Caçador de aurora boreal
Um viajante nato que, depois de conhecer o fenômeno da aurora boreal, resolveu sair em expedições atrás delas
Você já conheceu um caçador de Aurora Boreal? Natural de Curitiba, Marco Brotto tem 44 anos e há quatro anos resolveu que viajaria atrás desses fenômenos.
A curiosidade pela beleza das auroras surgiu quando um amigo que estava com ele no Death Valley (Vale da Morte, localizado no Deserto de Mojave - EUA) falou sobre as "luzes verdes do norte". "Isso atiçou a minha curiosidade e comecei a pesquisar, vi o quanto o assunto era lúdico", conta Marco.
A primeira aventura - ou "furada", como considera ele - foi no Alaska. "Eu sempre pesquiso pacotes com preços atrativos e apareceu um cruzeiro para lá. Fiquei feliz e imaginei que veria minha primeira aurora. Ledo engano, foi terrível". O curitibano conta que não conseguiu enxergar nada.
Então, a estreia oficial foi na Noruega, quando viu o céu se enfeitar de cores pela primeira vez. "Foi muito difícil! Depois de dias nevando, de viagens de ônibus até o Norte de Tromso e de navio pelos fiordes, consegui ver aquele monstro verde sobre minha cabeça às três da manhã. Foi uma coisa inacreditável", lembra.
Ele enfatiza na grandeza do evento: "foi realmente um monstro. Tinha visto horas antes uma manchinha que não me satisfez. Ela veio pelas minhas costas e, quando percebi, o céu estava verde. A mancha dançava freneticamente de um lado para outro, primeiro verde depois rosa. Eu não sabia o que era aquilo, se estava seguro, se deveria ter medo… Mas tive medo sim, tive sensações diversas. Foi um turbilhão de emoções."
Depois de viver a sensação, Marco resolveu que aquela beleza deveria ser compartilhada com todos que não conheciam esse espetáculo da natureza. Ao postar as fotos de sua aventura, recebeu diversos incentivos para continuar atrás das belas auroras. Desde 2011, quando aconteceu a primeira viagem, o curitibano já coleciona 15 passeios feitos especialmente para as miragens.
Finlândia, Dinamarca, Ilhas Faroe, Svalbard, Suécia, Rússia, Islândia, Canadá e Estados Unidos são alguns exemplos de expedições de sucesso. "Cada lugar tem suas características. Na Finândia tem Papai Noel, nas Ilhas Faroe a geografia e as ovelhas, na Islândia os vulcões e icebergs, Canadá os ursos polares…"
Ele conta para a Trip que o lugar mais próximo do Brasil para avistar o fenômeno da Aurora Polar Austral seria na Antártida. "É difícil chegar lá e não tem estrutura. Na Patagônia é até possível, mas aqui no sul a gente vê as auroras no horizonte, não é aquele espetáculo como no Círculo Polar Ártico."
Quanto à temperatura, sim, é bem fria. "Chega a congelar! Mas já vi aurora com temperatura mais alta do que está agora em Curitiba, 8 graus. Também já peguei uma semana abaixo de -40C", lembra Brotto.
As viagens sempre foram do gosto dele, que se considera um viajante nato. Os destinos diferentes também. Marco conta pelo menos 60 países em seu passaporte. Com tanto vai e vem, inevitáveis são os perrengues. "Já atolei sozinho nas cinzas de vulcão na Islândia e no Alaska com minha noiva. Passamos essa noite no carro, vimos aurora por quase 8 horas seguidas. Foi incrivel."
E por falar em noiva, não só de perrengues vivem as memórias de suas viagens. O noivado de Marco e Laurize se iniciou na noite em que ela viu primeira aurora de sua vida. "Ela é minha super companheira e todos os meus amigos me apoiam. Alguns acham que é brincadeira no começo e há quem estranhe. Talvez porque as pessoas correm atrás de dinheiro e poder em vez de realizar sonhos."
Novos amigos surgem conforme Marco se aventura, gente de todo lugar do mundo que divide a mesma paixão pelo fenômeno. No total, foram praticamente 100 noites, segundo ele, com auroras boreais. "Cada uma foi especial e única", diz. As viagens devem continuar e o desejo de Marco é "continuar levando brasileiros conhecer essa maravilha".