LIVRO DE CINEMA
Os melhores livros transformados em filme na opinião de três escritores cujas obras, em breve, poderão ser vistas na tela grande
Gosto muito do Laranja Mecânica (Editora Aleph, 224 págs., R$ 36), do Anthony Burgess, adaptado pelo Stanley Kubrick, que era um especialista em transpor livros para o cinema ? grande parte dos filmes que ele fez são adaptações. Acho o Laranja Mecânica perfeito, lindamente fotografado e incômodo, como os bons filmes (e livros) devem ser. É o caso em que o cinema dialoga com a obra literária ? não tira dela significado e sim, ao contrário, adiciona novos. Clássico! João Paulo Cuenca deve ter seu livro de estréia, Corpo Presente (Planeta, 144 págs., R$ 35), filmado por Luiz Fernando Carvalho, diretor de Lavoura Arcaica
Apocalypse Now é uma das adaptações mais surpreendentes que já vi. Francis Ford Coppola submeteu O Coração das Trevas (Iluminuras, 187 págs., R$ 33), de Joseph Conrad, a um novo processo criativo e autoral. Um exemplo de como adaptações não precisam ser ao pé da letra para ficarem boas. As melhores adaptações são reinvenções. Daniel Galera é autor de Até o Dia Em Que o Cão Morreu (Livros do Mal, 128 págs., R$ 20) que deve virar filme nas mãos do diretor Beto Brant, o mesmo de O Invasor
Apesar da tradução do título original (The Butcher Boy) ser uma merda, Nó na Garganta (Geração Editorial, 244 págs. R$ 25), do escritor irlandês Patrick McCabe, virou um puta filme dirigido pelo Neil Jordan. Ele soube como transpor para as telas o monólogo do garotinho protagonista que dá o tom do livro. O roteiro é do Neil Jordan e do próprio McCabe, talvez por isso seja tão bom. Sem contar que tem a Sinead O?Connor no papel de Virgem Maria. Clarah Averbuck escreveu Máquina de Pinball (Conrad, 80 págs., R$ 20) que vai ser rodado por Murilo Salles, de Como Nascem os Anjos