Paolla Oliveira: Sou muito mais do que imaginam

A atriz destrói rótulos, não tem medo de se posicionar e chega à nova novela das sete, “Cara e Coragem”, mais empoderada do que nunca

por Redação em

“Eu venho tentando abrir gavetas que ninguém sabe sobre mim. Primeiro eu era só a bonitinha, depois só a mocinha da novela, depois do Carnaval e um monte de outras coisas em que foram me enquadrando. A gente é muito além do que as pessoas imaginam”, diz Paolla Oliveira. Após ser definida e enquadrada tantas vezes, a atriz quer transcender os lugares em que o público e a crítica a colocaram por tanto tempo. Emplacando um trabalho de sucesso atrás do outro, a atriz chega à “Cara e Coragem”, novela das sete em que dá vida à personagem Pat, mais empoderada do que nunca.

Sobre a relação com Diogo Nogueira, ela conta: “É a primeira vez que eu me exponho assim. Acredito que não tem a ver com o casal, mas com amadurecimento. Acabei de fazer 40 anos e se você não cria um pouco de espaço para se mover com conforto na vida e para saber que tem coisas que quer mostrar, vai passar o tempo todo espremida pelo que as pessoas acham que você deve fazer”.

Outro lado que Paolla tem feito questão de mostrar é o seu posicionamento político. “Estamos em um momento em que ficar calada está errado. Esse governo tem posturas que ultrapassam o plano da política: a falta de respeito, a falta de humanidade, de consideração. São coisas que dizem respeito ao ser humano. É um caos instalado. Não é escolher um ou outro. A gente vai escolher o que não tiver ele”, diz.

Foi com esse espírito firme que Paolla Oliveira bateu um papo com o Trip FM. Durante o programa a atriz falou ainda sobre corpo, envelhecimento e a pressão por ser mãe. Leia um trecho abaixo ou confira o programa na íntegra no play aqui em cima, no Spotify ou no Deezer.

Trip. Você tem compartilhado a sua relação com o Diogo Nogueira de uma forma muito legal, mas eu sei que deve existir um lado ruim dessa exposição. Houve um planejamento antes de vocês deixarem as pessoas participarem desse casal?

Paolla Oliveira. É a primeira vez que eu me exponho assim. E, pelo o que eu conheço do Diogo, a primeira vez dele também. Eu acredito que não tem a ver com o casal, mas com amadurecimento. Eu acabei de fazer 40 anos; se você não cria um pouco de espaço para se mover com conforto na vida e saber que tem coisas que quer mostrar, vai passar o tempo todo espremida pelo que as pessoas acham que você deve fazer. O romance eu sempre guardei muito bem, achava que as pessoas podiam vuduzar, que era um lugar muito vulnerável. Mas aí me deparei com o Diogo Nogueira: como eu escondo ele? A vida pública tem um bônus e um ônus. A gente pensou em mostrar até onde achamos bacana. Tem algo que aprendi muito na pandemia: a gente precisa demonstrar afeto em momentos tão ásperos. Mas ainda acho que a discrição é uma arma muito importante na nossa profissão.

Na sociedade brasileira há uma ignorância de achar o corpo uma ferramenta estética apenas. No debate feminista existe um debate sobre o poder da sedução e da beleza do corpo. Eu queria que você falasse sobre isso, sobre como é ser e ter esse corpo como uma ferramenta do seu projeto de vida. As pessoas me perguntavam sobre ser sensual, sobre cenas de nudez, se isso não iria marcar o meu trabalho. Era tudo sempre em cima de um lado tão ruim que nunca tive tempo de respirar aliviada para falar: 'Caramba, qual é o problema de ser sensual e de usar a nossa sensualidade de várias maneiras?' A sensualidade está na gente, o ser humano é assim. A gente seduz em uma conversa, seduz os nossos amigos. As pessoas enxergam isso de uma maneira muito simples e eu gosto de olhar com abrangência. A Anitta, por exemplo, tem falado disso de um lugar muito mais alto, que é assim: Façam o que vocês quiserem, a potência está em como vocês querem mostrar a sua sexualidade. Com pouca roupa, com muita roupa, com celulite, sem celulite. Eu costumo ver o meu corpo como um elemento efetivo para o meu trabalho. Eu também já fui adolescente e tive uma cabeça um pouco mais suscetível às duvidas, mas hoje em dia não voltaria para lá. Se conhecer e ser mais segura de quem você é pode ser muito bom.

Recentemente você se abriu sobre uma questão importante que é o congelamento dos óvulos, suavizando essa pressão muito forte sofrida pelas mulheres de que é preciso ter filhos até uma certa altura da vida. É uma pena que o congelamento de óvulos não seja mais acessível: é uma libertação muito grande. Existem pressões de todos os lados e obviamente a gente precisa se posicionar e não aceitar essas pressões. Mas a pressão dos filhos tem tempo determinado e isso não tem muito a ver com os outros, mas sim com cada uma de nós. Quando eu falei disso, que é tão pessoal, falei que gostaria que fosse uma escolha e não uma impossibilidade. Seria muito legal se mais mulheres pudessem passar por isso, mas enquanto isso não acontece que possam valer os nossos desejos, que filho de maneira nenhuma seja uma pressão.

Créditos

Imagem principal: Fe Pinheiro

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