Luiz Mendes: cenário atual político e desesperança

Patriotismo e nacionalidade não existem, às vezes até defendem interesses de outros países. Daí porque estou triste e desesperançado com meu país

por Luiz Alberto Mendes em

Estou desesperançado. Não vejo saídas; não há uma luz no fundo do túnel, pelo menos não dá para vislumbrá-la. Ao que se percebe, e não só pelo que afirmam os noticiários tendenciosos, a situação está ruim em nosso país não só por conta da presente dificuldade econômica mundial, mas, principalmente, pela crise política em que estamos submersos. O atual governo interino não tem credibilidade para levar o país adiante. O anterior, da Presidente eleita pela maioria, também se inviabiliza por conta da questionável gestão e das oposições que objetam, ferrenhamente, seu retorno.

O grupo que governa interinamente se torna impossível porque não tem um programa de governo embasado na vontade popular. Vai impondo medidas que só prejudicam a maioria empobrecida da nação e favorece a minoria endinheirada. Parece muito com a ideia creditada a Delfim Neto, ministro da ditadura militar, referindo-se aos recursos da nação como um bolo. A tese de sacrifício de todos para de aumentar o bolo e posteriormente fazer uma melhor distribuição. O sacrifício foi imposto, só que a parte da distribuição jamais ocorreu. O neoliberalismo governamental é sensivelmente danoso ao povo.

O retorno do governo da Presidente torna-se inviável porque teria contra si o congresso, os grupos sociais e econômicos dominantes que impediriam a governabilidade do país como o fez no tempo anterior ao impeachment. Uma ampla reforma política teria que ser implementada para que houvesse alguma chance de governo para a Presidente eleita. Uma convocação para novas eleições, caso não fosse uma inconstitucionalidade, também, nos moldes e tempos atuais, seria trocar seis por meia dúzia.

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Há vários tipos de votos, atualmente. Muito dinheiro deve ser gasto com marketing e mídias para chegar a se eleger. A maioria das candidaturas atuais não obedecem critérios de popularidade ou capacidade reconhecida. Caso houvesse o voto distrital, em que o candidato fosse eleito pelos eleitores do espaço em que é conhecido ou cultiva, provavelmente o voto ficaria mais representativo.  Há o voto religioso, que vem das igrejas. Era de se pensar que dai sairia políticos comprometidos com o bem estar público, mais rígidos e moralizados, afinal deveriam seguir os preceitos cristãos. No entanto mais de metade da chamada bancada evangélica esta envolvida até o pescoço em processos de corrupção, lavagem de dinheiro e malversação do dinheiro público. O voto dos policiais e ex-militares que, ao contrário do que se pensava, defenderiam a ordem e a lei; pregam o retrocesso, o fascismo, a volta da ditadura militar e só brigam por interesses comuns e de classe. O voto dos ruralistas não chega perto de defender o direito dos pobres camponeses e, sim, e tão somente, o crescimento do grande latifúndio. Votos dos sindicatos e organizações correlatas se dividem por vaidades e muito pouco fazem de concreto, embora ainda construam alguma coisa em greves que garantem os salários. Montanhas de dinheiro foram geradas para viabilizar a eleição  dos representantes de tais entidades e grupos.

Há políticos que são eleitos pelo financiamento de suas campanhas políticas feito por empresas para que  defendam seus interesses. As construtoras; associações de entidades que congregam planos de saúde; FIESP, FENABAN e demais entidades de classe. Claro que há candidatos que realizam suas campanhas  tendo por base a defesa de princípios, valores morais e éticos. Não têm financiamento, não compram votos com camisetas, dentaduras, distribuição de cargos de confiança, promessas de emprego ou vantagens e nem vendem seus votos para grupos lobistas. Têm opinião formada e arriscam-se a expressá-la como sua plataforma eleitoral. Esses têm poucas chances de serem diplomados.

Isso significa que um novo congresso seria idêntico ao anterior e que tudo tende a se reproduzir da mesma maneira. Um congresso conservador, oportunista, sem compromisso, que rouba na cara de pau,  que defende interesses dos poderosos, que impõe retrocessos, perda de Direitos Humanos duramente conquistados e contra transformações que beneficiem o público em geral. Caso o Presidente eleito nessa nova convocação de eleições gerais tomar atitudes que promovam o crescimento e o desenvolvimento da maioria da nação, será deposto igualmente, para assumir aqueles que façam o jogo da minorias. Afinal, foi exatamente para isso que eles investiram seus capitais na compra da eleição de seus deputados e senadores. Seria ilógico pensar que poderia ser diferente, afinal ninguém dispõe de verdadeiras fortunas para favorecer senão a si mesmo. Patriotismo e nacionalidade não existem, às vezes até defendem interesses de outros países. Daí porque estou triste e desesperançado com meu país.

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