Ideias mudarão o mundo

Fórum internacional aponta uma nova mentalidade, voltada para uma sociedade sustentável

por Redação em

 

 

Tia Dag, observada por Leonardo Boff, Mona Dorf, MV Bill e Marisa Orth

“A humanidade deve escolher: ou fazemos uma aliança global entre nós pra cuidar da vida e do planeta; ou enfrentamos a devastação da biodiversidade da vida na Terra.” As palavras de Leonardo Boff eram mesmo pra chocar. Professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Boff - que em 2001 recebeu o Right Livelihood Award, na Suécia, prêmio alternativo ao Nobel da Paz – embasbacava uma jovem plateia durante o Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, que aconteceu dias 19 e 20 de maio, no Rio de Janeiro.

A terceira edição do fórum foi inspirada na Carta da Terra, projeto do qual Boff participou e que foi iniciado pelas Nações Unidas, resultando numa declaração de princípios éticos para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.  O documento busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência e de responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar de toda a grande comunidade da vida no planeta e das futuras gerações. É uma proposta concreta de reorganização sócio-política e econômica em todo o mundo. E, durante o fórum, o público - formado em sua maioria por universitários - conheceu exemplos de pessoas e empresas que já começaram a agir conforme essa nova mentalidade.

Estavam lá Tia Dag, fundadora da Casa do Zezinho, pra contar sobre as conquistas e desafios de educar crianças e jovens da periferia da Zona Sul de São Paulo, onde atua há vinte anos. “Educar é colocar os cinco sentidos à prova, pois é preciso ouvir o que essas crianças têm a dizer, para então conquistá-las e renovar suas vidas”, afirmou Tia Dag, que já foi homenageada na primeira edição do Prêmio Trip Transformadores, em 2007. Ao seu lado MV Bill, nascido e criado em Cidade de Deus, no Rio, representava o hip hop como movimento de conscientização sobre a realidade das favelas e como crítica aos problemas sociais: “Quando conheci o hip hop, no final dos anos 80, percebi seu potencial como música da informação, como mensagem política. Aquilo foi uma luz na minha consciência.”

O fórum trouxe ao Brasil o ambientalista e empreendedor Rainer Nolvak, empresário da Estônia, protetor da natureza e presidente do conselho Nature Fund. Foi um dos organizadores do “Let´s Do It 2008”, uma ação cívica com 50.000 voluntários que praticaram a limpeza da Estônia em apenas um dia: “Uma cidade suja é muito mais cara que uma cidade limpa. Para você ter uma ideia, o governo da Estônia levaria três anos e gastaria cerca de 22,5 milhões de euros para limpar o país, coisa que fizemos em cinco horas. Esse valor poderia ser investido nas áreas de educação, saúde, transporte e cultura”, alerta Novak.

Com a vivacidade e o carisma de quem encontrou seu caminho de realização pessoal, Muhammad Yunus preenchia o auditório do fórum com uma energia zen e vibrante. Prêmio Nobel da Paz em 2006 e fundador do Grammen Bank, o banco dos pobres, o empresário indiano exerce papel importante pra erradicar a pobreza no mundo, elevando a renda na base da pirâmide social por meio do micro-crédito. Sua mente inventiva desenvolve o que chama de “projetos rentáveis de convergência social multidisciplinar”. Traduzindo: ele cria empresas com maior distribuição de renda, que formam uma rede de atuação, com programas de saúde, educação e preservação ambiental. “O atual sistema é movido pelo individualismo e precisamos criar negócios sociais, um sistema baseado no altruísmo”, disse Yunus, antes de completar: “Cada pessoa deve perceber dentro de si sua capacidade de encontrar soluções criativas para fazer as mudanças necessárias no mundo.”

**Conheça os princípios da Carta da Terra e os outros palestrantes no site do fórum que terminou em show de Mallu Magalhães, Seu Jorge, MV Bill, entre outros:

Vai lá: http://comunicacaoesustentabilidade.com/2010/

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