O novo revolucionário
Para renovar a política brasileira, é preciso uma injeção de originalidade
Para renovar a política brasileira, é precisa uma injeção de originalidade dada por pessoas inovadoras que ainda estão fora da esfera do poder
A renovação da política brasileira é quase nula. Seja na prática política ou nas pessoas que compõem a classe, não existe sopro de esperança de uma nova ordem que rompa com dogmas e vícios e que estabeleça um novo período, mais conectado com a modernidade.
Para falar sobre isso, procurei meu amigo Paulo Ferreira Filho, o Padado, colega de faculdade que sempre se destacou pela capacidade de síntese e análise da realidade que nos cerca. Concluímos que precisamos de uma injeção de originalidade absoluta, um novo movimento que no Brasil ainda não existe, para além de esquerdas e de direitas, de plebes e de elites, desprovido de velhos recalques e preconceitos, longe de termos abstratos sem forma e conteúdo.
O foco desse movimento seria o que Padado chamou de “novo revolucionário”; ou seja, pessoas comuns, inovadoras sem saber, gente competente em suas áreas que gera ideias, cultiva projetos de políticas públicas e que, às vezes de maneira inconsciente, pode mudar o mundo.
O papo seguiu e fomos além, tentando imaginar como criar canais de vazão para ideias essencialmente inovadoras, atraentes e que valessem a pena. Ações que poderiam subverter a velha política com a riqueza de um embasamento novo e uma mentalidade totalmente diferente do que existe por aí.
EMBOLORADO E ENJOATIVO
Fazemos parte de uma geração que está ocupando espaços de poder a cada dia. São publicitários em suas agências, jornalistas em seus veículos, músicos, estilistas, advogados, promotores, juízes, engenheiros, empresários, comerciantes, produtores – todos subindo os degraus de uma escala profissional e atingindo o poder do setor produtivo e criativo da nossa sociedade.
A única área em que essa escala não acontece é justamente a relacionada ao poder real; ou seja, a atividade que deveria zelar pelo bem-estar da sociedade como um todo, sem o individualismo e em busca do bem comum. Quase ninguém se aventura na política, e os poucos que o fazem se embananam no processo e em pouco tempo viram mais do mesmo. Temos exemplos recentes e tristes disso.
Uma semana depois da minha conversa com Padado, Michel Temer e José Sarney – caciques do Congresso há pelo menos 30 anos – se reelegeram (pela terceira vez cada um) presidentes da Câmara e do Senado. Parece que a turma faz de propósito para afastar ainda mais qualquer esperança no novo. Cada vez tudo fica mais antiquado, embolorado e enjoativo.
*Alê Youssef, 33, é sócio do Studio SP, foi um dos idealizadores do site www.overmundo.com.br e coordenador da Juventude na prefeitura de São Paulo (2001-2004). Seu e-mail é ayoussef@trip.com.br
Para renovar a política brasileira, é preciso uma injeção de originalidade dada por pessoas inovadoras que ainda estão fora da esfera do poder
*Alê Youssef, 33, é sócio do Studio SP, foi um dos idealizadores do site www.overmundo.com.br e coordenador da Juventude na prefeitura de São Paulo (2001-2004). Seu e-mail é ayoussef@trip.com.br