A tecnologia que vai mudar o mundo

Está florescendo uma novidade que pode mudar tudo o que conhecemos: governos, empresas, a sociedade, as nossas vidas e a própria internet

por Ronaldo Lemos em

É tão interessante viver neste momento da história, um momento de mudanças tão rápidas e profundas. Há 20 anos, a internet era um conceito desconhecido para a maioria absoluta do planeta. Se alguém falasse em 1995 que carregaríamos a internet no bolso em aparelhos chamados smartphones dali a 20 anos, ouviria um desinteressado “ahã” e a confirmação de que a pessoa falando isso estava maluca ou simplesmente “zoando”.

Pois bem, está na hora de ser maluco- zoeira novamente. Está florescendo uma nova tecnologia que pode mudar tudo o que conhecemos hoje: governos, empresas, a sociedade, as nossas vidas e a própria internet.

Essa tecnologia atende pelo nome nada atraente de blockchain (que pode ser traduzido por “corrente de blocos”). Trata-se de uma evolução construída em cima da própria internet (e que não se confunde com ela). Sua mais recente evolução é uma plataforma chamada Ethereum. Se o projeto decolar, surgirá no planeta pela primeira vez uma rede descentralizada, capaz de tomar decisões de forma autônoma e rodar “aplicações” sem que seja preciso haver uma pessoa, empresa ou até mesmo um computador específico por trás daquela operação.

Não entendeu nada? Então pense na famosa Skynet dos filmes O exterminador do futuro. Ela é capaz de tomar decisões e controlar um exército de robôs (e de fábricas, de processos industriais, de logística e assim por diante) sem a intervenção de nenhum ser humano.

O Ethereum se propõe a fazer exatamente isso. A internet transforma-se, ela mesma, em um gigantesco computador capaz de executar operações autonomamente. Imagine, por exemplo, as empresas que oferecem aplicativos para chamar táxi ou outras modalidades de transporte urbano individual. Hoje essas funcionalidades são operadas por empresas, que constroem aplicativos e supervisionam seu funcionamento. 

SERVIÇOS DO FUTURO

Com o avançar do Ethereum, esse tipo de funcionalidade pode tornar-se meramente uma funcionalidade da própria rede. Em outras palavras, os aplicativos para transporte individual nas cidades não precisarão de uma empresa por trás deles. Alguém irá programar a própria internet para realizar essa operação (por exemplo, identificar táxis que estejam nas proximidades e conectá-los com passageiros que estejam precisando de um naquele momento).

Uma vez que essa funcionalidade passa a existir na rede do Ethereum, ela é imparável. Sempre que alguém pedir um táxi (ou outro serviço) por meio dela, ela executará a função. Não haverá governo, protestos, juízes, exércitos ou oficiais de Justiça que serão capazes de fazer aquela funcionalidade parar de funcionar. Para “desligá-la” só haverá um único jeito: desligar a própria internet como um todo. Se sobrar nem que seja um pedaço dela, a funcionalidade continuará em operação.

Com isso, prepare-se para a chegada da nova geração de serviços do futuro. Eles não precisam de nenhuma empresa para serem operados. Serão embarcados na própria internet. E poderão incluir desde mecanismos incríveis para melhorar a vida das pessoas até aplicações selvagens, capazes de produzir danos em quem cruzar seu caminho. O que vai acontecer exatamente ninguém sabe. E, claro, você pode ler este artigo e pensar “ahã”. Assim como nossos antepassados teriam pensado 20 anos atrás se falássemos sobre as mudanças que a internet traria para nossas vidas.


 *Ronaldo Lemos, 39, é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITSrio.org) e apresenta o programa Navegador na Globonews. Seu Twitter é @lemos_ronaldo 


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