A noite também faz política

por Alê Youssef

Na Feira de Fortaleza surgiu a CASAS ASSOCIADAS, nova esperança para música independente.


Apesar do modelo de debate ainda preso à estrutura de linguagem da política tradicional, a Conferência de Música que rolou dentro da Feira de Música de Fortaleza fez brotar um otimismo no ar. Olhando para as figuras presentes, percebia-se uma juventude verdadeira, não apenas na idade como também na cabeça - talvez resultado de serem todos envolvidos com música e cultura, o que sempre alivia ambientes. Notei, que o conteúdo e as intenções eram verdadeiros e significativos.

Além disso, o movimento  político mais orgânico que compõe a estrutura da Conferência - que reúne todos os festivais independentes do Brasil, através da ABRAFIN - Associação Brasileira de Festivais de Música Independetes,  e outras organizações - tomou uma iniciativa interessante de chamar outros atores, que fazem cultura e política de formas alternativas, para enriquecer e calibrar as ações e projetos do grupo.

O destaque foi a inclusão do Grupo Matriz do Rio de Janeiro e do Studio SP de São Paulo, no núcleo da mais nova associação que pretende lutar pela cultura independente: a CASAS ASSOCIADAS.

Léo Feijó do grupo Matriz– que inclusive foi eleito presidente da nova organização - e eu, do Studio SP, apesar de estarmos na linha de frente da nova música brasileira através de nossas casas, nunca freqüentamos os fóruns organizados do movimento de música independente, talvez porque ainda existia uma certa distância com o eixo Rio/São Paulo, historicamente beneficiado com a maioria das verbas públicas para cultura.  Mas, como tanto eu como Léo, estamos no underground do eixo, a aproximação fez total sentido.

Foi nos dada liberdade de ação para movimentar esse gigantesco universo da noite que as casas de musica de pequeno e médio porte e clubes noturnos representam. Muitas idéias já surgiram nas conversas iniciais, como uma grande pesquisa para saber qual é o PIB da noite e um CIRCUITO de casas que facilite a circulação da nova musica pelo Brasil.

Por aqui, vou me empenhar em envolver os principais clubes de São Paulo, que já fizeram uma inédita mobilização em conjunto com o NOITE VIVA -movimento que apresentou propostas de parcerias com a Prefeitura de São Paulo, participou de duas Viradas Culturais e do aniversário da cidade.

Uma rede de casas pode configurar um formato alternativo de difusão da nova música feita no Brasil, um modelo inteligente de parceria entre poder público e setor privado no meio cultural e uma alternativa interessante de ações em conjunto com o mercado

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