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por Ricardo Calil
Trip #191

Aos 25 anos, Branca Messina nunca fez um papel sensual, mas ficou à vontade neste ensaio

Aos 25 anos, Branca Messina já deixou belos sete longas-metragens, mas ainda não quis encarar a TV – “espero um convite que seja realmente especial”. Nunca fez um papel sensual, mas sentiu-se à vontade neste ensaio. “O peso do sexo é muito grande para mim. Sexo é vital”

Branca Messina poderia estar na seção Nomes Adequados desta Trip. A atriz carioca conta que muitos fotógrafos chegam a temer que a luz da foto, ou do filme, fique estourada com sua pele branquinha, branquinha. Para nossa sorte, Branca trocou de seção e se tornou nossa Trip Girl. E, como você verá nestas páginas, a pele branquinha, branquinha, brilhou nas fotos, mas a luz jamais estourou.

Pense nos estereótipos de uma jovem carioca – sejam eles verdadeiros ou não. Branca escapa de quase todos eles, e não é só uma questão de pele. No lugar da sexualidade ostensiva, uma sensualidade discreta, que conquista o olhar aos poucos, mas definitivamente. Em vez da obsessão com a forma, a dedicação ao conteúdo – de filmes e peças, amizades e amores.

Talvez seja o fato de ela não ser uma carioca “pura”. Branca tinha apenas 4 anos quando sua mãe, atriz que virou empresária, a carregou para morar em Palma de Maiorca, na Espanha. Apesar de estar numa ilha mediterrânea, perto da baladeira Ibiza, ela encontrou ali um ambiente mais conservador que o do Rio, e com apenas dois meses de verão. Levou a infância e a adolescência como uma boa aluna, de classe média e filha única (ela tem cinco irmãos por parte de pai e dois por parte de mãe, mas a experiência espanhola foi só dela).

Aos 16 anos, ouviu o chamado sedutor do Rio e decidiu voltar para morar com o pai. Foi um choque. Branca se viu deslocada. Ela não só perdeu a turma antiga, como foi logo classificada pela nova como a garota estranha. No colégio da alta burguesia carioca, ela destoava por andar de ônibus, por circular de vestido sobre a calça, algo corriqueiro na Espanha.

A mãe voltou um tempo depois e deu o empurrão que faltava: “O que você quer da vida?”. Branca queria ser atriz. Começou por um workshop com Gerald Thomas e se apaixonou pelo trabalho do encenador. Depois foram três anos e meio de CAL (Casa das Artes de Laranjeira), berço de gerações de atores cariocas. Aí entrou na roda-viva da batalha por espaço e estabilidade numa profissão de poucas oportunidades e muitas incertezas. “Eu sou ansiosa, gosto de segurança. Meu analista diz que eu deveria ter sido funcionária pública ou outra coisa.”

Mas ela acabou encontrando seu lugar no teatro e no cinema. Já são sete longas no currículo, incluindo o elogiado Não por acaso (2007), de Phillipe Barcinski, em que fez par com Rodrigo Santoro. Só neste ano serão três filmes lançados (além da peça Corte seco correndo o país): Olhos azuis, de José Joffily, que chegou às telas em maio; Gringos do Rio, de Jonathan Nossiter, sem data definida; e 400 contra 1, de Caco de Souza, que estreia agora em agosto.

Nesse último, um filme de ação sobre as origens do Comando Vermelho, Branca faz uma advogada que luta contra os maus-tratos aos presos de Ilha Grande nos anos 70, mas entra em conflito quando eles partem para o crime organizado. “O filme reforçou uma série de sentimentos que eu já tinha sobre preconceito e desigualdade social no Brasil.”

Branca namora há quatro anos Pedro Brício, ator, diretor e dramaturgo carioca, prêmio Shell de melhor autor em 2005. “Meu sonho é ser dirigida por ele”, diz, sem medo de que a relação profissional atrapalhe a afetiva. Admiradora de cineastas como o italiano Michelangelo Antonioni, o espanhol Pedro Almodóvar, o americano Gus Van Sant e o brasileiro Marcelo Gomes, ela deseja também fazer cinema na Europa e nos Estados Unidos.

Até agora, Branca não fez TV – “espero um convite que seja realmente especial” – e passou ao largo de papéis mais sensuais. Ela diz que a sensualidade pode ser encontrada não só na sua beleza clássica, de pele clara e olhos e cabelos escuros, “mas na certeza do que eu quero, na minha insistência para fazer acontecer”. O que não quer dizer que o assunto seja secundário na sua vida. “O peso do sexo é muito grande para mim. Sexo é vital.”

Coordenação Geral Adriana Verani Produção Flavia Fraccaroli Styling Amaury Borghetti Make & Hair Ricardo Tavares Assistente de foto Mariza Fonseca

Créditos de Moda Corpo & Arte, Scala, Doc Dog, Fruit de La Passion e La Perla

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