mas eu quis ser popular e agradar aos pobres. Por isso hoje o Mano Brown chega pra mim e fala: “Minhas irmãs adoram você. Você nunca cagou goma pros pobres enquanto muitos dos seus colegas só cagavam goma pra nóis”. Mas eu me considero um privilegiado. Tive muita sorte. Porque quando é bom ser considerado chique, sou elogiado. E quando é bom ser considerado popular, eu também sou. [risos]. Pego o melhor dos dois mundos.

O coral responde

Alguns dos convidados especiais de Guilherme Arantes falam sobre a participação no disco Condição Humana

Tulipa Ruiz: "No dia da gravação estava muito feliz com o convite e foi uma surpresa chegar no estúdio e ver tantos amigos, tantos músicos que o tem como inspiração. E foi incrível vê-lo satisfeito e comovido com toda aquela gente no estúdio, regendo o grupo todo empolgado. Toda hora alguém do coro dizia 'bicho, é o Guilherme Arantes!'. Sou fã desde pequena, desde 'Balão Azul'. Na infância e na adolescência ouvia suas músicas no rádio e todas eram hit, dava vontade de cantar. Guilherme Arantes faz parte da minha formação musical."

Curumin: "O Guilherme é muito intenso no estúdio e montou um arranjo muito bonito para o coral. Além da música ser um lindo clássico guilhermistico [risos]. Sou da época que o que tocava na rádio era o que a gente ouvia. Então, claro, ouvi muito Guilherme Arantes. Ele tem esse lance melódico muito bonito e cria aquela sensação de que você está voando. Foi muito legal ouvir a música no estúdio e sacar ele e a banda ainda fazendo som como antigamente."

Marcelo Jeneci: "Guilherme Arantes também é meu pai. Meu primeiro encontro com ele se deu quando ele veio a minha casa ouvir o disco que eu acabava de lançar, Feito pra Acabar. Foi um reencontro no primeiro encontro. Sou muito fã e fui influenciado direta e indiretamente por ele desde minha infancia. Guilhermão, I love you!"

Kassin: "Foi maravilhoso. Sou grande fã do Guilherme, então pra mim foi lindo poder participar de algo dele. A musica que gravamos é linda e ficou na minha cabeça desde entao. Escutei muito à música dele na minha formação musical. A relação dele com a harmonia é riquissima e isso é lindo de ver nos hits. São musicas com caminhos harmônicos personalíssimos."

Thiago Pethit: "Gravamos em um estúdio em SP, numa tarde inteira até o dia acabar. Toda a experiência foi muito tocante. Primeiro o convite, o Guilherme ligando de um a um... Imagina, receber uma ligação do Guilherme Arantes! É algo muito particular, nunca poderia imaginar isso. Acho que ainda não entendi de todo o que significa ter feito parte da história dele. Encontramos diversos amigos, trocamos fofocas, nervosismos pela presença no disco na hora de gravar e tudo o mais. E quando chegou a hora de aprender as melodias no piano, já estávamos todos 'em casa' e super a vontade. O trabalho do Guilherme transcende e muito a própria obra dele. É uma referência para tantos sons que vieram depois... Não saberia dizer o que dele tem no meu trabalho, porque não é uma referência clara e óbvia. Mas outras coisas que eu escutei muito e me influenciam, foram fundamentadas pela influência do som dele."

Bruna Caram: "Foi inesquecível estar no estúdio gravando com o Guilherme! Fiquei muito feliz por dividir os microfones com meus manos-de-geração, tenho orgulho do cenário cada vez mais vário e rico da música brasileira, e é muito bom se sentir parte de uma geração marcante. O Guilherme também representa uma geração, e suas canções embalaram a vida de todos nós, eu ouvi muito a música dele quando era criança, meu pai adorava, ouvia muito! O clima no estúdio era esse: de alegria, de orgulho, de força! Foi uma honra. Estávamos cantando em turma, em bando, e o Guilherme passando nota por nota e regendo o coro! Completamente emocionante e inspirador. Compus uma música assim que saí de lá, dentro do carro."

Ouça o disco na íntegra no Soundcloud:

Vai lá:  www.guilhermearantes.com.br

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