Passadistas
"Aprender é expandir, crescer dentro de si. Sou todos que fui em camadas superpostas que formam o que sou hoje"
Sou absolutamente contra essa nostalgia chorosa e sentimental do passado. As lembranças estão transfiguradas, falsificadas e nos passam a ideia de que o passado foi melhor.
O passado não foi melhor coisa nenhuma!
As pessoas morriam como moscas. Até pouco tempo a perspectiva de vida do brasileiro era de 50 anos. Hoje, com 50 anos, estamos ativos, produtivos e no comando das funções estratégicas da nação.
O passado foi horrível, repleto de desgraças, é preciso que se diga. O que esta ocorrendo com a economia mundial, segundo especialistas, é bem pior do que na quebra das bolsas de 1929. Mas hoje os efeitos são bem menos devastadores, porque? Porque aprendemos a gerenciar crises.
**
Preconceito
O fato de estar preso colocava o mundo contra mim. Então podia enxergar os demais preconceitos sociais como vítima e com mais clareza.
Preconceito contra a mulher, contra o homem de cor, contra gêneros sexuais, contra a pobreza. Se dentro da prisão não havia preconceito racial, os outros preconceitos eram fortíssimos.
LEIA TAMBÉM: "Matanças", por Luiz Alberto Mendes
Valíamos o que tínhamos. Se tivéssemos família que nos visitava e que traziam o que necessitávamos na prisão, seríamos alguém, vistos e destacados. Caso não tivéssemos ninguém, estamos perdidos. Teríamos que lavar roupas, fazer faxina ou até traficar drogas para os outros, para sobreviver com alguma dignidade. E, dignidade na prisão, é o maior de todos os valores.
Caso o homem aprisionado seja homossexual então, o desespero é total. O preconceito é altamente agressivo à dignidade da pessoa. Separam pratos, colher e copo, como não fosse humano como todos.
Sempre senti a maior compaixão e tentei ajudar, conversar e dividir o pouco que possuía. Apoiei quem pude, mas pude pouco, tendo em vista a enorme necessidade.
**
Ultrapassagens
Não acredito em transformações ou mudanças. Somos sempre nós mesmos nos fazendo melhores ou piores em relação a tudo que nos cerca.
Quando aprendo tomo posse de um conhecimento que me leva para além do que sou. Posteriormente esse novo entendimento vai ser ponte para novos aprendizados.
Sou o que aprendo.
Aprender é expandir, crescer dentro de si. Sou todos que fui em camadas superpostas que formam o que sou hoje. Não há limites à expansão.
LEIA TAMBÉM: Todas as colunas de Luiz Alberto Mendes
Créditos
Imagem principal: Trëma