A gente se via por aqui
Rogério Gallo, Marcelo Tas e Maurício Stycer discutem o futuro da televisão
Houve um tempo em que tínhamos compromissos marcados com a TV: na hora da novela, do telejornal, da final do campeonato, de uma estreia aguardada ou de transmissões em rede nacional, milhões de pessoas sentavam ao mesmo tempo em frente às telas. Essa época passou: hoje, diante da possibilidade de ver o que quiser, na hora que quiser (no computador), o telespectador virou um ser difícil de capturar, e as emissoras, embora ainda contem com faturamentos comerciais robustos, penam pra se ajustar a uma realidade complexa. As próximas páginas trazem um debate sobre essa nova ordem, com a participação de três figuras que sabem do assunto: Marcelo Tas, que em outras eras televisivas foi o intérprete do repórter cômico Ernesto Varela e há seis anos é o apresentador-mor do CQC, na Band; Rogério Gallo, um dos responsáveis pelo lançamento da MTV no Brasil, em 1990, e hoje vice-presidente dos canais de filmes e séries da Turner (TNT, Warner, Space, TBS Muitodivertido e TCM). Mediando o encontro, o crítico de TV do Uol, Maurício Stycer. A conversa aconteceu em São Paulo e passou por índices de audiência, publicidade, importação de formatos, diversidade (ou falta dela), conteúdo popular, internet... E tudo que cerca essa nova revolução. Ainda em curso.
Maurício Stycer. O mercado de televisão está num momento de grande transformação. Eu diria que a própria palavra televisão tem novos significados. Como vocês imaginam o cenário daqui a cinco anos?
Marcelo Tas. Se você tirar a palavra televisão, pode dizer que o mercado dos jornais está [sofrendo essa transformação], o mercado dos sabonetes, qualquer mercado. Não é da televisão. Há uma transformação gigantesca nas pessoas e na maneira como elas usam tudo que já usaram até hoje, inclusive a televisão.
Quem está sofrendo uma transformação é a comunicação, e isso impacta os negócios, o casamento, os namoros. A televisão está no meio desse terremoto, e ela é um ser que se recusa a olhar para essa mudança. Por uma razão muito simples: ela é broadcast, só transmite, nunca se preocupou em receber nada.
Rogério Gallo. Eu diria que o que está mudando e certamente vai mudar dramaticamente nos próximos anos é a maneira como as pessoas consomem televisão. Hoje são tantas telas, tantas outras possibilidades de acessar um conteúdo com o qual antigamente você era obrigado a marcar um compromisso, estar num determinado horário diante de uma determinada tela para consumir... Não sei se é tanto o veículo que muda, mas é essa liberdade de você poder consumir em qualquer lugar, em qualquer
tela. Essa é a revolução.
Stycer. Apesar desse movimento, a TV aberta concentra ainda hoje 70% de toda publicidade investida em mídia no Brasil. O que esses números dizem sobre o estado do mercado hoje?
Gallo. O mercado publicitário tende a ser conservador. Você vê movimentos pontuais de ousadia, mas os grandes investimentos, os grandes anunciantes, se comprometem com o que é mais certo, a televisão aberta. Não é que exista uma queda de audiência, existe uma pulverização da audiência. Então a gente – quem faz TV, consome, quem anuncia – vai ter que buscar maneiras de se relacionar com esse público de maneira mais pulverizada.
Tas. Concordo muito com o Gallo, o mercado é conservador, joga na defesa, mas os tempos não são de jogar na defesa. A gente quer ousadia. Tem anunciantes que querem atingir os jovens e já me falaram de uma fórmula interessante, que é o 20 – 60 – 20: eles jogam 20% do budget no conservador, 60 no absolutamente trivial, no que estão acostumados, e 20 no ultraousado. E veem o resultado. E é fascinante o quanto programas que aparentemente têm pouca audiência atingem tanta gente. Por que o Ibope tem que liderar? A regra é sempre o Ibope? A regra está errada. Esses 70% [de publicidade investida] estão usando uma régua errada.
“O mercado é conservador, joga na defesa, mas os tempos não são de jogar na defesa. A gente quer ousadia” (Tas)
Gallo. E há coisas que não se medem. Eu estava comentando o lançamento de Gotham, que estreou nos EUA. Os números são impressionantes, mas estava no The New York Times: “A série foi vista por X milhões de pessoas, a outra foi vista por X milhões de pessoas, mas certamente esses números aumentariam muito se estivéssemos medindo as pessoas que viram pelo DVR gravado”. Ainda estamos presos a determinados números, mais instantâneos. Mas nessas medições, ainda mais na ficção, é importantíssima a massa de audiência que consome isso como produto gravado.
Tas. Veja bem, não estou aqui desmerecendo o Ibope ou qualquer instituto. Eles mesmos reconhecem a dificuldade que têm de acompanhar a mudança. O que eu estou alertando é que nós, que antigamente ficávamos só falando de números de Ibope, precisamos entender que isso não é mais tão relevante.
Stycer. Um exemplo de ousadia que é comum falar é o Porta dos Fundos. Vocês acham que ele representa o início de um novo modelo de produção e programação?
Gallo. Eu acho que ele é mais um sinal de um tipo de consumo que mudou. Eu tenho uma filha de 17 anos e pra ela não existe a televisão linear, ela consome os conteúdos na hora em que ela quer. Não importa se é no YouTube ou se é gravando. O Porta dos Fundos, pelo modelo, pelo formato, pela duração e pelo jeito que o produto é distribuído, está em sintonia com essa nova maneira que esse público tem de consumir conteúdo.
Tas. Uma coisa que me intriga no Porta dos Fundos – do qual sou fã, acho bárbaro, é bastante relevante – é que eles estão agora em busca de um modelo de negócio. Eles não conseguiram resolver uma coisa que é fundamental. Me chama a atenção que, apesar do enorme sucesso, de eles acabarem de comemorar 1 bilhão de views, todos tenham contratos com outros veículos.
Gallo. E vários produtos de internet sofrem desse mal, né?
Tas. Não foi criado um modelo de negócio. Eu cheguei a fazer essa provocação pra eles e para aquele garoto, bastante combativo no YouTube, o Felipe Netto. Eu falei pro Felipe: “Cara, vocês continuam sem modelo de negócio’’. E ele, que é um empresário agora, tem uma empresa gigante, falou: “Nós não temos, como você, um patrão que é o dono da emissora. Eu faço o que eu quero’’. Eu falei: “Felipe, você trabalha para a maior agência de publicidade do mundo, que se chama Google, que é o dono do YouTube. Você não pode falar o que quer no YouTube. Se você colocar uma música da qual você não é dono, tem um robô que na hora te corta. Você é de um patrão’’. Eu acho que talvez falte essa consciência. Eu acho bárbaro criadores dentro do YouTube, mas é legal entender que a gente precisa preservar nossa autoria, criando um modelo de negócio
Gallo. É tudo tão novo, é natural que ainda não tenha um modelo. Os modelos de negócios são conservadores, então é evidente que tem um delay pro mercado entender e pra quem está produzindo entender como monetizar. Agora, uma coisa inegável é que quando você consegue repercussão e consegue reverberar o que você está fazendo... O Porta dos Fundos é um exemplo disso. Eles fazem sucesso, são supertalentosos, vão encontrar o modelo de negócio deles. Eu acho que eles são vítimas do próprio pioneirismo. Todo pioneiro sofre um pouco porque está abrindo o mato com facão.
Stycer. Voltando ao velho mundo, o Jornal Nacional anunciou a troca de apresentadora. Qual a importância dessa notícia?
Tas. Pra mim não é importante.
Gallo. Acho totalmente irrelevante.
Stycer. Deixa eu explicar por que fiz essa pergunta: porque se discutiu muito esse assunto na mídia. Parece que é muito importante.
Tas. Mas tem vários assuntos irrelevantes sendo discutidos na mídia o tempo inteiro! O Big Brother Brasil, as pessoas discutem isso o tempo inteiro!
Gallo. Eu acho irrelevante. Num primeiro momento eu não entendi, até porque acho a Patrícia Poeta uma boa apresentadora. Mas li uma coisa que fez sentido: aparentemente a cúpula da TV Globo avaliou a performance da Patrícia durante a entrevista com os presidenciáveis e, realmente, convenhamos, não é o que você espera de uma apresentadora do maior telejornal do país.
Tas. Uma coisa bacana é que os telejornais antes eram intocáveis, não mudavam. O Cid Moreira parecia que ia ficar lá pra sempre. Acho legal um telejornal que tenha uma dinâmica de troca de apresentadores. Pra mim o Jornal Nacional faz bem de ser um rolling stone, de estar vivo, mudando. Ponto pra eles. O que sinto falta é de uma atualização de linguagem. Essa busca, eu não vejo. Comecei na televisão fazendo o [Ernesto] Varela, um repórter ficcional. Porque a gente achava que o telejornalismo era muito quadrado. E
ainda é do mesmo jeito. Eu admiro os telejornais, é ao que eu mais assisto, mas não me sinto mais obrigado a ver telejornal porque eu posso só ouvir. A linguagem não evoluiu.
Gallo. Tem coisas sendo feitas. No começo dos anos 90, quanto custavam uma câmera e uma ilha de edição? Era um negócio ao qual só um grupo poderoso podia ter acesso. Hoje você tem essa portabilidade, o acesso.
Stycer. Permite muito mais ousadia.
Tas. Que é bom lembrar que tem gente fazendo. O programa do Caco Barcellos é uma linguagem dessa. O correspondente da GloboNews em Brasília faz com o celular e fura às vezes... Ele consegue conversar com o Joaquim Barbosa porque está entrevistando com o celular. Como é que chama aquele que entrevistou o papa?
Stycer. Gerson Camarotti.
Tas. Eu acho bárbaro o caminho que ele seguiu.
Stycer. Um assunto interessante é esse mercado que existe de formatos prontos. CQC é um caso de formato, de fato original, desenvolvido no exterior. Mas tem muita coisa boba e banal que chega ao Brasil como se fosse novidade. Isso não inibe uma produção nacional?
Tas. Com todas as letras: isso revela uma falta de ousadia da TV brasileira. Nossa ambição deveria ser vendermos o formato. A gente não precisava ter comprado o CQC [risos]. Porque é um tipo de coisa que a gente já faz aqui há muito tempo. Fico superfeliz de ser âncora do CQC, porque, se eu falasse para uma emissora aberta que eu queria fazer um programa tipo repórter Ernesto Varela, solto por Brasília, e eu ao vivo falando tudo que eu penso sobre aquela reportagem, ninguém ia bancar. O CQC é um formato superousado, mas já foi testado, aprovado, inclusive comercialmente, então “ok, vamos fazer no Brasil”.
“A gente tem que ter uma visão menos preconceituosa. Não precisa só tocar música erudita e só passar filme do Fellini. É bom que exista uma variedade” (Gallo)
Gallo. No momento em que tudo representa um investimento tão grande, eu não sou contra comprar formatos. Pelo contrário, acho que temos obrigação de estar antenados e sacar.
Tas. Não, não. A gente tem obrigação de criar coisas legais para competir.
Gallo. Mas também temos obrigação de perceber uma coisa incrível que está funcionando em Israel e falar: “Peraí, eu vou fazer isso aqui’’. O problema é que nem tudo dá certo. Aliás, pelo contrário, a maioria dá errado.
Tas. Legal falar disso... Adaptação cultural é o xis da questão. Não conheço nenhum formato que deu certo no Brasil feito exatamente como no exterior. Se você pegar do Big Brother até o CQC, o jeito que é feito aqui é totalmente diferente, tem outra pegada e até outro público. No caso do CQC, eu acabei um dia falando “o programa da família brasileira” porque a gente fala para uma faixa que não estava prevista no projeto. Na Argentina é um programa só de jovem, só de porrada. Aqui é da criança ao vovô que assiste.
Stycer. Fico pensando nesses concursos musicais. Os últimos cinco são idênticos, cada um com um nome.
Com exceção daquele Superstar. Os outros são todos iguais.
Gallo. Que, vamos combinar, são bem parecidos com o velho Silvio Santos da nossa infância. Qual a diferença pro Show de calouros?
Tas. O “Porta da Esperança” poderia ser vendido hoje!
Gallo. Aracy de Almeida, alguém superou como jurada de show de calouro? Acho que não, né?
Tas. Elke Maravilha, Pedro de Lara...
Stycer. Uma provocação sobre o mercado de TV paga: há cada vez mais filmes e séries dubladas em vez de legendadas, programas de humor popular, parecidos com o Zorra total. O crescimento da base de assinantes da TV paga está produzindo um rebaixamento da qualidade da programação?
Gallo. O Brasil tem apenas 30% de penetração de TV paga. Estamos falando de quase 20 milhões de assinantes com 33% de penetração, ou seja, é muito pouco. A Argentina tem 80%, o México tem 70%. Onde esse mercado vai crescer aqui? Esse mercado vai crescer com a classe C tendo acesso à televisão paga. Então, acho que isso é uma conquista, não um defeito. A gente está dando acesso a um grupo que não tinha acesso a um determinado tipo de informação, de canal. Então é natural que tudo se pluralize. A gente tem que ter uma visão menos preconceituosa. Não precisa só tocar música erudita e só passar filme do Fellini. É bom que exista uma variedade.
Tas. A TV Cultura, nos anos 90, atingiu todo espectro social com as séries infantis de qualidade. O pequeno segredo era qualidade. E na TV por assinatura também. Achar que a classe baixa quer ver coisa malfeita é um mau negócio. E achar que a classe alta só vê coisas sofisticadas... [Risos.] Saíram umas pesquisas mostrando que o Ratinho é muito visto pela classe A.
Gallo. Também não vamos nos esquecer do aspecto circo. A gente não pode ser tão chato e exigir que a televisão o tempo inteiro cumpra uma função. Tenho orgulho de ter feito um canal de arte [o Arte 1], mas em alguns momentos pendurar o cérebro faz parte, e a televisão também tem essa função de entreter de uma maneira despretensiosa. No Jornal Nacional seria um problema, mas em determinados gêneros cabem brincadeiras. Senão tudo fica muito chato.
Stycer. Vocês acham que em algum momento a grade da Globo vai exibir seriados no lugar de novelas?
Tas. Acho que já tá fazendo isso. O rebu foi um seriado. E mesmo as novelas já tentam ter uma marca de seriado. Até visual, fotografia, edição, trilha sonora. O telespectador está nesse nível de sofisticação.
Gallo. É um fenômeno latinoamericano. Acontece na Venezuela, na Colômbia, no México. Acho que a relação que o brasileiro tem com a novela não vai ser substituída pela série. Acho que é mais isso que o Tas falou: as novelas passaram a sofrer uma contaminação positiva, em termos de produção, de linha narrativa. Mas no Brasil e na América Latina acho que esse gênero jamais estará fora da TV.
Tas. O difícil é que é como no futebol: a gente quer que a seleção brasileira ganhe todas. Não dá para toda novela ser Roque Santeiro. Recentemente, o que me impactou mesmo foi esse inegável fenômeno Avenida Brasil.
“A televisão é a rainha da interrupção. 'No próximo bloco', 'na próxima temporada', 'não saia daí'. O telespectador não quer mais interrupção e é preciso entender isso urgentemente” (Tas)
Gallo. Incrível! Acabou de explodir na Argentina.
Tas. É um escândalo. A linguagem, a direção, os atores, a temática.
Stycer. Vocês acham que o Brasil vai ter capacidade de produzir séries com a qualidade de Sopranos ou Breaking bad?
Gallo. Ah, sim. A gente está nesse caminho. Estamos começando a explorar o gênero, existe todo um movimento de mercado, as cotas [para produções nacionais], os investimentos. As produções sempre foram realizadas dentro das próprias emissoras, um fenômeno totalmente brasileiro que fez com que não tenhamos um mercado. Argentina e Israel, mercados infinitamente menores que o nosso, do ponto de vista criativo e de produção, estão dez, 20 anos na nossa frente. Viramos escravos de um modelo, porque obviamente uma emissora quando monta uma fábrica com 12 estúdios tem que fazer funcionar. E aí ninguém consegue fazer fora, com um preço compatível com o que se faz dentro da televisão.
Tas. Diversidade: é disso que eu acho importante a gente falar. A gente precisa criar um ecossistema, com todo tipo de animais, pequenos, médios, grandes. Eu amo o exemplo do Netflix. Quem entendeu o Netflix entende o mundo contemporâneo. O Netflix é a videolocadora, e hoje ela cria obras excelentes como House of Cards.
Gallo. O que acontece hoje é que o mercado brasileiro injetou um dinheiro novo, gerou uma demanda nova, mas a gente não está gerando profi ssionais na mesma escala. A indústria, as produtoras, o governo precisam drenar uma parte dos recursos para a formação de profissionais. Não é só roteirista; é técnico de câmera, de iluminação, diretores.
Tas. Já existe uma escola técnica de alta qualidade de profissionais brasileiros. O que não há é o ecossistema de produção audiovisual, que ainda é tímido e muito em cima de produtoras famosas. A gente precisa diversificar isso, como fez a Argentina. E errar. É importante errar. Sabe o mantra do Facebook? Fail hard. Falhe redondamente, mas me traga uma ideia ousada.
Stycer. Tem a questão da interação. Já há alguns anos, com a internet dando novos passos e os reality shows invadindo a programação, muita gente previu uma revolução que seria protagonizada pelo telespectador. Ele passaria a dar as cartas na programação. Isso aconteceu?
Tas. Vivemos a era da não interrupção. A televisão é a rainha da interrupção... “no próximo bloco”, “na próxima temporada’’, “não saia daí, o Top 5 hoje está maravilhoso’’ [risos]. O telespectador não quer mais interrupção, e a televisão precisa entender isso urgentemente. A mudança foi lá do outro lado, com o telespectador.
Stycer. Mas não é aquela coisa do amigo internauta, a mensagem do Twitter que aparece...
Gallo. Isso é quase pueril, uma maneira incipiente de tentar rotular o que seria essa participação. Essas besteirinhas são da Idade da Pedra da interatividade. Hoje o público já está dando as cartas à medida
que pode consumir o conteúdo sem ser escravo de uma grade de programação.
Tas. Eu tenho filhos de muitas idades. Eles assistem à internet na TV em HD. Às vezes eu nem percebo que ele está vendo internet. O telefone dele, ele vê na TV. O conteúdo que ele salvou. O telespectador já é o programador. Como estamos no Brasil, um país muito desigual, com uma enorme faixa da população sem acesso real a internet, banda larga etc., demora um pouco mais. Mas o cara da periferia já sabe disso.
Gallo. Mesmo assim, sempre vai haver espaço pra uma coisa que a televisão pode oferecer, que é o sabor
da experiência coletiva. Coisas como esporte ou como aquele capítulo final que você desejou, isso é insubstituível mesmo nesse cenário de revolução. Tem um momento em que você quer ouvir todo mundo gritando na janela que foi gol. Acho que tem uma beleza nisso.