Organizada por straight edges em São Paulo, a Verdurada comemora 10 anos botando à mesa música, debates e um banquete verde
Por Glauce Lucas
Fotos Daigo Oliva Suzuki
Em São Paulo existe espaço para inúmeros grupos e estilos de música. As pessoas conseguem se organizar e ir passando suas idéias de formas diversas. Um bom exemplo disso é a chamada Verdurada. Em meados de novembro, num galpão atulhado de gente na Zona Sul da capital, a festa comemorou 10 anos de vida.
O evento é um show que vai além da música. Organizada por straight edges, intercala palestra ou vídeos no meio das apresentações – quase sempre de bandas de hardcore afinadas ao ideário do movimento (mais sobre isso a seguir). Mas a vedete da noite é a comunhão que se dá após a música, depois das palestras, dos vídeos. Terrinas, pratos lotados de verde, sucos e um mastigar saudável passa a dominar o ambente suado que poucos minutos antes fervia ao som de acordes distorcidos. Um jantar frugal é servido como fecho. O objetivo é divulgar o vegetarianismo e o veganismo. O cardápio, produzido por hare krishnas, inclui, entre outros pratos, feijoada, bolos e salgados.
Entrada
Pra quem não ouviu falar, o straight edge surgiu dentro da cena punk/hardcore nos anos 80, nos EUA. Com uma postura diferente – não beber, não fumar e não usar qualquer tipo de droga –, algumas bandas da época (Minor Threat, mais à revelia; Youth of Today e Gorilla Biscuits) começaram a botar esse discurso em suas letras, que ecoaram, especialmente entre os jovens. Daí até alcançar o mundo foi um pulo.
Alguns veículos de comunicação associam o straight edge a uma tribo. Talvez não seja por aí. Mais próximo seria dizer que se trata de uma escolha pessoal dentro de um cenário específico. Pois bem, algumas dessas individualidades, inspiradas pela produção norte-americana, reuniram-se em São Paulo e formaram o coletivo Verdurada.
Prato cheio
A cada dois meses, “a verdurada consiste na apresentação de bandas e palestras sobre assuntos políticos, além de oficinas, debates, exposição de vídeos e de arte de conteúdo político e divergente”. Esta definição está no site oficial www.verdurada.org
No dia 12 de novembro, a comemoração da primeira década da festa juntou cinco bandas, representando momentos diferentes do evento e estilos musicais que costumam estar presentes. No galpão do Jabaquara, onde a Verdurada acontece há alguns anos, estiveram mais de 1200 pessoas. No local foi feita uma exposição com cartazes de quase todos os shows que aconteceram desde 1996 e havia um espaço grande para as chamadas “banquinhas” (onde eram vendidos material independente – livros, CDs, camisetas).
As duas primeiras bandas da edição foram o Alarme, de Barra Mansa, e o Naifa, de São Paulo, que fizeram shows contagiantes. Logo depois, os holandeses do Vitamin X subiram ao palco para um show insano. Eles já estiveram no Brasil em 2003 e tocam um hardcore mais acelerado que a média. A penúltima apresentação foi o Mukeka di Rato, do Espírito Santo, que terá seu próximo álbum lançado pela Deckdisc no ano que vem. Para fechar a noite, foi chamado o Point of no Return (foto abaixo), grupo importante dentro do cenário e que também completava 10 anos. O set contou até com um cover do Self Conviction (um dos nomes-chave do straight edge brasileiro).
Sobremesa
A palestra do dia contou a história da Verdurada: início, quais bandas já tocaram, quais palestrantes já participaram e um pouco da história das pessoas envolvidas.
Um outro aspecto importante do evento é que ele é aberto a todos. Nem todas as bandas que tocam possuem essas posturas (como o próprio Mukeka di Rato) e nem todo mundo do público é straight edge. Há apenas uma etiqueta particular que deve ser respeitada: não beber, não fumar e não usar drogas no local.
Além disso, o coletivo Verdurada orgulha-se, em seu site, de realizar um evento “faça-você-mesmo”, sem qualquer tipo de patrocínio. “Os objetivos de quem organiza a verdurada são basicamente dois: mostrar que se pode fazer com sucesso eventos sem o patrocínio de grandes empresas e sem divulgação paga na mídia e levar até o público a música feita pela juventude raivosa e as idéias e opiniões de pensadores e ativistas divergentes.”
A próxima Verdurada já tem data marcada: dias 27 e 28 de janeiro.
Quer saber mais?
Vai lá:
www.verdurada.org
Fotos Daigo Oliva Suzuki
Em São Paulo existe espaço para inúmeros grupos e estilos de música. As pessoas conseguem se organizar e ir passando suas idéias de formas diversas. Um bom exemplo disso é a chamada Verdurada. Em meados de novembro, num galpão atulhado de gente na Zona Sul da capital, a festa comemorou 10 anos de vida.
O evento é um show que vai além da música. Organizada por straight edges, intercala palestra ou vídeos no meio das apresentações – quase sempre de bandas de hardcore afinadas ao ideário do movimento (mais sobre isso a seguir). Mas a vedete da noite é a comunhão que se dá após a música, depois das palestras, dos vídeos. Terrinas, pratos lotados de verde, sucos e um mastigar saudável passa a dominar o ambente suado que poucos minutos antes fervia ao som de acordes distorcidos. Um jantar frugal é servido como fecho. O objetivo é divulgar o vegetarianismo e o veganismo. O cardápio, produzido por hare krishnas, inclui, entre outros pratos, feijoada, bolos e salgados.
Entrada
Pra quem não ouviu falar, o straight edge surgiu dentro da cena punk/hardcore nos anos 80, nos EUA. Com uma postura diferente – não beber, não fumar e não usar qualquer tipo de droga –, algumas bandas da época (Minor Threat, mais à revelia; Youth of Today e Gorilla Biscuits) começaram a botar esse discurso em suas letras, que ecoaram, especialmente entre os jovens. Daí até alcançar o mundo foi um pulo.
Alguns veículos de comunicação associam o straight edge a uma tribo. Talvez não seja por aí. Mais próximo seria dizer que se trata de uma escolha pessoal dentro de um cenário específico. Pois bem, algumas dessas individualidades, inspiradas pela produção norte-americana, reuniram-se em São Paulo e formaram o coletivo Verdurada.
Prato cheio
A cada dois meses, “a verdurada consiste na apresentação de bandas e palestras sobre assuntos políticos, além de oficinas, debates, exposição de vídeos e de arte de conteúdo político e divergente”. Esta definição está no site oficial www.verdurada.org
No dia 12 de novembro, a comemoração da primeira década da festa juntou cinco bandas, representando momentos diferentes do evento e estilos musicais que costumam estar presentes. No galpão do Jabaquara, onde a Verdurada acontece há alguns anos, estiveram mais de 1200 pessoas. No local foi feita uma exposição com cartazes de quase todos os shows que aconteceram desde 1996 e havia um espaço grande para as chamadas “banquinhas” (onde eram vendidos material independente – livros, CDs, camisetas).
As duas primeiras bandas da edição foram o Alarme, de Barra Mansa, e o Naifa, de São Paulo, que fizeram shows contagiantes. Logo depois, os holandeses do Vitamin X subiram ao palco para um show insano. Eles já estiveram no Brasil em 2003 e tocam um hardcore mais acelerado que a média. A penúltima apresentação foi o Mukeka di Rato, do Espírito Santo, que terá seu próximo álbum lançado pela Deckdisc no ano que vem. Para fechar a noite, foi chamado o Point of no Return (foto abaixo), grupo importante dentro do cenário e que também completava 10 anos. O set contou até com um cover do Self Conviction (um dos nomes-chave do straight edge brasileiro).
Sobremesa
A palestra do dia contou a história da Verdurada: início, quais bandas já tocaram, quais palestrantes já participaram e um pouco da história das pessoas envolvidas.
Um outro aspecto importante do evento é que ele é aberto a todos. Nem todas as bandas que tocam possuem essas posturas (como o próprio Mukeka di Rato) e nem todo mundo do público é straight edge. Há apenas uma etiqueta particular que deve ser respeitada: não beber, não fumar e não usar drogas no local.
Além disso, o coletivo Verdurada orgulha-se, em seu site, de realizar um evento “faça-você-mesmo”, sem qualquer tipo de patrocínio. “Os objetivos de quem organiza a verdurada são basicamente dois: mostrar que se pode fazer com sucesso eventos sem o patrocínio de grandes empresas e sem divulgação paga na mídia e levar até o público a música feita pela juventude raivosa e as idéias e opiniões de pensadores e ativistas divergentes.”
A próxima Verdurada já tem data marcada: dias 27 e 28 de janeiro.
Quer saber mais?
Vai lá:
www.verdurada.org