por Elohim Barros
Trip #197

Alex Gross dispara contra artistas que, em sua opinião, se vendem para grandes marcas

Alex Gross mistura seu imaginário antiquado a conflitos modernos em paisagens que surpreendem tanto pela veracidade dos temas quanto pelo surrealismo visual. O artista nova-iorquino de 42 anos lançou seu segundo livro no final do ano passado em uma exposição na Jonathan Levine Gallery -- e já está trabalhando para outra exposição ano que vem. Além de bater um papo com Trip, Gross cedeu algumas pinturas para ilustrar as colunas dessa edição.

Você considera seu trabalho crítico?

Sim, tem um componente forte de crítica no meu trabalho. Toda essa gente com cara de zumbi e olhos de cobras mandando mensagens de texto e falando em celulares não são apenas detalhes das pinturas. Estamos todos enfiados nessa cultura imediatista de constante estimulação, e ninguém consegue fugir disso de verdade. Sou crítico e cúmplice ao mesmo tempo.

E logotipos nas pinturas, também é crítica?
É sarcasmo. As pessoas não estão cientes do nível de patrocínio que cerca seus artistas favoritos. A Fergie (Black Eyed Peas), por exemplo, ganhou dois milhões de dólares para cantar sobre marcas de roupas no seu disco. Muitos outros músicos fazem o mesmo, e isso compromete demais a integridade do artista. Um caso mais óbvio foi quando o Takashi Murakami fez aquelas bolsas Louis Vuitton para sua exposição no MOCA, em Los Angeles. Esses artistas não são melhores do que putas e não merecem crédito nenhum, se venderam a quem pagasse melhor.

Vejo muita referência à cultura japonesa no seu trabalho, você tem algo contra ela?
Não, pelo contrário. Minha mulher é japonesa e vou muito pra lá. Coleciono objetos japoneses há mais de uma década, como carimbos de madeira, propagandas e fotos antigas. O Japão é parte importante do meu vocabulário visual, mas o Flickr é minha maior fonte atual de influências.

Você mexe também com ícones religiosos. Que atividade normal você transformaria em religião?

Por mim, sexo seria religião. Eu seria devoto.

Vai lá
: www.alexgross.com

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