O que é medicina
integrativa?

Cansados de serem vistos como
corpos quebrados com peças em
busca de conserto, os pacientes
querem ser tratados por
inteiro e buscam respostas
na prática integrativa

Imagens: Javier Mayoral/ Pulpbrother

Do cirurgião focado no
osso do ombro àquele que
sabe tudo de calcanhar,
os médicos foram ficando
cada vez mais especializados
e voltados para sintomas

Nos últimos anos, uma
abordagem mais humana,
popularmente conhecida
como medicina integrativa,
vem ganhando espaço e
anunciando a necessidade
de uma transformação

A principal proposta é enxergar
o indivíduo como um todo, levando
em consideração corpo, mente e
espírito, e estabelecer uma relação
de parceria entre o profissional
de saúde e o paciente

Não se trata de abandonar
a outra maneira de fazer
medicina, mas sim trabalhar
junto da prática convencional
para trazer bem-estar e
qualidade de vida na doença
e na cura, sempre com base
em evidências

Hoje, com a democratização
das informações, os pacientes
– e seus familiares – chegam
aos consultórios muito mais
preparados e conscientes
de suas condições e
possibilidades

“As pessoas não querem
mais especialistas que
só olham para exames e
sintomas. Elas esperam
um profissional com quem
possam trocar e debater
ideias”, diz a médica
Denise Tiemi Noguchi

Para isso, faz-se necessária
a escuta, verdadeira e
empática, que só pode
acontecer em consultas
sem receitas preestabelecidas
ou cronômetros, um desafio
quando olhamos para um
quadro mais amplo do país

Portadora de fibromialgia
(distúrbio que causa dor
crônica em diferentes
partes do corpo),
a cabeleireira aposentada
Luciana Almeida perdeu as
contas de quantas vezes se
sentiu invisível no SUS

O sistema de saúde público já
oferece uma série de práticas
integrativas, o que é considerado
uma vitória, mas elas estão
disponíveis em poucas unidades

“Quando falo da minha
condição, me passam
direto para a psiquiatria.
Sem me  ouvir, insistem
que é um problema
emocional, mas se
trata de uma dor causada
por uma deficiência no
cérebro”, diz Luciana

“É preciso entender
que cada pessoa tem uma história única e muitas
dimensões que precisam
ser acolhidas e
cuidadas”, explica
Maria Ester Massola,
coordenadora de Medicina
Integrativa do Einstein

Encontrar um caminho de
bem-estar que funcione
para cada caso também
tem a ver com outros
dois pilares dessa nova
abordagem: a autonomia
e o autocuidado.

Isso envolve hábitos
alimentares, atividade
física, gestão de estresse,
cuidados com o sono, contato
com a natureza, qualidade
nos relacionamentos e até
espiritualidade

“Muitos querem receitas
prontas e até milagres.
Mas é importante que
o paciente se torne
cada vez mais ativo,
participando nas escolhas
e compartilhando as
decisões com a equipe”,
diz Ester

Conteúdo que transforma

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